Como um fato já rotineiro para Marília, Lauana foi a primeira a pedir para ir dormir naquela noite, seguida por Maraisa e Luísa. A garota decidiu dirigir por mais algumas horas e era quase meia noite quando ela, finalmente, encostou o caminhão para descansar.
— Bem, então acho que vou lá para trás — Maiara disse, mexendo no boné que ainda estava em sua cabeça. Marília achou que ela havia ficado fofa e feliz demais com o boné e por isso não se atreveu a pedir de volta.
Maiara ainda estava no banco da frente e passou a maioria do tempo, depois que as meninas foram para trás, perguntando sobre os lugares que Marília já havia ido. A loira nunca se viu tão falante em toda a sua vida, pois respondeu de bom grado todas as perguntas da garota.
— Certo. Boa noite, então — Marília disse e Maiara sorriu, retirando o boné de sua cabeça e o devolvendo para onde estava antes: A cabeça de Marília. Ela colocou o boné para trás na loira e a mesma franziu o cenho.
— Fica mais bonita assim — Maiara explicou ao ver a expressão confusa de Marília, que corou e assentiu, agradecendo e a ruiva se inclinou, dando um beijo no rosto dela e a pegando de surpresa. — Eu realmente agradeço por estar me levando.
— Não tem de quê — Marília respondeu. — Mas não acha que deveria prestar queixa sobre o roubo de seu carro? — A ruiva corou e negou com a cabeça.
— Não. Eu estou bem assim.
— Mas...
— Meu carro, minhas regras — Marília até tentou, mas gargalhou ao ouvir aquilo. Maiara sorriu embasbacada por ter sido capaz de fazer a mulher soltar semelhante som.
— Certo — a mais velha respondeu ao fim da risada.
— Lila, posso assistir algo no DVD? — Maiara perguntou ainda sorrindo e Marília entortou a boca, mas acabou assentindo. — Sério? — Perguntou surpresa, pois já esperava um não como resposta. A motorista assentiu novamente e a ruiva voltou a sorrir alegremente. — Obrigada e, hm, boa noite.
Foi para o banco de trás após ouvir um curto boa noite de Marília. A motorista se recostou em seu banco, mas ao se lembrar de algo se levantou na hora e se jogou na boléia tentando impedir Maiara de ligar aquela televisão.
— Hm, parece interessante — Maiara disse segurando o riso. Havia duas garotas conversando e logo uma se inclinou e beijou a outra. A ruiva se remexeu e pegou a capa do DVD, constatando que era um curta-metragem erótica.
— Isso não é meu — Marília se apressou em dizer, fazendo a garota rir.
— Qual é o problema se fosse? Parece legal — disse, soltando a capa do DVD e olhando para a tela. As garotas estavam em uma troca de beijos romântica, no entanto, a aura pesada de excitação já estava presente na cena.
— Eu, hm, não tenho esse tipo de conteúdo de filme — fez menção de desligar a TV, mas a mão de Maiara tocou a sua, a impedindo de executar tal ação.
— Não, eu quero ver.
— Por quê?
— É melhor do que ficar olhando para as paredes do caminhão. Não estou com sono.
— Oh, certo — disse corando. A ruiva sorriu e lhe olhou.
— Você não é virgem, é? Digo, nada contra se você é e não teria nada de errado nisso. É só uma dúvida.
— Por que acha que sou virgem? — Marília perguntou levemente irritada e Maiara sorriu, apoiando seu braço na parte de trás da almofada dali e encostando sua cabeça em sua mão.
— Bem, você cora ao mencionar calcinhas e corou de novo ao falar do conteúdo do filme — explicou, com um sorriso divertido nos lábios.
— Nem todos são despojados e descontraídos, tudo bem? — Marília disse séria.
— Então não é virgem?
— Não, Maiara. Eu não sou virgem.
— Ah — a garota respondeu rindo.
Seus olhos voltaram para a tela e agora as garotas estavam nuas, na areia da praia. Uma delas penetrou a outra e Maiara mordeu o próprio lábio; Aquilo a excitou um pouco. Marília quase perdeu seu alento ao ver a cena e depois acompanhar a ruiva prender a ponta de seu lábio inferior entre seus dentes.
— Elas estão na areia de uma praia de dia. Que loucas! — Maiara disse, reparando Marília se remexer inquieta.— Qual foi o lugar mais inusitado onde você já transou? — A pergunta fez a motorista contrair-se. O tom rouco da ruiva e a encarada nada discreta da garota para seus lábios fez sua calcinha umedecer.
— Eu acho que nunca fiz em nenhum lugar além da cama e embaixo do chuveiro — Marília revelou constrangida.
— O quê? Como não? Você tem esse caminhão e está me dizendo que nem aqui você transou?
— Não que eu não tenha pensado em já ter sexo aqui, mas levo ele como uma coisa mais séria, então não, ainda não tive a oportunidade.
Maiara tentou se comportar, mas quando viu já havia levantado sua sobrancelha de modo sugestivo e umedecido seus lábios, passando a mão esquerda pelo cabelo e o jogando para trás sutilmente.
— Então leva a sério o sexo, hm? — Perguntou sorrindo. — Quer dizer que nunca teve sexo casual?
— Pff, eu nunca disse isso — Maiara arqueou uma sobrancelha e Marília deixou os ombros caírem em derrota. — Tudo bem, nunca tive.
— Uau. Estou impressionada.
— Você já? — Marília perguntou, tentando não olhar para a cena onde a garota dava estocadas fundas e fortes.
— Já, algumas poucas vezes, mas sim. Sempre estou aberta a opções — Maiara disse, lhe lançando uma piscadela e logo sorriu.
— Eu, uh, vou dormir — a motorista anunciou e a garota riu baixinho.
— Tem medo de mim? Eu não mordo, fique tranquila. Só sou bastante curiosa e por isso as perguntas, mas desculpe invadir o seu espaço.
— Não invadiu — Marília disse, não muito certa de suas palavras. — Só preciso acordar cedo para dirigir amanhã.
— Certo, boa noite então, Marília.
— Boa noite, Maiara — e assim que Marília foi para a frente Maiara lançou seu corpo para trás e respirou fundo. O que estava dando nela? E desde quando era tão curiosa e ousada daquele jeito?
Seus olhos foram para a tela e sentiu-se contrair em sua intimidade. Assistir aquilo não havia sido uma boa ideia, muito menos ao lado de uma mulher tão atraente como Marília.
A mais nova desligou a TV e se deitou, sentindo o sangue fervilhar por entre suas veias. Dormiria excitada pela segunda noite seguida e, definitivamente, isso não era uma coisa boa.

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Destino Incerto | Mailila
FanfictionMarília Dias Mendonça é uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmãs ad...