Jisung ficou horas em seu quarto encarando a parede vazio depois do ocorrido. Porque não afastou Minho e abriu a maldita porta? E porque a camisinha usada estava em seu bolso dentro do ziplock se tudo foi apenas um sonho? O que de fato aconteceu depois que colocou a camisinha no bolso — 1) a colocou no bolso, deitou, dormiu e teve um pesadelo; 2) aquilo não foi só um sonho, aconteceu de verdade, alguém o dopou e o fez acreditar que eram só delírios; se a segunda opção fosse real, porque estaria sem marca alguma e como podiam dopá-lo tão eficientemente? Como foi drogado?
O garoto ficou horas e horas se questionando sobre sua vida, tudo aquilo era real ou apenas um delírio e na verdade seus pais ainda estavam vivos e o esperando em casa? Tinha que voltar para sua casa e ver o que restou de sua miserável existência — mas claro, antes tinha que resolver suas pendências com Seo. Já possuía o DNA de Minho, agora tinha que pegar o da Sra. Lee, e aquilo era difícil. Não tinha como roubar calcinhas usadas — era nojento e pervertido demais aos olhos de quem visse de fora — tampouco obrigá-la a cuspir num pote ou sair roubando copos após ela usar. Sua única saída era tentar roubar alguns fios de sua escova de cabelo ou pegá-los do chão, e isso era igualmente difícil, afinal, nada garantiria que haveria fios com bulbo capilar, podiam ser fios quebrados na metade e aquilo não adiantaria — mas era sua única opção.
Quando deu-se conta de que ainda havia um plano a cumprir eram pouco mais de 16:30 da tarde, e naquele horário, se tivesse sorte, ela estaria na cozinha tomando o café da tarde.
Saiu do quarto ainda vestindo o moletom e com o ziplock no bolso, e tentou fazer tudo o mais silencioso possível, inclusive seus passos até a cozinha que ficava no andar debaixo. A cada passo sentia sua espinha gelar. Segurava a respiração e rezava para que ninguém o atrapalhasse até chegar lá.
Ji-ha estava passando o café e cantarolando alguma melodia animada, ela estava totalmente focada naquela atividade que nem notou o leve ranger que a porta fez ao Han abri-la. Ficou a observando em silêncio por alguns minutos tentando criar coragem para sair de lá sem ser percebido — e também estava quieto pois pretendia ouvir algum ruído nos demais andares, mas não ouviu nada, tudo estava muito silencioso e isso o despertou curiosidade já que havia barulhos por lá praticamente o dia inteiro. Virou as costas e caminhou silenciosamente para o andar de cima e se direcionou ao quarto da senhora que era logo o primeiro.
A porta estava trancada mas aquilo não o impediu — retornou ao seu aposento e pegou 2 clips. Havia experiência com aquilo já que várias vezes seu pai sumia com a chave de casa por estar bêbado e não tinha como entrar dentro de casa. Forçou a porta e finalmente conseguiu abri-la. Adentrou o cômodo e encostou a porta atrás de si. Ele olhou ligeiramente para o ambiente que parecia mais limpo e novo que os demais da pensão — inclusive ela tinha uma televisão de tubo, ventilador, papéis de parede floridos e novos, um pequeno vaso com orquídeas e a cama parecia confortável. Sentiu uma leve inveja mas se concentrou em sua tarefa rapidamente ao saber que estaria morto se fosse pego em flagrante, então procurou nas gavetas da cômoda e pegou a escova de cabelos florida e colheu todos os fios colocando-os no ziplock.
Suspirou fundo e engoliu todo o medo ao permanecer ali por mais alguns minutos para vasculhar uma pequena pasta bege encontrada na última gaveta debaixo de panos. A pasta era de papel fosse e demonstrava que era velha pelo desgaste natural. Havia uma foto dela e MinHo quando ele era mais novo, uma certidão de nascimento antiga, onde o nome da criança estava completamente borrado e ilegível mas dava pra compreender que havia nascido em 2000, era filho de Lee Ji-ha e não possuía o nome do pai. Jisung ficou confuso, MinHo nasceu em 1998 então claramente aquela certidão não pertencia a ele. Havia apenas uma foto pregada atrás do papel e era de um bebê no colo de Ji-ha.
Han engoliu a seco e travou uma guerra mental se devia ou não levar aquela pasta consigo — no fim decidiu apenas tirar fotos das evidências e guardar a pasta no mesmo lugar de antes e saindo do quarto em seguida. Devia estar tão avoado que não percebeu Chan adentrando no andar no exato segundo que saiu do quarto da velha. Ele o olhou desconfiado, encostou a porta metálica do andar e caminhou até o garoto que estava encostado na parede em frente a porta totalmente paralisado.
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Sweet Friend | hjs + lkw
Fanfiction"E este foi o começo do meu inferno". ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Jisung é um garoto comum de 20 anos que trabalha numa farmácia local. Como sente-se solitário a maior parte do tempo, a Internet vira seu passatempo a qualquer hora. Enquanto rolava o feed do Instagra...