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Esses dias estou exausto de mim mesmo.

A época dos testes passaram e eu achei que iria ficar mais tranquilo. Porra nenhuma.

Comecei a prestar atenção demais em minha aparência, sabe? Analisando cada sarda, cada mancha em meu corpo, meu físico, na minha visão eu estava uma merda.

Acabei descontando em mim mesmo todo esse estresse. Comendo excessivamente, ficar no celular, um completo preguiçoso.

- Miguel. - Meu pai bate na porta e aparece apenas sua cabeça, julgando a bagunça em meu quarto e tirei os fones de ouvido, abaixando o capuz. - João.

Bocejei quando ele sai e coloquei o capuz devolta, com uma puta preguiça e so peguei uns pacotes de salgadinho, saquinhos de bombons e joguei no chão, tentando acertar no lixo do quarto.

- Depois ajeito. - Me espreguicei e João entra no quarto, me julgando que nem meu pai e apenas voltei a mexer no celular.

- Oi pra você também. - Fala num tom irônico e o olhei, sem expressão praticamente.

- Foi mal, a bagunça. - Cocei a nuca por baixo do capuz e levantei suspirando.

- Você tá horrível. - Ri em minha direção e dou uma risada forçada, droga, muito grosso.

João me olha desacreditado e balancei a cabeça.

- Aah desculpa denovo e denovo.. - Respondi meio de saco cheio e me abaixei para pegar os pacotinhos.

- O quê você tem Miguel? - Pergunta ficando sério e me para, segurando meu braço.

- Só to de saco cheio. Já namorou uma garota, não é? Sabe como é aquelas porra de TPM. Me imagine como uma delas agora, só que versão masculina. - O encarei de perto, falando tudo isso de um jeito cínico.

Ah, ainda tem o detalhe de, quando estou entediado, gosto de fuçar o insta, e nessa "brincadeira" vi tantas namoradas e namorados de João, porra..

Autoestima no lixo né.

- O quê.. - Me olha confuso e revira os olhos em seguida. - Chega, tá me agoniando. Escuta, vou arrumar seu quarto e quero você limpo. - Aponta pro banheiro.

Dou uma risada irônica e o olho com um pouquinho de raiva.

- Tá dando uma de pai agora? Eu já tenho um. - Peguei meu celular na cama, me afastando dele porém ele me pega no colo. - PORRA JOÃO.

- Não sou seu pai mas sou seu namorado porra, então dá pra me escutar e se cuidar ou ta com pau no ouvido? - Me levou a banheiro e eu dava tapas sem dó em sua costa.

- João me coloca no chão! - Falei puto e ele me desceu, trancando a porta do banheiro com nós dois dentro, cruzando os braços, fiz o mesmo. - Está me obrigando a fazer algo que eu não quero, posso te denunciar sabia?

- Me denunciar por cuidar de você? Ou por ser um namorado tão atencioso? - Fala de um jeito convencido e reviro os olhos. Ele desdobra os braços. - Vamos, tira o moletom.

- Eu. Não. Quero. - Passei dando de ombro com o dele, a fim de sair do banheiro porém ele me segura agora pelo quadril.

- Tá bom, então eu tiro. - Arregalei os olhos e segurei o moletom para baixo.

- Nem fudendo! Bora, abre essa merda João. - Fiquei vermelho e apontei para a porta, o mesmo me analisa de cima abaixo e eu desvio o olhar.

João fica em silêncio e abre a porta, respiro fundo e saio primeiro, porém o garoto é rápido, me pegando pelo braço e praticamente me jogando na cama.

- JOÃO O QUÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? - Me prendeu encima de mim e segurou meus braços, agora me deixando corado de vergonha. Arregaçou uma das minhas mangas, olhando meu pulso. - O-O quê..

Ouvi um suspiro de alívio vindo dele, talvez tivesse achado que eu estava me cortando.

- Por que.. - Cerra os olhos, me olhando com dúvida. - Por que está agindo como uma criança Miguel?

Não respondi, apenas virei o rosto e o observei abaixando a cabeça, decepcionado talvez..

Soltou meus braços porém não saiu de cima de mim. Se aproxima devagar de meu rosto e me virei à dele, consequentemente encarando sua boca.

João me beija primeiro e fechamos os olhos, como se aquela tensão toda fosse embora. Dei o segundo beijo, colocando minha mão em seu maxilar e paramos alguns minutos depois, agora sentados um ao lado do outro na cama.

-..Sinto muito. - Encostei minha cabeça em meus joelhos. Deus, que dor de cabeça. - Um.. Cara estava umas merdas sobre mim, isso se juntou com todos os trabalhos da faculdade que são um saco, não tive tempo pra você, não tive tempo para mim. Está..

- Horrível. - Falou comigo e virei um pouco minha visão para João, que em segundos deitou a cabeça sobre a minha, pegou minha mão, fazendo carinho nela. - Dias ruins existem, e você tem que aprender a lidar com eles, bê. Foda-se o quê falam de você, sua vida é apenas sua.

- Você.. Sabe que não é tão fácil. - Brinquei com seus dedos e suspirei.

- Mas você consegue. - Beija minha cabeça e solto um sorriso mínimo. - Posso te ajudar com os trabalhos, sabe disso. E não foque em mim, concentre-se em seus estudos, entendeu? Não crie um horário pra mim, eu venho qualquer hora e pronto, eu sei sua rotina.

- ..Você é tão perfeito. - Bufei e rimos juntos.

- Sou o mínimo para você, amor. - Passou a mão pelo meu cabelo e desceu até segurar sem força minha nuca, onde deslizou os dedos e e deu um beijo estalado em meus lábios. - Agora, ou toma banho ou me ajuda nessa bagunça.

Revirei os olhos fingindo indignação mas me levanto rindo.

- Entendi, banho. - Me rendo e levanto os braços nessa brincadeira, pegando uma toalha e indo em direção ao banheiro. - João.

- Fala. - Virou sua visão para mim, enquanto eu estava prestes a fechar a porta do banheiro e soltei um sorriso.

- Te amo, pra caralho.

Até o próximo capítulo da vida de João e Miguel !!

João e MiguelOnde histórias criam vida. Descubra agora