Trinta e um

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— Lá está ela — Maraisa gritou. — Finalmente — sua fala cessou quando seus olhos reconheceram a figura ruiva ao lado de Marília. — Lauana, corre aqui — chamou, correndo em direção à Maiara. — Bunduda, você por aqui — disse enquanto rodeou os braços ao redor de Maiara e a levantou do ar.

— Hey... Nãoconsigorespirar — Maiara disse, fazendo Maraisa rir e a colocar no chão.

— Me empolguei, desculpe — ela disse sentindo algo se esfregar em sua perna. — Hey, lindão. Você está usando o presente da titia? — Ela se abaixou e pegou Garfield em seu colo. Logo o gato já ronronava feliz pela atenção de Maraisa.

— O que ainda fazem aqui? — Marília perguntou. — Eu vim avisar o Malcon que já efetuei o pagamento. Pensei que já estariam no hotel.

— Não vai acreditar! Lau conseguiu que ficássemos na casa que Malcon tem. Ele aluga, mas está desocupada por agora e ele nos cedeu, se é que me entende — Maraisa disse sorrindo sugestivamente e a loira riu.

— Não acredito — Marília disse, vendo seu caminhão chegar naquele exato momento por um guincho.

— Só teremos que ajudar na festinha de amanhã para arrecadar fundos para crianças carentes e a casa é nossa nesses dez dias.

— Lauana anda normal? Ela passa bem? — Marília brincou, levando um forte tapa em seu braço.

— Idiota — a voz de Lauana preencheu o lugar, fazendo Marília olhar para trás a tempo de ver sua irmã mais velha parada ali. — Oi, Mai — disse sorrindo, abraçando-a. — Fico feliz que tenha voltado, a Marília estava insuportável.

Marília enrubesceu de imediato, limpando a garganta para tentar disfarçar.

— É que para viver com vocês tem que ter uma paciência do além e eu não tenho — Marília disse, fazendo Lauana rir e franzir os olhos.

— Não jogo as verdades na sua cara porque preciso matar a saudade do meu bebê — Lauana falou indo em direção ao Garfield.

— Onde fica a casa? Vamos todas nos arrumar porque precisamos comprar roupas para Maiara.

— Ficará conosco? — Lauana perguntou para Maiara, vendo a garota olhar para Marília envergonhada antes de assentir.

— Compras? — Os olhos de Maraisa brilharam. — Eu amo demais a Maiara, meu Deus. Olha esse milagre.

— Me sigam, a casa é por aqui, Luísa deve estar tomando banho — Lauana disse animada.

[...]

— Lila, precisamos mesmo ir hoje? — Maiara, que havia sido a última a tomar banho, perguntou coçando um de seus olhos, sua pele estava mais pálida do que o normal.

— Não quer ir? — Marília perguntou, terminando de pentear seu cabelo e se sentando na cama ao lado de Maiara, que tinha seus cabelos molhados jogados pelo ombro da sua camiseta branca que havia pegado emprestada.

— Quero, mas eu queria dormir um pouquinho antes. Posso?

Marília sorriu em consentimento e acariciou o rosto da menor. Seus olhos estavam vermelhos e ela realmente aparentava um cansaço indescritível.

— Claro que pode, Mai. Deite-se e não se preocupe em acordar logo. Durma o quanto quiser.

— Deita comigo? — Marília não conseguia deixar de se derreter em absoluto quando Maiara pedia algo com aquele tom doce e frágil.

— Deito — disse se aconchegando ao lado da garota.

— Obrigada por cuidar de mim — Maiara sussurrou, vendo Marília se virar para ela, aproveitou e levou uma mão aos cabelos loiros, adentrando seus dedos e acariciando a região.

— Obrigada por me permitir cuidar de você — Marília disse, vendo Maiara se aproximar um pouco mais de seu rosto. A figura de um anjo se igualaria à da ruiva naquele momento, parecia tão frágil e tão exausta, como se não tivesse mais forças para nada, mas como se ao mesmo tempo fosse forte o suficiente. — Mai... Doeu muito o que aquelas mulheres fizeram com você?

— Doeu mais no coração do que na carne. Eu não fiz nada para elas, só pedi ajuda — sua voz carregada uma pitada de dor e isso estraçalhava o coração de Marília.

— Você é tão preciosa — Marília murmurou, levando uma mão ao rosto de Maiara e acariciando a pele macia. — Durma, baixinha. Eu não vou sair até que acorde.

Maiara assentiu, sentindo suas pálpebras pesarem ainda mais sob o toque do carinho de Marília.

Os dedos de Marília desceram para a nuca de Maiara e subiram para seus cabelos, fazendo o carinho que a garota tanto amava, com isso a ruiva dormiu em menos de três minutos, se aninhando no corpo da mulher com um gato carente.

— Parece que este quarto vai ficar para vocês — a voz de Luísa, que estava encostada no batente da porta, foi baixa e doce, porém assustou Marília mesmo assim, ela não sabia que estavam sendo assistidas.

— Não sei se ela quer que eu durma com ela sempre — Marília disse, vendo Luísa fazer uma careta.

— A casa tem três quartos, um para Maraisa e eu. Sobram dois.

— Posso dormir com Lau caso Maiara...

— A garota morre por você — Luísa interrompeu, vendo que Marília ainda não tinha cessado os carinhos no cabelo de Maiara. — E eu sei que você morre por ela. Para que complicar?

— Não estou complicando nada. Só respeito Maiara e se ela não quiser que eu durma aqui eu acatarei seu pedido. Eu e ela não falamos sobre, huh, sobre nós duas ainda.

— Não deram nenhum beijinho? — Luísa brincou e Marília negou.

— Eu queria, mas minha prioridade era ela segura e bem, Lu. Ela tem passado por coisas difíceis na vida. Não quis ser egoísta.

Luísa sorriu orgulhosa.

— Você, definitivamente, merece alguém que te dê todo o valor do mundo, porque você é maravilhosa, cunhada — disse comovida. — E eu espero, de todo o meu coração, que seja ela, porque eu adoro o casal que vocês formam.

— Obrigada, Lu — Marília agradeceu, olhando para o rosto delicado de Maiara, a garota ressonava tranquilamente, a fazendo suspirar bobo. — Eu devo confessar que eu também gosto do casal que formamos.

Luísa sorriu, se desencostando do batente da porta.

— Eu sei, Lila — e saiu, deixando Marília se perder em pensamentos enquanto admirava Maiara dormir.

Destino Incerto | MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora