— Lá está ela — Maraisa gritou. — Finalmente — sua fala cessou quando seus olhos reconheceram a figura ruiva ao lado de Marília. — Lauana, corre aqui — chamou, correndo em direção à Maiara. — Bunduda, você por aqui — disse enquanto rodeou os braços ao redor de Maiara e a levantou do ar.
— Hey... Nãoconsigorespirar — Maiara disse, fazendo Maraisa rir e a colocar no chão.
— Me empolguei, desculpe — ela disse sentindo algo se esfregar em sua perna. — Hey, lindão. Você está usando o presente da titia? — Ela se abaixou e pegou Garfield em seu colo. Logo o gato já ronronava feliz pela atenção de Maraisa.
— O que ainda fazem aqui? — Marília perguntou. — Eu vim avisar o Malcon que já efetuei o pagamento. Pensei que já estariam no hotel.
— Não vai acreditar! Lau conseguiu que ficássemos na casa que Malcon tem. Ele aluga, mas está desocupada por agora e ele nos cedeu, se é que me entende — Maraisa disse sorrindo sugestivamente e a loira riu.
— Não acredito — Marília disse, vendo seu caminhão chegar naquele exato momento por um guincho.
— Só teremos que ajudar na festinha de amanhã para arrecadar fundos para crianças carentes e a casa é nossa nesses dez dias.
— Lauana anda normal? Ela passa bem? — Marília brincou, levando um forte tapa em seu braço.
— Idiota — a voz de Lauana preencheu o lugar, fazendo Marília olhar para trás a tempo de ver sua irmã mais velha parada ali. — Oi, Mai — disse sorrindo, abraçando-a. — Fico feliz que tenha voltado, a Marília estava insuportável.
Marília enrubesceu de imediato, limpando a garganta para tentar disfarçar.
— É que para viver com vocês tem que ter uma paciência do além e eu não tenho — Marília disse, fazendo Lauana rir e franzir os olhos.
— Não jogo as verdades na sua cara porque preciso matar a saudade do meu bebê — Lauana falou indo em direção ao Garfield.
— Onde fica a casa? Vamos todas nos arrumar porque precisamos comprar roupas para Maiara.
— Ficará conosco? — Lauana perguntou para Maiara, vendo a garota olhar para Marília envergonhada antes de assentir.
— Compras? — Os olhos de Maraisa brilharam. — Eu amo demais a Maiara, meu Deus. Olha esse milagre.
— Me sigam, a casa é por aqui, Luísa deve estar tomando banho — Lauana disse animada.
[...]
— Lila, precisamos mesmo ir hoje? — Maiara, que havia sido a última a tomar banho, perguntou coçando um de seus olhos, sua pele estava mais pálida do que o normal.
— Não quer ir? — Marília perguntou, terminando de pentear seu cabelo e se sentando na cama ao lado de Maiara, que tinha seus cabelos molhados jogados pelo ombro da sua camiseta branca que havia pegado emprestada.
— Quero, mas eu queria dormir um pouquinho antes. Posso?
Marília sorriu em consentimento e acariciou o rosto da menor. Seus olhos estavam vermelhos e ela realmente aparentava um cansaço indescritível.
— Claro que pode, Mai. Deite-se e não se preocupe em acordar logo. Durma o quanto quiser.
— Deita comigo? — Marília não conseguia deixar de se derreter em absoluto quando Maiara pedia algo com aquele tom doce e frágil.
— Deito — disse se aconchegando ao lado da garota.
— Obrigada por cuidar de mim — Maiara sussurrou, vendo Marília se virar para ela, aproveitou e levou uma mão aos cabelos loiros, adentrando seus dedos e acariciando a região.
— Obrigada por me permitir cuidar de você — Marília disse, vendo Maiara se aproximar um pouco mais de seu rosto. A figura de um anjo se igualaria à da ruiva naquele momento, parecia tão frágil e tão exausta, como se não tivesse mais forças para nada, mas como se ao mesmo tempo fosse forte o suficiente. — Mai... Doeu muito o que aquelas mulheres fizeram com você?
— Doeu mais no coração do que na carne. Eu não fiz nada para elas, só pedi ajuda — sua voz carregada uma pitada de dor e isso estraçalhava o coração de Marília.
— Você é tão preciosa — Marília murmurou, levando uma mão ao rosto de Maiara e acariciando a pele macia. — Durma, baixinha. Eu não vou sair até que acorde.
Maiara assentiu, sentindo suas pálpebras pesarem ainda mais sob o toque do carinho de Marília.
Os dedos de Marília desceram para a nuca de Maiara e subiram para seus cabelos, fazendo o carinho que a garota tanto amava, com isso a ruiva dormiu em menos de três minutos, se aninhando no corpo da mulher com um gato carente.
— Parece que este quarto vai ficar para vocês — a voz de Luísa, que estava encostada no batente da porta, foi baixa e doce, porém assustou Marília mesmo assim, ela não sabia que estavam sendo assistidas.
— Não sei se ela quer que eu durma com ela sempre — Marília disse, vendo Luísa fazer uma careta.
— A casa tem três quartos, um para Maraisa e eu. Sobram dois.
— Posso dormir com Lau caso Maiara...
— A garota morre por você — Luísa interrompeu, vendo que Marília ainda não tinha cessado os carinhos no cabelo de Maiara. — E eu sei que você morre por ela. Para que complicar?
— Não estou complicando nada. Só respeito Maiara e se ela não quiser que eu durma aqui eu acatarei seu pedido. Eu e ela não falamos sobre, huh, sobre nós duas ainda.
— Não deram nenhum beijinho? — Luísa brincou e Marília negou.
— Eu queria, mas minha prioridade era ela segura e bem, Lu. Ela tem passado por coisas difíceis na vida. Não quis ser egoísta.
Luísa sorriu orgulhosa.
— Você, definitivamente, merece alguém que te dê todo o valor do mundo, porque você é maravilhosa, cunhada — disse comovida. — E eu espero, de todo o meu coração, que seja ela, porque eu adoro o casal que vocês formam.
— Obrigada, Lu — Marília agradeceu, olhando para o rosto delicado de Maiara, a garota ressonava tranquilamente, a fazendo suspirar bobo. — Eu devo confessar que eu também gosto do casal que formamos.
Luísa sorriu, se desencostando do batente da porta.
— Eu sei, Lila — e saiu, deixando Marília se perder em pensamentos enquanto admirava Maiara dormir.
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Destino Incerto | Mailila
FanfictionMarília Dias Mendonça é uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmãs ad...