Seis

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— E aí a Marília entrou bem na hora que eu estava prestes a gozar — Maraisa contava enquanto todas os pares de olhos do quarto estavam sobre ela, exceto os de Marília, que estavam tentando se focar em um livro. — Meu sapato só não voou na cara dela porque eu estava sem.

— Ah, gente, é horrível não conseguir gozar — Luísa disse abraçando Maraisa, que tinha seu corpo escorado no de sua namorada.

Marília não entendia como algumas garotas tinham a intimidade de falar sobre essas coisas tão naturalmente com outras garotas que acabavam de conhecer. Ela não tocava nesse assunto nem com anos de intimidade, se sentia embaraçada e isso era algo íntimo demais para ser compartilhado, pensava.

— Nem me fale, mas vocês pelos menos tem com quem transar — Lauana disse rindo. — Às vezes tento me ajudar sozinha, mas não é a mesma coisa — Marília entortou a face; sua irmã Lauana já tinha trinta e um anos, no entanto a loira achava um absurdo ter que ouvir esse tipo de coisas dela.

— E aquelas madrugadas onde o tesão chega do nada... — A voz fina de Maiara chamou a atenção de Marília, tendo seus olhos desviados do livro disfarçadamente. — E você está sozinha e não tem ninguém para transar? Horrível — Marília concordou mentalmente. — Do nada sobe o calor e o arrepio pela espinha e, ou você dorme com tesão ou se toca — a loira tentou vetar de sua mente a imagem de Maiara nua se tocando, mas foi impossível.

— A quanto tempo não transam? — Maraisa perguntou rindo.

— Uns seis meses — Lauana disse frustrada.

— Está melhor do que eu, não transo há cerca de um ano — Maiara disse bufando.

— Bom seria ter sempre alguém para nos ajudar nessas horas — Lauana brincou, soltando uma risadinha sapeca.

— Seria muito bom mesmo — Maiara respirou fundo, jogando seu corpo na cama. Seus olhos encontraram os de Marília e a loira não desviou o olhar. — Seria mais do que bom — Maiara finalizou com um tom de voz levemente rouco, com um sorriso provocante nos lábios e com uma de suas sobrancelhas alçada.

Marília paralisou no lugar e perdeu o alento, desviando os olhos de forma desesperada para o livro novamente. Maiara riu baixinho e suas suspeitas foram confirmadas, a loira realmente gostava de garotas e, mesmo tentando esconder, a mais nova tinha um efeito sobre ela.

— Maiara, lembra quando você disse no elevador que se estivesse flertando, saberíamos? — Lauana perguntou e Maiara deixou de fitar Marília, olhando naquele momento para a mulher que fez a pergunta.

— Me lembro.

— Bem, você tinha razão — Maiara corou levemente e fechou os olhos, negando com a cabeça e rindo logo em seguida. Marília fingiu não notar nada, no entanto sabia tudo o que se passava ali.

— Desculpem por isso — ela disse sorrindo, se ajeitando mais na cama e tendo Garfield subindo na cama segundos depois. — Hoje não, meu menino. Hoje você vai ter que dormir no tapete. Não dormirei sozinha esta noite — o gato, como se tivesse entendido, desceu na cama e se enrolou no tapete, dando duas voltas no próprio corpo antes de se deitar e fechar os olhos.

— Ele já dormiu? — Maraisa perguntou chocada.

— Parece a Lauana — Luísa disse gargalhando. — Não pode deitar que já dorme.

— Falando nisso estou com sono — a morena disse, se jogando na cama. — Vocês duas já podem sair, quero silêncio para dormir — diisse brincando em meio a uma risada.

— Já iríamos mesmo, todo esse assunto me fez ficar levemente excitada. Até amanhã, bando de solteiras siririqueiras — Maraisa gargalhou ao ouvir o que havia dito. — Até rimou — disse, mandando beijo para todas e puxando Luísa pela mão, que se despediu das meninas e não protestou em sair.

— Lauana, você está muito na ponta. Tem mais espaço aqui — Maiara disse, no entanto ela não respondeu nada.

— Luísa não brincou quando disse que Lauana não podia deitar que já dormia — Marília disse, tendo o canto de sua boca repuxado em um quase sorriso. — Quer que eu apague a luz?

— Oh, não precisa. Você ainda está lendo — Maiara disse mais baixo, pois não queria acordar Lauana.

— Posso usar a luz do abajur.

— Então sim, por favor — Marília se levantou e apagou a luz, voltando para a cama e se instalando ali.

Maiara se cobriu e direcionou seus olhos para Marília, estava escuro e ela poderia disfarçar caso a loira virasse. Como estava no meio de duas irmãs ela se sentiu vigiada e deu uma rápida olhadinha para ver se Lauana ainda estava virada para o outro lado. Confirmando que não, voltou a olhar para Marília, mordendo seu lábio inferior por falta de sono.

— O que está lendo? — A voz de Maiara saiu em um murmúrio, não deixando de ser doce como sempre.

— Nada.

— Você está segurando um livro. Só queria saber do que se trata.

— Durma, Maiara — a ruiva soltou uma risadinha anasalada e Marília lhe olhou, não enxergando direito devido à penumbra da noite. — Do que ri?

— De nada.

— Como ''de nada''?

— Da mesma forma que você não está lendo nada.

Marília resmungou baixo algo e voltou seus olhos para o livro.

As feições da mais velha se enrijeceram após alguns minutos e ela se mexeu inquieta na cama. A luz amarelada permitiu a Maiara ver o desenho certinho do bico intumescido do seio de Marília. Por que seus seios estariam rígidos? Maiara não era idiota, Marília estava com tesão e isso só aumentou a curiosidade sobre o conteúdo do livro. A mais nova mordeu seu lábio inferior, se forçando a não olhar para a direção dos seios que provavelmente deveriam ser lindos e muito deliciosos, mas não foi preciso muito esforço, pois a loira fechou o livro com força e fechou os olhos, respirando fundo.

— Cansou de ler? — Maiara perguntou roçando propositalmente seu braço na perna de Marília, claro que fez parecer que havia sido sem intenção. — Poderia me emprestar o livro? Não tenho sono.

— Amanhã acordo cedo e não, não posso te emprestar.

— Sempre tão séria — Maiara disse com um sorriso provocativo nos lábios, apoiando sua cabeça em uma de suas mãos. — Então faça algo para nos tirar do tédio — provocou. Não via problemas em transar com Marília, não que transasse com qualquer uma que encontrasse por aí e nem que fosse ousada desse jeito, contudo, algo no jeito sério e misterioso da loira a excitava e ter sexo casual com ela não era, definitivamente, algo que fosse se arrepender um dia.

— Como o que, por exemplo? — Marília perguntou enfiando o livro embaixo de seu travesseiro e se deitou, tendo o intenso olhar castanho sobre si.

— O que quiser. Por exemplo, agora, o que você tem vontade de fazer? — Maiara ainda usava o tom provocante. Os dedos de Marília se apertaram fortemente contra a coberta, tanto que as pontas ficaram até mais brancas.

— Só quero dormir, então se me der licença...

—Tem certeza? — Maiara perguntou olhando para os lábios de Marília, que sentia seu coração disparar. Não cometeria uma estupidez dessa.

— Tenho — e se virou.

Maiara simplesmente bufou e se jogou na cama, agora estava excitada e dormiria assim. Não iria para o banheiro se ajudar, pois qualquer respiração descompassada lá seria capaz de ser ouvida dali.

E foi apenas um pensamento que lhe surgiu na mente: Se Marília estava excitada e a rejeitou, ela provavelmente não se sentia atraída por Maiara.

*

Maratona boa né, seis capítulos no mesmo dia, pareeii agora.

Destino Incerto | MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora