01 • Promise

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Aquelas dóceis palavras de seu amigo virtual lhe preenchiam o peito e davam aquela sensação de finalmente possuir alguém bom ao seu lado, ele parecia preencher a solidão costumeira e lhe dava um sentimento similar a paixão, gostava dele por ser atencioso, ter gostos parecidos aos seus, e ser bonito pelo que viu nas fotos recortadas no Insta, mas a insegurança, sua velha companheira, insistia em caminhar ao seu lado e questionar se toda aquela devoção e carinho iriam sumir se visse seu lado verdadeiro.

Mas o que importava naquele momento era que ter a certeza de alguém ao seu lado pelos próximos 1000 minutos era o que importava, assim podia enfrentar os demônios a sua volta.

Girou a maçaneta da porta e entrou na casa silenciosa na teoria, já que na casa de cima a vizinha fazia questão de gemer como se o mundo todo tivesse assistindo sua sessão pornográfica e a cama prestes a quebrar a parede de madeira. Aumentou sua música e caminhou para o banheiro tomar um banho e depois foi dormir — novamente com a música altíssima em seus fones de ouvidos já que a "palhaçada" na casa de cima continuava. Foi desperto de seu precioso sono profundo com seu pai lhe arrancando da cama e praticamente o jogando no chão frio.

— ONDE ESTÁ O DINHEIRO? VOCÊ PASSA A NOITE TODA FORA MAS EU NUNCA VEJO O DINHEIRO DESSA CASA! — Aquelas sobrancelhas grossas e por fazer estavam franzidas e em sua boca quase espumava pela raiva que mantinha consigo; era quase todos os dias a mesma coisa e só podia pensar em quando se veria longe daquele imbecil.

Jisung engoliu a seco e sentiu a voz falhando em sua garganta antes mesmo de ser pronunciada e viu o homem tirar o cinto da calça e bater com a fivela em seu braço que protegia o peitoral para em seguida deferir em seu coxa desnuda.

— ME RESPONDE SEU TRASTE! CADÊ A MERDA DO DINHEIRO? VOCÊ VAI TER QUE APANHAR PARA ME DAR AQUELA PORRA? — Seu bafo de soju conseguia ser pior que o cheiro de mofo daquela casa ou de suas roupas sujas.

— A-amanhã que é o d-dia de pagamento pai... — A voz saiu extremamente baixa e estupidamente fina, ele tremia como quem anda mal coberto em pleno inverno, soava frio, e seus olhos estavam muito arregalados e mal podia sustentar os cotovelos que apoiavam seu tronco; Sabia que ia apanhar forte por não ter o dinheiro ali consigo, talvez o que lhe restava eram centavos. Ao ver que o velho se aproximava e levantava a mão que segurava o cinto, ele tampou o rosto e suplicou: — Não bata em mim não é minha culpa, eu te dei dinheiro ontem!

— NÃO QUERO SABER, SE NÃO TEM A PORRA DO DINHEIRO VOCÊ VAI APANHAR!

A sequência de cintadas com a fivela de ferro doíam como o inferno e criavam ferimentos finos que pela força saíam sangue, mas o que lhe pegou de surpresa foi a dita cintada em sua face, aquilo fez Jisung desmoronar no choro enquanto parava de lutar e apenas aceitava as poucas restantes sem se importar, já que a dor principal vinha de seu maxilar cortado.

— Eu preferia que fosse um prostituto já que assim você teria dinheiro o suficiente, seu inútil, deveria morrer já que não presta pra porra nenhuma! — E estas foram as últimas palavras do próprio pai antes deste sair do cômodo fechando a porta com força.

Ficou ali estirado por um tempo chorando baixinho e massageando o local atingido, seu corpo todo doía e sua cabeça parecia prestes a explodir. Não pensava racionalmente, era consumido pelo ódio, medo e tristeza, as três piores emoções que o ser humano pode sentir. Ali sentia-se tão vulnerável, tão fraco, tão machucado que as palavras de seu pai pareciam fazer sentido. Abalado pegou pegou celular e mandar uma mensagem breve para o seu amigo, ele só queria desabafar e livrar-se daquela dor intensa no peito.
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Sweet Friend | hjs + lkwOnde histórias criam vida. Descubra agora