017. Ship

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NARRADOR:

Era início de noite, Emily tinha acabado de entrar no orfanato quando a pessoa que a espionava resolve sair das sombras, seu nome é Ship.

Preparados para a história do Ship? Ok.

Henry Shipley (Dickinson), 25 anos. "Ship", como gosta de ser chamado, é o filho bastardo de Edward Dickinson. Ele nunca recebeu o sobrenome do pai e nunca teve acesso a fortuna da família, isso o transformou no pior.

Ship morou com sua mãe até os doze anos, quando a mesma faleceu. Desde então ele viveu nas ruas e se virava como podia para sobrrviver. Aos 17 anos, entrou para o mundo obscuro da internet e com o tempo construiu sua própria fortuna através de tráfico humano, quando a extradição humana dava errado, ele matava suas vítimas para vender os órgãos. Ship construiu seu próprio império do mau.

Sempre que podia, ele dava um jeito de tirar mal feitores da cadeia e transformá-los em seus seguidores fanáticos que fariam de tudo por dinheiro. Cerca de um ano atrás, Ship soube da existência de Thomas Gilbert, um homem que, apesar dos anos de cadeia, possuía uma extensa ficha criminal e ele tinha certeza de que Thomas faria — e faz — de tudo por dinheiro. Ship o tirou da cadeia e o Velho Thomas passou a ser sua vadiazinha pessoal.

Quando soube que seu pai havia morrido em um acidente de carro, Shipley jurou fazer a vida de seus meio irmãos um inferno, foi então que ele mexeu uns pauzinhos e conseguiu fazer com que Thomas tirasse Susan do orfanato — coisa que um recém liberto da prisão conseguiria normalmente —, ele queria fazer a vida de Emily um inferno, foi por isso que disse a Thomas fazer o que bem entendesse com a garota, afinal ela era sua filha.

Henry passou a seguir os passos dos irmãos quase todos os dias, seu maior desgosto foi precisar atravessar o mundo para resolver os problemas do seu "emprego" justamente na época em que Emily fugiu para resgatar Susan, isso jamais teria acontecido se ele estivesse por perto.

Mas Emily agora é passado, Henry tem um novo alvo e se chama George, o namorado de Austin. Dessa vez Ship não irá falhar, dessa vez ele mesmo irá se encarregar de fazer o serviço sujo e ele sabe muito bem por onde começar: o antigo local de trabalho de Sue, lugar esse que George está cobrindo todos os horários de sua melhor amiga.

Ship caminha silenciosamente até a cafeteria, ele precisa conhecer bem o local onde fará sua próxima vítima, o sorriso sínico que Ship faz ao imaginar os vários métodos de tortura que conhece é assustador, ele não tem pena, não tem remorso, ele sente prazer em ouvir os gritos de pânico de suas vítimas. Alguns podem dizer que ele é um sociopata perverso e que não ama ninguém, mas isso não é verdade. Ship ama seu pai — e o odeia ao mesmo tempo — Edward sempre via o filho durante a infância, era um pai presente sempre que podia e por isso Ship o amava, mas então sua mãe morreu e Edward parou com as visitas, parou de demonstrar carinho... parou de ser um pai. Nem por isso Ship deixou de amá-lo. Esse é um dos motivos do seu ódio pelos seus meio irmão: eles sobreviveram e Edward não.

Ship entra na cafeteria e olha fixamente para George que, até então, não havia notado a presença de um novo cliente no estabelecimento.

— Oi, boa noite! — Shipley fala sorridente para George, que está de costas atrás do balcão.

— Olá, boa noite. O senhor chegou a muito tempo? Desculpe a demora, hoje o local está cheio e eu estou sozinho.

— Sem problemas — outro sorriso sínico — quero um café recomendado pelo garçom, acompanhado de uma sobremesa, também remendada pelo garçom.

— Ahhh, sem problemas — George diz enquanto pega um prato na enorme prateleira pendurada na parede — o senhor pode se sentar em uma mesa que logo, logo irei entregar o seu pedido.

— Posso me sentar aqui no balcão?

— Até pode, mas esses bancos suspensos são muito desconfortáveis.

— Vale a pena se for para olhar nos olhos desse garçom — George força um sorriso, afinal não pode ser desrespeitoso com um cliente.

George sai de trás do balcão e vai servir os clientes que já aguardavam seus pedidos, Ship observa tudo atentamente e com um olhar de malícia, quem via de longe poderia achar que ele realmente se encantou por George, mas Ship não era homossexual, pelo contrário. Só que não existe nada que ele não faça para alcançar seus objetivos, mesmo que isso inclua flertar — e até mesmo beijar — George Gould.

— Prontinho — George diz finalmente entregando o pedido do homem desconhecido — Um expresso duplo acompanhado de um red velvet, bom apetite — dá um leve sorriso, por mais que ele odeie admitir, achou o cliente em sua frente atraente.

— Obrigado... — procurou um crachá na roupa de George, Ship sabia seu nome mas não poderia dar esse vacilo agora.

— George... desculpe, é que ainda não tive tempo de fazer um crachá para mim.

— Sem problemas, George. Muito prazer — estende a mão e George a aperta — Me chamo Henry.

O apelido De Henry Shipley era muito conhecido mundo a fora, ele não poderia simplesmente contá-lo a George, mesmo tendo quase certeza de que George não frequentava a deep web, ele não poderia vacilar. Aquele era o seu momento de triunfar e é por isso que ele puxa assunto com George.

Infelizmente George acaba cedendo as várias investidas de Ship e acaba topando que o mais velho o acompanhe até o orfanato. Infelizmente para George aquela seria sua última noite de vida.

Assim que o turno de George acabou — cerca de 22h —, os dois caminharam lado à lado pela rua que agora estava completamente deserta. George contava sobre seus planos para o futuro muito animado, saltitava e ria, já Ship observava tudo com as mãos dentro de seu enorme casaco preto. George se anima e fica três passos à frente de Ship e isso é o suficiente para que um tiro seja deferido de uma arma de pequeno porte que Ship escondia em deu bolso. George cai instantaneamente, o tiro em sua cabeça foi certeiro. Ship sorri e se aproxima do corpo, agora sem vida.

— Eu pretendia te torturar mas gostei de você, é por isso que te poupei de todo o sofrimento que eu tinha em mente, mas não se preocupe, seu namorado Austin sofrerá o dobro do que eu tinha em mente para você.

Em seguida se levanta e sai andando como se nada tivesse acontecido. Shipley é um verdadeiro maníaco e George era apenas um jovem que queria demais.


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O Acaso - EmisueOnde histórias criam vida. Descubra agora