Capítulo 12 - A dança do Amor

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Eduarda passou a cavalgada inteira de olhos vendados, sem saber para onde seu esposo e seu cavalo a levariam. Ela achou que era alguma maluquice de Sam. E como já estava ficando acostumada não fez nada além de rir e se deixar levar por esse momento.

Sam não era um marido convencional. Embora, a ela não fosse tão terrível ter um companheiro mais caseiro, menos tão cheio de marmotas e invenções. Sam tinha um prazer imenso em ser fora da curva. Em fazer tudo que não se esperava de um marido comum.

Ele sempre dizia que não sabia nada dos assuntos de casamento e que conforme o negócio ia avançando ele ia aprendendo. Sam não precisava de um manual, ele parecia fazer as coisas melhor do que a encomenda. Havia, porém, algo em seu marido que ela se perguntava constantemente, se um dia iria mudar.

O jeito de Sam era muito moleque. Ele adorava fazer pirraça, como quando fez biquinho e bateu o pé no chão. Só porque Eduarda disse que não queria ser vendada. Ela achou divertido o jeito dele, e sabia que não passava de uma atuação meia boca.

Sam era mesmo um homem e tanto, principalmente quando ninguém estava vendo. Outro dia, ele a surpreendeu na cavalariça e aos beijos a fez se perder no seu senso ético de não mistura trabalho com amor. Sem falar de sua atitude tão maravilhosa de ficar ao lado dela e ajuda-la em tudo que precisava para vencer os empecilhos causados por seu irmão.

Sam era um homem como poucos.

Quando ela desceu do cavalo ele, a guiou por alguns passos, depois finalmente liberou-a da venda. Eduarda olhou ao redor completamente desacreditada.

— Isso aqui é...

— Sim. Eu estive reformando secretamente nesses últimos meses. Essa é a cabana que seu avô fez para descansar quando eles iam caçar no mato. Foi um pouco difícil trazer os materiais para cá, devido a colina que é íngreme, mas um dos peões achou um caminho alternativo e facilitou a rota. É um pouco mais longo como você deve ter percebido, mas muito mais fácil de subir com peso.

— Quem te falou que essa era uma cabana de caça? – Eduarda andou pelo redor da casa de dois cômodos feitas de madeira pintadas de branco e azul.

— Foi sua tia Leni. – Eduarda sorriu e colocou as mãos na cintura.

— É a cara dela fazer essas coisas.

— O que foi? Por que está rindo? – Ele mal podia conter o sorriso de ver o quanto ela estava encantada com a casa.

— Essa cabana não era para descansar de caça. Meu avô tinha uma mira terrível, era a vovó que caçava. E como ela tinha muito receio das noites da floresta ela só caçava de manhã.

— Então, essa casa era para que? – Ela só inclinou o rosto sorrindo de lado. – Ah! Nossa, mas seus avós eram muito safados.

— Tudo culpa do vinho. Era o que dizia a vovó. Mas o vinho salvou seu casamento e lhe deu seus filhos. – Sam apertou os olhos sem entender. – Amor, o vovô não era muito empolgado para os assuntos do amor. Ele era muito frio, muito arredio e tinha um humor terrível. Embora, fosse claro que o tempo ajudou que ele a amasse. Ele não a procurava com constância.

— Como a pessoa pode amar alguém e não se, quer dizer, como era possível?

Eles continuaram a andar ao redor da casa e Eduarda o explicou.

— Vovô era bem mais novo que a vovó e muito inexperiente. Sem falar que ele saiu de um seminário obrigado para casar com a minha avó. O pai não queria que ele fosse padre. É curioso como as coisas são. Ele não gostava no começo da minha avó, mas acabou se afeiçoando de alguma maneira. Demorou quase um mês para que consumassem o casamento. Um ano para que finalmente nascesse o primeiro filho e veio com o vinho. A vovó queria ter filhos e como ele não a procurava...ela teve que usar algum método. Foi que ela conheceu o vinho, eles beberam uma noite e depois disso...bom, você já imagina. Meu avô ficou tão apaixonado que fez essa casa para os dois, porque ela implicava com o desejo latente dele, tipo a qualquer hora do dia.

Eu Não Devia Amar Você [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora