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- Miguel. Miguel. MIGUEL. - Laís grita, me acordando num pulo.

Como assim já acabou as aulas?

- Credo garota, sabe ser delicada não? - Espreguicei vendo ela fazer cara feia, logo peguei minha mochila.

- Tenho leves suspeitas que você seja surdo. - Me levantei em seguida e a segui até fora da sala.

- E talvez você seja uma brutamont...

- Não é o João ali? - Me cortou, apontando para um garoto alto, de costas parecia ele.

- Que? Não, o cabelo do meu João é um pouquinho maior, e ele não tem costume de vir aqui.

Continuamos andando e passamos por os garotos conversando. (o quê parecia João e outro com ele)

Senti duas mãos acompanhando meu quadril enquanto ando e já me subiu raiva.

- SAAI SOU DO JOÃO. - Chutei sem ver quem estava atrás e me virando, observei João com as mãos no saco e com uma cara nada boa.

- Eu gosto que você me ame mas porra. - Gemeu de dor querendo rir e fiquei vermelho, outras pessoas seguravam risada passando por nós, igual Laís.

- O quê.. O quê cê tá fazendo aqui? - Resmunguei segurando seu braço e se inclinou em minha direção, não demonstrando tanta dor quanto antes.

- Vamos jantar. - Beija minha testa e cumprimenta rapidinho Laís de um jeito fofo.

- Ah, era pra cê ter me avisado né? Não to com dinheiro aqui, só da passagem. - Começamos a andar e dei uma olhada para trás, agora olhando João desconfiado. - E quem era o cara q tu tava falando?

- Perguntei onde era sua sala, só que consequentemente começamos a conversar, sabe, sobre você, perguntou se eu estudava aqui e tal.. - Deu uma pausa e parece que lembra da minha primeira pergunta. - Ah, vamos jantar com minha mãe, não se preocupe com is..

- SUA MÃE? - Quase berrei e fiz uma cara nada boa. - Era realmente ter me avisado João, porra! Tô parecendo um mendigo.

- Verdade. - Laís fala antes de entrar no carro de um carinha e acenar para mim ironicamente, mostrei língua e ela me mandou um beijo, saindo dali.

- Você tá ótimo, deixa disso. - João fala e eu solto um riso nasal irônica.

- Falou o cara de camisa social elogiando um com uma camisa listrada, pelo amor de Deus né. - O empurrei de leve e ele ri. - Qual é João.. Bora passar rapidinho lá em casa, só pra eu trocar de roupa.

- Não, já disse, tá ótimo assim. Não sei por que sempre inventa de se arrumar todo pra ver minha família. - Paramos na parada de ônibus. Me sentei, enquanto ele ficava em pé olhando se vinha algum ônibus.

- Porque sim ué, sua família cheia de médicos caralho a quatro, e eu aqui ainda na faculdade, não tenho nada de "uou". Pelo menos pareço bonitinho o suficiente pra você..

- Ei. - Levantei meu olhar e João segurou minhas bochechas, não me deixando ao menos reclamar. - Para com isso. Suficiente pra mim? Tá doido? Já disse pra parar de se diminuir.

- Ah mas..

- Nem vem com essa de mais. - Falou um pouco mais sério e reviro os olhos. - Você é um "uou", só não enxerga isso em si mesmo, Miguel. - Deu um selinho demorado, como se quisesse me calar.

- Tá querendo me calar é? - Falei desafiando e ele me olha, soltando minhas bochechas e segurando uma risada.

- O ônibus. - Me ignorou e ri desacreditado, dando um chute nele enquanto dava sinal.

João e MiguelOnde histórias criam vida. Descubra agora