06. O passado de Sue

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______ALERTA DE GATILHO_______

SUSAN GILBERT:

Acordo assustada ao sentir uma mão alisando meus cabelos, por um segundo penso ser meu pai e pulo da cama.

— Susan... calma, sou eu — Emily diz tentando me acalmar.

— Emi eu... desculpe — é tudo o que consigo dizer antes de me debruçar em lágrimas novamente.

— Ei, tá tudo bem, vem cá — me puxa para um longo abraço apertado. — posso chamar a Jane e o George?

— Eu não quero incomodar eles, nem você — tento focar nela mas meus olhos estão coberto em lágrimas.

— Você não está incomodando, Sue — a vejo pegar o telefone e mandar algumas mensagens — prontinho, eles estão vindo.

— Emi, eles não sabem — digo tentando me recompor — eu nunca contei para ninguém. A única pessoa que sabe além da Maggie é você — digo a encarando.

— E agora eles irão saber, Sue. Você não pode esconder para sempre. Eu sei que a gente se conhece a pouco tempo e sei que você provavelmente me odeia, mas com tudo isso que te aconteceu e que ainda pode te acontecer, eles precisam saber — ela diz olhando fixamente em meus olhos.

— Você sabe porque todos aqui me temem? Porque eu não deixo que saibam das minhas fraquezas... — sou interrompida com batidas na porta.

Emily rapidamente abre a porta e volta a me fitar.

— Hey, Sue — George diz se sentando em uma cadeira próxima.

— Quem mexeu com a minha princesa? — Diz Jane sentando ao meu lado.

Os encaro fixamente enquanto decido se irei ou não contá-los. Fico em silêncio por alguns minutos e então os três me abraçam ao mesmo tempo. Ao sentir o toque dos dois que amam e da garota que me causa borboletas no estômago, volto a chorar. Dessa vez as lágrimas que percorrem meu rosto são de alívio, por saber que naquele momento não estou sozinha.

— Gente — tento cessar o choro — eu nunca contei pra vocês o motivo de eu estar aqui, o real motivo. Vocês só sabem que a minha mãe faleceu me dando a luz... — faço uma pausa para criar coragem — Quando eu nasci, meu pai, "pai" — faço sinal de aspas com as mãos — deveria ser o responsável por me criar e cuidar de mim... mas ele me molestava, estuprou a própria filha, me agredia — a esse ponto as lágrimas simplesmente não param — um vizinho presenciou uma vez e acionou a polícia e ele foi preso — sinto Emily apertar minha mão e olho para os meus amigos, seus rostos são de puro espanto — eu sempre fui durona aqui porque jurei a mim mesma que jamais darei brecha para que outra pessoa me domine, para que ninguém sinta que pode fazer aquilo comigo novamente — sinto um abraço coletivo e tento criar forças para continuar a contar — hoje ele voltou, ele sabe onde eu trabalho. Disse que virá me buscar em dez dias! Ele me abraçou e eu senti seu pau ficar duro. Ele se excita com a própria filha. Eu tenho nojo!

Nesse momento George para o abraço, eu consigo sentir o ódio em seu olhar.
Jane continua me abraçando, consigo ver suas lágrimas rolar.
Já emily, essa continua segurando minha mão. Eu me sinto tão segura nesse momento que minha vida poderia acabar aqui!

— eu não vou mais a escola ou ao trabalho, não quero correr o risco dele me ver nesse meio tempo e tentar terminar o que começou anos atrás. No dia em que ele vier.. nesse dia eu quero que vocês vivam. Quero que se agarrem a toda e qualquer oportunidade que a vida der!

— Sue — finalmente George se pronuncia. Sua voz embarganhada revela um semblante triste. Quase como um grito mudo por ajuda. — você se lembra anos atrás quando fizemos um pacto de nunca nos largarmos? Que seriamos sempre nós contra o mundo? Você se lembra, Sue?

O Acaso - EmisueOnde histórias criam vida. Descubra agora