Capítulo 1 - "sim"

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Era verão. Um bem quente se comparado as duas últimas estações. A estrada levantava poeira, enquanto a caminhonete vermelha, com flores pintadas à mão cortava a grande plantação de cana. Não pertencia a família da jovem que dirigia o veículo, mas era uma de suas ambições.

Eduarda Karakaş era uma das herdeiras da única fazenda da região especializada em café. Poderiam expandir para outros ramos com suas terras tão férteis? Sim, mas a péssima administração de seu tio levou à ruína um grande império cafeeiro.

Tio Carlos era o filho do meio de sua avó Samira, irmão de seu pai Celso que era o mais velho e mais responsável, mas ele morreu junto com sua mãe Angela num acidente de carro. A tragédia abalou as emoções da grande Samira e quem assumiu os negócios foi o filho, mas ele infelizmente conseguiu apenas piorar tudo.

Samira não teve escolher a não ser expulsar o filho e tentar reerguer a fazenda junto com sua outra filha Leni. As duas fizeram o que puderam e conseguiram recolocar-se no mapa. Foi nesse momento que o sonho do hotel Fazenda Estrela nasceu. Quando Eduarda tinha sete anos de idade.

Desde, então, esse era seu sonho também. Por isso quando ela foi atender ao encontro com o investidor que daria a quantia para salvar a propriedade de ser levada embora na hipoteca. Ela até pensou duas vezes na proposta, mas o amor pela fazenda, a lealdade em cumprir o pedido derradeiro de sua avozinha. Fez Eduarda aceitar uma loucura.

Ninguém dever saber disso, faz parte do contrato, mas como iremos acompanhar essa história por dezesseis episódios. É honesto dizer que nós saberemos tudo.

Então, foi exatamente assim que Eduarda Karakaş se casou com Samuel Baran. Voltou para a fazenda após um mês, sem avisar ninguém de sua loucura e quase matou sua tia Leni do coração.

***

Um mês antes.

A reunião era na grande São Paulo, dentro de um prédio com mais de vinte e cinco andares. Eduarda passou os minutos até o último andar contando alucinadamente até cem. Ela tinha verdadeiro pavor de elevadores e não era claustrofobia, era medo exclusivamente de elevadores.

Eduarda estava determinada e nada nem ninguém poderia pará-la. Nem mesmo sua fobia. Essa era a sua chance. Ela estava até usando seu salto alto da Saint Laurent. Sua calça preta e camisa vermelha. Seu blazer sóbrio de empresária milionária.

Ela teve que colocar para lavar porque estavam guardados a muito tempo? Sim. Mas quem a visse assim, jamais poderia imaginar que aquela era uma mulher de fazenda.

Ninguém poderia supor que dois dias antes ela tinha ajudado no parto de uma porca de 250kg. Ou que sua conta bancária estava vermelha. Sua propriedade à beira de ser arrendada pelo banco. Ela estava quase falida, mas a aparência não dizia isso.

Para qualquer um que a visse naquele escritório, ela era alguma notória business Woman. Um truque que aprendeu com sua avó. As aparências realmente fazem toda a diferença. Você pode estar na pior das situações, mas não pode dar gosto ao cão de te ver para baixo. Era o que ela dizia.

Eduarda não esperou quase nada na sala de espera. Logo a chamaram e Eduarda entrou no escritório amadeirado de seu futuro investidor. Ele também era turco e a saudou em sua língua materna.

— Merhaba, srta. Karakaş.

— Merhaba, sr. Baran. – Eles trocaram um aperto de mão.

— Por favor, sente-se. Aceita um café turco? Minha secretária faz um que eu realmente sou apaixonado. Você vai gostar. – Ela aceitou, embora não fosse seu favorito. Eles faziam café na sua fazenda, mas ela nunca se acostumou ao jeito turco de tomar café. Embora a avó adorasse.

Eu Não Devia Amar Você [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora