03 • A new home

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Aos poucos pensava se havia sido uma boa ideia trocar o abrigo por uma pensão.

— P-pensão com-compartilhada? — Han disse ofegante para assistente social enquanto subia a rua íngreme ao lado dela. Para piorar estava um sol relativamente quente e sua bolsa cheia pendurada nas costas doídas. Dava para ver em sua face oleosa o desgosto de ser obrigada a estar lá. — Não era um apartamento kitnet?

Rezava internamente para ser um apartamento kitnet qualquer, ter que dividir seu espaço com outras pessoas era horrível e seria trocar seis por meia-dúzia.

— É... Eu também achava mas aqui está bem claro: "Pensão Sejong – №33" e a fachada só confirma... — Choi Yejin abriu um sorriso amarelo e parou um pouco para abanar o rosto com a papelada que carregava debaixo do braço. — Bem, aqui diz que tem todas refeições de graça, lavanderia no andar debaixo e os quartos são individuais, podia ser pior.

O que tem de errado com as pessoas? Jisung pensava seriamente na onda de azar que vinha sofrendo naquelas últimas semanas. Um policial que desconfia de si, um abrigo cheio de esquisitos, uma assistente social nada simpática, recomeçar a vida do zero sem apoio algum... Só esperava que aquele lugar não fosse um completo inferno e pudesse ser alguém normal levando uma vida mediana.

Ao chegarem na frente Jisung só confirmou o ditado que sempre ouviu: "Quando a esmola é muita o mendigo desconfia". O prédio tinha o estilo dos anos 80-90, 4 andares com o térreo, largo, com várias janelas pequenas, o portão de entrada era de ferro com a pintura preta desgastada e sendo aberto por chave, a tinta clara que cobria o edifício não era retocada há bons anos, e a localidade era uma desgraça, ficava em outra periferia, longe do centro, ruas íngremes para todo lado, uma loja de conveniência na rua de baixo que para chegar lá era necessário usar a escadaria.

Ao chegarem ofegantes na frente do portão o mesmo foi aberto saindo de lá um rapaz jovem alto vestido de forma descolada: coturno preto, calça de couro, uma regata preta evidenciando os bíceps malhados e algumas correntes de bijuteria prateadas em seu pescoço além do cabelo azul escuro e um piercing spider-bite no lábio. Ele olhou para os desconhecidos com um sorriso presunçoso e soltou uma leve risada.

— Se estiverem atrás da velha ela tá no segundo andar. Boa noite moradores novos. — Ele deu uma piscadela e saiu andando com as mãos nos bolsos frontais da calça e assobiando uma melodia qualquer.

Pelo seu sotaque era evidente que não era um coreano mas eles não sabiam identificar de onde ele poderia vir, de qualquer forma foi cômico sua última frase já que estava de dia e o sol de rachar, "talvez se confundiu".

— Garoto mal educado hein. — A mulher observou com desgosto a figura se afastando e Han apenas pôde concordar.

Ambos se olharam e entraram no edifício que era ainda mais velho por dentro. Algumas fiações saíam da emenda mal feita, a iluminação era amarela e ainda se usava as lâmpadas incandescentes, o local cheirava a mofo e tinha dois corredores escuros que mesmo assim mostravam as portas que tinham em ambos, a escada ficava no meio e por ali passaram evitando o que seria o primeiro andar.

Ao chegarem no segundo piso a senhora em torno de 50-60 tinha acabado de fechar a porta corta-fogo que isolava o andar das escadas. Ela usava uma camisa florida genérica, bermuda preta e um crocs da mesma cor, era muito fofa e tinha uma vibe de avó favorita.

— Você deve ser o novo morador certo? — Ela estendeu a mão para cumprimentar Han. — Me desculpe por não poder os recepcionar, pensei que viessem a tarde.

— Sem problemas. — Yejin falou e cumprimentou a senhora também. — Sou Choi Yejin a assistente social responsável por cuidar judicialmente do Sr. Han Jisung.

Sweet Friend | hjs + lkwOnde histórias criam vida. Descubra agora