Oito

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Wattpad bugou e vou ter q postar esse capítulo de novo... Quem já leu vota de novo aí por favor.

*

Havia se passado algumas horas desde que o silêncio havia se instalado ali e Marília resolveu fazer uma parada de vinte minutos pelo final da tarde para comerem algo. Ela queria que o silêncio se dissipasse, mas mesmo após comerem as garotas não disseram uma palavra sequer.

— A última pessoa que havia tocado naquele rádio foi meu pai — Marília revelou baixo, vendo os cílios longos de Maiara se erguerem em sua direção. — E ele faleceu há alguns anos.

— Eu sinto muito — Maiara disse baixinho.

— Eu só queria esperar o momento certo de ligar a rádio — as garotas olharam para Marília espantadas, ela nunca tocava naquele tema e apenas mudava de assunto caso alguém tocasse.

— Eu não sabia disso, eu realmente sinto muito, Marília — ela disse tocando na mão da mais velha. — Prometo parar de ser tão curiosa e intrometida — a loira encarou o toque de Maiara em sua mão e sorriu em sinal de que estava tudo bem.

— Sabe de uma coisa que você me mostrou? — Maiara negou com a cabeça e Marília riu baixinho. — Descobri que não tem hora certa para ligar uma rádio, então... Obrigada.

— Isso quer dizer que poderemos ouvir a rádio? — Maraisa se intrometeu esperançosa e Marília voltou a fechar a cara.

— Não! — A risada das garotas ecoou pelo caminhão e Marília voltou a ligar o veículo. Maiara retirou sutilmente sua mão de cima da de Marília e sorriu mais despreocupada.

— Escuta, Lila... Por que nunca nos disse sobre esse lance? — Luísa perguntou. Marília apenas deu de ombros, mas alguns minutos depois sua mão direita foi para o botão da rádio, ligando-a e aumentando o volume no último.

As garotas abriram as bocas chocadas e Maiara sorriu de forma contida, desviando seu olhar para Marília disfarçadamente. Maraisa sorriu baixinho ao perceber algo: A nova companheira de estrada tinha uma espécie de reação positiva sobre a irmã.

— Marília? — Maiara cutucou o braço da caminhoneira, pois o volume estava realmente alto. — Preciso fazer xixi — ela confidenciou, tendo se inclinado e falado no ouvido da garota. Marília baixou o som do veículo para lhe responder.

— Não podemos parar agora. Deveria ter feito xixi antes de sairmos — disse séria. Maiara cruzou as pernas e se moveu inquieta, fazendo Marília bufar ao constatar que a garota deveria estar segurando há muito tempo. — Assim que der eu paro — a risada de Maraisa preencheu a audição de todas as garotas, que olharam para ela em confusão.

— Não posso mais rir? Eu hein! — Ela disse ao ver que a atenção estava toda sobre ela.

Alguns minutos se passaram e Marília finalmente pôde estacionar, pegando um rolo de papel higiênico e entregando à garota. Maiara agarrou o papel e desceu correndo, fechando a porta às pressas.

— Acho que você deveria ter dito a ela — Maraisa disse rindo.

— Ela não me deu tempo — Marília explicou, desviando o olhar do retrovisor ao ver Maiara se agachar ali. — Tudo bem, quero todas olhando em outra direção!

— Se ela tivesse nos dado tempo, teríamos dito a ela que o retrovisor pega a imagem de onde ela está — Luísa disse, soltando uma risada anasalada.

— Diremos quando ela voltar. Agora não quero ninguém olhando — Marília repetiu e Maraisa se inclinou, dando três batidas no ombro da loira.

— É, irmãzinha, você está ficando frouxa — Marília rosnou baixinho e lhe olhou feio.

— Só estou impondo respeito. A garota não sabe que podemos vê-la daqui. Seria errado bisbilhotar-lá.

— Marília, ninguém aqui tem interesse em olhar a vagina da garota, fica tranquila — Marília ficou muda e Maraisa riu baixinho. — Ou será que tem?

— Voltei — Maiara disse após abrir a porta. — Obrigada por isso, eu realmente estava prestes a morrer — Marília apenas assentiu com a cabeça e lhe entregou um vidrinho de álcool em gel. A ruiva agradeceu baixinho e passou álcool em suas mãos. — E aí, do que falavam?

— Bem, você não nos deixou avisar que onde você foi dava para te ver daqui — Maiara enrubesceu com a informação de Lauana. — Mas não se preocupe, ninguém olhou.

— Então onde eu deveria ir? Atrás ou na frente do caminhão os carros que vêm e que vão me veriam.

— Desse lado do caminhão mesmo, mas embaixo do retrovisor. — Marília explicou e Maiara assentiu corada. Os olhos castanhos da loira rolaram pelo caminhão e ela alçou uma sobrancelha ao achar o que buscava. — Espere! Quem lavou meu boné? — Ela perguntou, vendo o mesmo pelo retrovisor, localizado no canto de trás da boléia. — Luísa!

— Não olhe para mim; eu apenas disse que ele estava imundo. Não tocaria naquilo nem com luvas — Luísa respondeu e Marília se inclinou, pegando o boné e o colocando sobre a cabeça.

— Eu não lavei — Lauana disse.

— Eu não desperdiçaria o meu tempo com essa velharia — Maraisa alegou.

— Tudo bem, fui eu — Maiara disse baixinho, temendo ter feito algo errado outra vez.

— Por quê? — Marília perguntou.

— Eu vi que precisava ser lavado e como você me deu a carona eu quis retribuir de alguma forma — confessou desviando seus olhos para suas próprias mãos. — Desculpe.

— Eu... Agradeço — Marília disse. Maiara lhe olhou e a loira sorriu contida. — Ele precisava urgentemente ser lavado, mas eu sempre me esquecia — disse e a ruiva sorriu. — É meu boné preferido.

— Eu adoro bonés, mas nunca sequer experimentei um — confessou rindo e Marília retirou o boné, agora limpo, de sua cabeça e colocou em Maiara.

— Não seja por isso — falou sorrindo.

— Gostei — Maiara disse, fitando a si própria no retrovisor.

— Impressionante como fica linda de qualquer jeito — Marília disse mordendo seu lábio inferior.

— Como?

— Oh, nada — Marília disfarçou rapidamente ao perceber que havia pensado alto demais. Maraisa riu e se inclinou para dizer algo no ouvido da loira.

— Como eu disse, frouxa.

— Cale essa boca, ora — resmungou, ligando o caminhão e olhando de soslaio para Maiara, que ainda olhava para o próprio reflexo e fazia caretas. Parecia uma criança.

Marília riu baixinho e negou com a cabeça, voltando a olhar pra frente e a levá-las para San Diego.

Destino Incerto | MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora