021. Um casal?

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Esse capítulo tá um pouco maior que o normal e o próximo provavelmente estará maior ainda.
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JANE HUMPHREY:

Cinco anos atrás:

Dia um. Não sei que lugar é esse, é tudo escuro e úmido, o frio e a solidão são a minha única companhia. Ainda não sei bem o que aconteceu comigo, num momento eu estava na sorveteria e no outro amarrada no fundo de um carro velho. "Henry", se é que esse seja seu verdadeiro nome, me enganou. Daqui posso ouvir muitas vozes mas não sei identificar de quem sejam, eu gritaria se pudesse mas minha boca está lacrada. Queria correr mas minhas pernas —assim como minhas mãos — estão amordaçadas. Mas tem algo de diferente em mim, estou com algum tipo de agasalho, não sei bem que tipo de roupa seja essa mas está me ajudando com o frio intenso que faz aqui.
No momento a fome é a minha maior inimiga, eu não teria problema em urinar nas calças caso necessário mas preciso de algo para preencher meu estômago ou serei o alvo mais fácil desse homem.

Dia dois. Finalmente amanheceu, ainda não sei onde estou, parece um porão. Descobri também o que estou vestindo, é algo como um macacão de fato, é amarelo e me trás uma sensação de hospício. Odeio esse lugar, odeio essas pessoas que ainda nem conheço. Não sei o que querem de mim mas não conseguirão sem que eu lute primeiro.
Às inúmeras vozes que noite passada insistiam em gritar agora não se fazem presentes, será que esse tal Henry matou a todos ou será que todos eram seus cúmplices? Será que alguém já sentiu minha falta?

Já não sei a quanto tempo estou aprisionada, mal entra luz do dia, mas creio que seja quase 17h, o sol já não está brilhoso como no momento em que acordei. Será que me trancaram aqui para me matar de fome? Se for isso, um tiro seria bem melhor, pelo menos meu estômago não iria definhar como está agora.

Ouço um barulho vindo de trás de mim, aparentemente uma porta está abrindo, por um segundo penso se não seria melhor ficar com fome.

— Oi, linda — uma figura masculina aparece na minha frente e logo vejo que se trata do seboso do Thomas. — eu trouxe um lanchinho para você, meu chefe disse que te quer bem alimentada — ele se agacha em minha frente e posso sentir o ódio em meu olhar. Se estivéssemos em um anime uma enorme linha seria traçada entre o olhar desse verme e o meu — sabe, eu te achei muito linda — passa a mão em meus cabelos e tento desviar, o que é inútil já que ele me segura firme logo em seguida — eu vou tirar isso da sua boca mas se você ousar gritar, irei preencher o espaço entre seus dentes com algo e não será com comida. — ele sorri com malícia e tira a fita que tampa meus lábios com brutalidade, em seguida se levanta e sai.

Sei que eu não deveria cogitar comer isso, mas se tiver veneno será um lucro imenso. Prefiro morrer envenenada que imaginar esse homem me tocando de novo.
Ele não desatou minhas mãos, então preciso me virar nos trinta para comer diretamente com a boca.

Dia três. O inevitável aconteceu, a urina se fez presente em minhas roupas. O frio está se intensificando cada vez mais. Estou com fome, cansada, com frio, com medo e preocupada. Preciso encontrar uma maneira de sair desse lugar, eu preciso avisar a Susan que estou bem. Preciso avisar a Lavinia que estou viva... sem falar no Austin que já está triste pela última perda.

Apesar dos percalços, estou otimista, afinal, não tive o desprazer de ver o crápula do Thomas novamente.

— Eu juro que arranco os dedos daquele verme com meus próprios dentes! — digo em voz alta e em seguida ouço a porta sendo aberta.

— Trouxe sua comida — Thomas joga a marmitex no chão e me encara — que fedor é esse? Porra, tu se mijou? Que mulher nojenta! — ele cospe no chão e me encara — você é uma filha da putinha nojenta — leva a mão em seu cinto e ri.

O Acaso - EmisueOnde histórias criam vida. Descubra agora