12

152 10 20
                                    

- Ainda tem um tempinho aí? - Insisti com um bico na cara e ouvi um suspiro frustado vindo de João, junto à sua carinha linda pelo facetime.

- Só uns minutos, bê. - Respondeu, travando um pouco na ligação. Me joguei para trás, dando de costas com a parede e todo jogado numa escada que raramente era usada.

- Eu tava pensando na gente sair, você anda tão ocupado.. - Fui dramático e ouvi sua risada gostosa do outro lado da linha.

- Aonde quer ir? - Olhei para a tela do celular e dei um sorrisinho com aquele sorriso lindo que ele deu.

- Hum.. A Tamara me convidou para ir pra uma balada hoje. Podemos ir juntos, que que cê acha? Se não chegar muito cansado daí do hospital..

- Faz tempo que não vou em uma. - fez "humm" pensando alto e estreitou os olhos, mas logo deu um leve sorriso para o celular. - Tudo bem, me manda a hora pra eu ir te buscar.

- Eu te amo tanto, vida! - Me animei e ouvi alguém fazendo shiu para mim pois eu estava perto de uma biblioteca daqui do curso e fiz careta com isso, mas não abalou minha empolgação. - Não precisa, vou buscar você aí no hospital e daqui vamos pra sua casa.

- Espera, você já está levando roupa com você? - Fala como se estivesse ofendido e dou risada.

- Sou preparado. - Dei um sorriso malandro e João riu. Abaixou o celular por uns segundos e voltou parecendo notar que o tempo passou.

- Eu preciso ir, Miguel.

- Tá bom. Me avisa quando acabar por aí. Amo você. - Dei tchau pelo celular e mandei beijo.

- Te amo, muito. - Fez um "muah" perto da tela e desligou. Dei um sorriso com isso e fiquei lá na escada por um tempinho.

É um sábado de tarde, João está fazendo um turno que não é dele, já que ele é extremamente gentil e não sabe recusar quando alguém pede para trocar de horário com ele.

E pra mim hoje eu sairia mais cedo, já que não era em tempo integral hoje por ser final de semana. Eu costumo correr para o hospital onde João trabalha mas hoje um enviado do cão resolveu dar uma aula extra e adiar o horário de almoço. Agora eu to passando fome e morrendo de saudade do meu João.

Mas pelo menos vamos sair hoje, finalmente.

[...]

- Parece que acabou de matar alguém. - Dramatizei vendo uns respingos na sua roupa enquanto entrávamos no apartamento de João.

- Não exagera, gato. Sou enfermeiro, não cirurgião. - Riu, beijando minha testa.

Assim que deixei minha mochila no chão, agarrei o meu garoto num abraço apertado que quase caiu para trás.

- Senti saudade. - Minha voz saiu abafada pois meu rosto estava todo no peito dele. Sua risada gostosa fez minha cabeça balançar um pouquinho.

- Eu também, demais. - Brincou com meu cabelo, me abraçando devolta. - Mas ainda bem que não foi hoje. Foi uma correria.

- Por que? - Me afastei dele enquanto fomos nos direcionando para o quarto e ele se espreguiçou.

- Não gostam de quando eu troco de horário com alguém. - Riu sem jeito.

- Brigaram com você por isso? - Me sentei, tirando os sapatos e as meias dos pés.

- É. - Tirou a camisa, indo direto pro banheiro.

- Mas também né João, você é muito bestão. Vai na lábia de todo mundo. - Fui apenas até a porta do banheiro, de braços cruzados, como se estivesse o repreendendo.

João e MiguelOnde histórias criam vida. Descubra agora