Capítulo 2 - Quarto ao lado

214 31 9
                                    

A casa tinha mais de cem anos, foi feita de pau a pique. Suas salas, corredores e pátios eram enormes. Ele nunca tinha visto algo assim. Cresceu em uma mansão, com móveis modernos e uma vida mais agitada. Nunca pensou se ver numa festa de interior com dois homens no violão cantando sertanejo.

Quando ela disse festa, Sam pensou que era algo como ele conhecia. Bebidas, danças e petiscos. Ele não pensava que os moveis seriam arrastados para as paredes e ia ter mais gente dançando que sentadas ou comendo. Ele não tinha roupa de cowboy, só suas calças pretas justas e suas camisas de banda de rock.

Ajeitou as pulseiras no braço, checou a hora no relógio e pensou consigo que tinha que aparecer no salão com ela ao seu lado. Por isso não saiu do corredor e ficou atrás da porta espiando de longe. Não conhecia ninguém ali, teria que ser muito simpático, porque a sua "esposa" não parecia querer colaborar.

Por falar nela...

O toc toc das botas marrons da mulher ecoaram no chão de madeira do corredor. Sam enfiou as mãos no bolso e admirou-a da cabeça aos pés. Ela usava um vestido preto justo ao seu corpo tão bonito. Sam salivou de expectativa por começar o fingimento. Ele ia se esforçar ao máximo. Todos iriam acreditar no amor dos dois.

— O que está olhando? – Eduarda bancou a arrogante porque o olhar dele mexeu com ela. Era sempre assim, se tornou especialista em afugentar todos os homens.

— Seu corpo. E pensei que sem roupa você seria um espetáculo. – Eduarda ficou surpresa com a resposta dele. Isso não era adequado a se dizer. Ele é louco? Ela não teve tempo de responde-lo. Tia Leni apareceu na frente dos dois.

— Olá, acho que não fomos apresentados formalmente. Me chamo Leni. – Eles trocaram um aperto de mão. – Espero que minha sobrinha tenha falado com você.

—Sim, já sei exatamente o que fazer nessa linda festa. – Ele respondeu com um sorriso largo e charmoso. Tia Leni se sentiu um tanto quanto desconfortável. Ele passou na frente e foi em direção da mesa onde tinham os petiscos.

— Ele é bem... – Tia Leni observou bem o rapaz. Usando uma roupa mais interessante até que ele não ficava tão esquisito. Estava longe de ser o ideal, mas ele não era de todo ruim.

— O que tia? – Melissa se aproximou dele e os dois começaram a conversar e rir. Eles se deram bem de primeira.

— Ele é bonito e simpático, não podemos negar. Tem certeza que ele tem ficha na polícia? – Tia Leni não podia crer. As aparências enganam mesmo.

— Sim. – Eduarda cruzou os braços. A familiaridade instantânea de Melissa e Sam, a incomodou. – Tia vamos cumprimentar as pessoas porque acho que ele não vai fazer isso.

— Não tem porque, ele não conhece ninguém. Você que precisa apresenta-los aos nossos vizinhos. – Eduarda sentiu o chão se abrir sob os pés. Ela teria que fazer isso?

Foi uma tarefa custosa, mas ela conseguiu. Pegou no braço de Sam e o levou de canto em canto para apresentar aos amigos e vizinhos. Seu Custódio ficou abismado com o casamento repentino. Ele era de uma família tradicionalíssima.

Isso que os mais jovens faziam de namorar e morar juntos era uma coisa absurda para ele. Sam, porém, educado para total surpresa de Eduarda explicou.

— Senhor, ela e eu estamos casados. Veja as alianças em nossos dedos. – Ele mostrou as mãos dos dois. – Além do mais, eu sou um homem de decisões firmes. Eu não gosto de deixar para amanhã as decisões que posso tomar hoje. Quando a vi, meu coração disparou descompassado.

— Meu deus que coisa linda, Custódio. – Dona Gertrudes, esposa dele, respondeu encantada. Até Eduarda se impressionou com a sensação genuína dentro dessa mentira.

Eu Não Devia Amar Você [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora