A Princesa do Mar 🧜🏻‍🌊🌺A Child of Sea Book Two🌺🌊

Capítulo Dezenove

Carrick

Cercados pelo mar Egeu, nadamos até o sol se pôr, havia uma beleza selvagem em Kaya, algo que eu não conseguia entender e muito menos explicar. Quando a noite caiu eu a chamei para voltarmos para a casa, mas ela insistiu que ficássemos. Esta era nossa última noite aqui, e eu tinha o sentimento de que a recepção na volta para casa não iria ser nada fácil.

- Quero te mostrar uma coisa,- ela disse sorrindo segurando em minha nuca e, de repente, me soltou nadando para as profundezas.

Mergulhei rapidamente atrás dela, mal conseguindo distinguir as ondas de seus cabelos e o maiô verde brilhante que ela usava, sem o sol para iluminar a água cristalina, era cada vez mais escuro. De repente à uns 6 metros abaixo ela parou, a água movendo seus cabelos ondeando para o lado. Me aproximei e percebi que ela tinha os olhos fechados e o rosto virado para cima, então ela abriu os braços e abaixo de nós um arco-íris luminescente começou a iluminar as algas que ficavam no fundo do mar. De todas as cores, como se uma mão invisível as tocasse ao passar, elas foram acendendo, criando um espetáculo visual e assustando alguns peixes que se alimentavam entre elas. E no meio disso tudo Kaya se via entregue de braços abertos, como uma Deusa da água há muito esquecida, que ressurgia para retomar seu domínio. As palavras me escaparam e fiquei perplexo, como ela fez aquilo? Como isso era possível?

Depois pensei ter sido apenas coincidência que isso havia acontecido exatamente no momento em que ela mergulhou, afinal era impossível alguém fazer algo assim, não era?

Kaya

Observei ele com atenção ao voltarmos para a casinha, ele estava com uma expressão perplexa desde que fiz aquilo no mergulho. Eu temia contar nosso segredo para ele e, até ter certeza do que acontecia entre nós, não poderia dizer nada. E ainda havia a questão do meu pai. Eu não fazia ideia de como ele reagiria ao saber que despistei Kaleo e Raphael para sumir do mapa em uma aventura, e com Carrick Stanton ainda por cima. Guardar segredo sobre sua família era o mais difícil, pois eu notei que ele ainda sofria por eles, as vezes ele falava enquanto dormia e eu o ouvia chamar pela sua mãe, aquilo partiu meu coração. Eu esperava que ele não me odiasse por isso, mas o fato era que, seus pais não poderiam jamais voltar a viver na superfície novamente. Não havia como explicar o ressurgimento deles após tantos anos desaparecidos.

Linda, a mãe de Carrick sofreu um ferimento grave na cabeça e ficou em coma por 2 anos inteiros, então nós explicamos a seu pai que, se ele ficasse até que ela se recuperasse, o que não era garantido, ele não poderia retornar para sua antiga vida. Foi uma decisão muito difícil mas, ele resolveu ficar, nossos curandeiros e tecnologias eram mais avançados que as dos humanos, as chances dela seriam muito maiores. E assim ele ficou, com lágrimas nos olhos por sua esposa inconsciente e seu único filho que, de uma só vez, estaria de luto por ambos os pais. Ao acordar, ela se lembrava de muito pouca coisa e sempre dizia que havia um pedaço dela faltando, que ela não sabia onde estava, Harry seu marido, o pai dele, achou melhor não contar a ela ainda sobre o filho e assim, muitos anos se passaram.

Ao entrarmos na casinha ele me olhou um pouco estranho e ofereceu para tomar banho primeiro, o que aceitei rapidamente, pegando minhas roupas e fechando a porta do banheiro atrás de mim. Suspirei ao me encostar na porta, pensar nesse assunto estava começando a me deixar esgotada.

Na manhã seguinte quando embarcamos para ir para casa, eu tinha um bronzeado considerável e um milhão de coisas se passando em minha mente. Carrick afivelou o cinto de segurança do avião e segurou em minha mão, sorrindo quando eu olhei para ele.

- Gostou da viagem? - perguntou.

- Sim, foi maravilhosa, - respondi baixando os olhos para seu terno escuro com riscas e uma gravata azul cobalto que ressaltava seus olhos. Foi um pouco difícil para minha não deixar surgir minha cauda e nadar muito mais rápido e mais fundo, era algo que vinha naturalmente para nós.

Quando permitiram retirar o cinto após a decolagem, ele me colocou sob seu braço e descansou o queixo em minha cabeça. Palavras eram desnecessárias...