Sweet Friend | hjs + lkw

05 • Insanity

As horas pareciam não passar nunca. Jisung já tinha tomado banho, arrumado suas roupas no pequeno armário, limpado o quarto e ainda eram 11h, faltava 1h para ir conversar com o velho. Naquele momento se encontrava mexendo no insta enquanto bebia um pouco do energético que comprou minutos atrás na lojinha de conveniência. De fato não tinha muito o que fazer além de admirar a vida perfeita dos outros, e saber dos podres dos famosos e as vezes comentar pra gerar polêmica, no fundo era vazio como todos aqueles que julgava.

Os minutos se passaram e a ansiedade apenas aumentava, então próximo do horário combinado ele subiu e ficou no telhado fumando e observando a movimentação na rua. Depois de alguns minutos ouviu a porta ranger e era ninguém menos que Shin com sua típica cara de paranóia, olhando sempre para os lados e se certificando de estar sozinhos, seus olhos caídos mas arregalados davam um certo medo no rapaz. Aos poucos ele se aproximou e ao chegar numa distância considerável suspirou e olhou de volta para a porta enquanto mantinha as mãos nos bolsos como se segurasse um objeto afiado por dentro.

— O que quer saber garoto? — Sua voz era baixa e rígida, parecia que o estresse fazia parte de sua personalidade.

— O que aconteceu com as outras pessoas que moravam aqui? — Engoliu a seco e fitou seu perfil, notando a barba por fazer e as olheiras.

— Eles chegam aqui, passam alguns dias falando que seus pertences sumiram, e depois eles somem também. Todos desconfiavam do moleque de cabelo azul, pareciam tão loucos ao longo dos dias e o último... — Seus olhos pareciam ainda mais obscuros, e sua boca se esticou numa tentativa falha de esconder o horror que a memória lhe causou. — Eu sei muito, estou aqui há 6 meses, e não sei quando irei ser eliminado.

Han franziu o cenho e olhou para os lados também, desconfiado de que podiam os ouvir. Entendia o que o velho sentia, talvez não fosse tão louco assim.

— O que aconteceu com o último?

— Ele cortou o próprio dedo, dizia que se lhe roubaram a aliança lhe roubariam o dedo também. Ele perdeu a cabeça em menos de 15 dias... — Devagar virou a cabeça para o lado para encarar o jovem e estreitou os olhos cansados. — Esse moleque de cabelo azul tem outro que o ajuda... ninguém o viu ainda.

Jisung estava assustado e perdido, até que ponto isso era verdade? Sua sanidade não estava em dias, tampouco a do senhor. E aquilo lhe abriu uma questão: quem seria o ajudante?

— Mas porque ninguém... faz nada? Você está aí vendo todo mundo sumir e continua parado! — Não estava em posição de julgá-lo, porém, suas atitudes eram estranhas pra quem sofria tanto!

Shin revirou os olhos e voltou a encarar a porta, em momento algum tirou as mãos dos bolsos.

— Moleque, acha que é tão fácil denunciar? Quem vai acreditar? E eu não posso pisar ou ter meu nome na boca da polícia por um tempo sabe... — Estreitou os olhos novamente e encarou por poucos segundos o chão antes de voltar a encarar a porta com um olhar mais vazio que antes.

Havia tanta raiva nele em relação àquele lugar, de fato parecia uma maldição pra si, não necessitava de nada mais que a paranoia e medo constantes para fazer de sua vida um inferno. E era no mínimo curioso o que ele fez no passado pra não poder chamar a atenção da polícia ultimamente. Não ia perguntar por ser óbvio demais e deixá-lo com medo do senhor. Coçou a nuca e passou a língua nos lábios secos a fim de umedecidos.

Aquele curto silêncio se instalou no ambiente antes de Han perguntar-lhe:

— Como eles sumiam?

— Iam como fumaça, nem pareciam que tinham morado lá e nenhum parente chegou a procurar... Parece que eles foram uma ilusão pois não sobra nenhum vestígio de sua existência, e a dona sempre dá a desculpa que foram embora, deixaram de pagar o aluguel, fugiram. Ela sabe de algo. — Olhou de relance para o relógio barato no pulso e pigarreou dando um passo para a frente e estreitando os olhos. — Ele já deve estar de volta... — Suspirou pesadamente e tirou a mão esquerda do bolso. — Melhor calar a boca.