A manhã estava fresca, os raios de sol ainda não ardiam e o vento soprava a pele como um doce beijo de bom dia vindo da mãe natureza. Os pássaros gorjeavam audivelmente e no céu não havia uma nuvem sequer; completamente azul.
Na noite anterior dormiram separadas, tomadas por um imenso desejo de estarem juntas, mas nada falaram. Foi só no meio da noite que Maiara deslizou para perto de Marília, abraçando-a por trás e formando uma conchinha.
— Então comprou o chapéu porque lembrou de mim? — Maiara perguntou.
Estavam na frente da casa onde estavam ficando, haviam acabado de chegar do shopping da cidade, com várias bolsas nas mãos e Maiara havia perguntado a Marília o porquê dela ter comprado um chapéu daquele.
— Sim — Marília respondeu honestamente, vendo Maiara se virar para ela e sorrir. — Fiquei muito ridícula com ele? — Perguntou em expectativa.
Maiara suspirou e colocou as sacolas no chão, levando as suas duas mãos até a barriga de Marília, apoiando-as na região.
— Você ficou sexy — a ruiva confessou, vendo um meio sorriso nascer nos lábios da maior.
Maiara se inclinou e Marília fez o mesmo, escovando seus lábios nos da ruiva e fechando seus olhos ao sentir seu coração disparar.
— Adorei o chapéu em você, vizinha — a voz já conhecida por Maiara a fez se afastar um pouco de Marília, vendo a mesma se virar para Anne. — Ele ficou melhor em você do que ficava em mim.
Maiara deu um breve aceno com a cabeça para Anne antes de se abaixar, pegar as sacolas e adentrar a casa sem jamais voltar a olhar para Marília.
— Obrigada, Anne. Com licença — Marília disse aborrecida, seguindo Maiara. — Mai? — Perguntou assim que adentrou o quarto, deixou as sacolas sobre a cama, mas não viu sinal da garota.
Para sua sorte, o ranger da porta dos fundos, que precisava de óleo em suas dobradiças, chamou sua atenção, fazendo-a ir até lá. Ao passar pela porta, Marília encontrou Maiara sentada nos degraus de madeira; a garota admirava as árvores e desfrutava da sensação do vento esbarrando em sua pele.
— Por que entrou assim? — Marília perguntou, se sentando ao lado da garota.
— Eu só não quis atrapalhar nada — Maiara disse tristemente e a mulher ao seu lado franziu o cenho.
— Maiara, você nunca atrapalha nada na minha vida.
— Você tem algum interesse por ela? — Perguntou realmente ansiosa pela resposta.
— Por que acha isso?
Maiara deu de ombros.
— Sei lá. Ela é toda bonitona. Foi por isso que comprou o chapéu? Para ter motivo para falar com ela? — O tom de Maiara não era acusador, era realmente curioso, ela precisava saber se Marília se interessava por Anne.
— Comprei o chapéu para ter, de certa forma, um pouquinho mais de você comigo — confessou, vendo a ruiva lhe olhar de soslaio. — Eu não me interesso por ela, Maiara.
— Por quê? Ela é linda.
— Eu poderia dizer que é porque ficarei aqui pouco tempo, mas não é por isso. Eu não gosto de sexo casual e já te falei isso. Você é a minha exceção nisso — Marília disse, vendo Maiara lhe fitar. — E, bem, ela não é você.
Maiara se sentia especial quando Marília falava assim; dava a entender que com ela não era só sexo casual, mas isso seria ridículo demais de se imaginar, pensou, Marília transou com ela mesmo sabendo que iria embora em poucos dias.
Seu tolo coração insistia em pregar peças, pois ela via um brilho diferente nos olhos de Marília.
Seria possível Marília também ter se apaixonado por ela da mesma forma que ela se apaixonara por Marília?
— Mai... Planeta Terra chamando uma ruiva baixinha linda dos olhos cor avelã — Marília disse brincando e Maiara sorriu ao sair de seus devaneios.
— Boboca — Maiara disse, vendo Marília retirar o chapéu e colocar ao lado delas.
A mão direita de Maiara, automaticamente, foi para os cabelos de Marília, arrumar alguns fios desordenados, mas logo ela escorregou para o rosto, em uma carícia calma. Marília não resistiu e se inclinou, vendo Maiara fazer o mesmo e encarar intensamente seus olhos castanhos.
Como se Marília tivesse entendido o recado, ela fechou o espaço das duas, tocando finalmente seus lábios nos de Maiara, a menor deslizou sua mão do rosto da loira para a nuca.
Marilia puxou Maiara para seu colo, não com malícia, senão com saudade, tinha aquela necessidade de ter o corpo da garota o mais próximo possível do seu. Haviam se passado três dias sem isso, mas parecia uma eternidade, ainda mais por terem pensado que jamais provariam de tal sensação novamente.
As línguas se encontraram sem pressa, como se cada segundo fosse mágico, e de fato era. Maiara passou seus braços aos redor do pescoço de Marília enquanto a maior abraçava o corpo sobre si.
Terminaram o beijo com um longo suspiro de Maiara, que mordiscou a beira do lábio de Marília e começou a farejar seu rosto, inalando cada centímetro de sua pele.
— Oh, céus! Senti tanta saudade disso — Maiara murmurou ainda de olhos fechados, dando um selinho em Marília e acariciando sua nuca.
— Eu também senti — Marília disse, vendo as orbes acastanhadas se abrirem lentamente. — Pensei que nunca mais voltaria a te ver — murmurou, encostando sua testa na de Maiara.
— Eu pensei o mesmo, mas aí eu ouvi um assobio e quando olhei para trás nem acreditei no que via — dizia, como se estivesse consultando sua memória. — Céus, estava mais linda do que nunca.
—Não fala assim que eu fico fraca — Marília brincou, sentindo a garota afundar seu rosto no pescoço dela e sorrir contra sua pele.
— Você me deixa fraca só de respirar o mesmo ar que eu — Maiara disse, depositando um doce beijo na pele do ombro de Marília e logo se reclinou, voltando a fita-la. — Então sou a exceção do seu casual, hm? — Brincou rindo.
— Não. Você é o casual e por isso é a exceção — respondeu, vendo a garota sorrir e tocar seus lábios novamente com os dela.
Ficaram ali por um longo tempo, trocando beijos e carícias como duas fiéis apaixonadas. Usavam o termo "casual", não obstante, queriam ser bem mais do que isso. De fato, já eram, só não sabiam ainda.
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Destino Incerto | Mailila
FanfictionMarília Dias Mendonça é uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmãs ad...