nós meio que estamos...

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— Tem duas pessoas de olho em você — Yuta chega perto o suficiente para sussurrar no meu ouvido. Eu ignoro seu comentário e me inclino sobre o balcão do bar para pegar minha bebida. — No mínimo. Pelo menos essas estão super óbvias.

— Quem? — meu tom demonstra interesse, porém quero as informações por questões de ego.

— Uma menina e um rapaz — ele ri baixinho. Está tocando algum trap americano que não faço a mínima ideia do que fala. — Você está cobiçado. Invejo o seu mel.

Acabo rindo contra a boca do copo. Enfim, dou um gole que aquece tudo aqui dentro.

— Não posso ficar com ninguém, você sabe.

— Eu sei, eu sei... Só estou dizendo... Porque ontem você ficou falando do Ten e achei que você estava querendo contato físico.

— Eu não estou querendo — reviro os olhos. Pouso o copo no balcão outra vez e fico olhando ao redor.

— “Porra, Yuta, queria tanto estar sentando na rola do Ten agora...” — ele muda o tom de voz como se quisesse me imitar, só que sai de uma maneira tão erótica que ele complementa com um gemidinho manhoso no final. É óbvio que não falei assim. — Vê se engana outro, Taeyong.

— Eu não falo a palavra “rola” — nessa agora peguei-o no flagra.

— Errata: você não fala a palavra “rola” quando está sóbrio — ele gargalha, porém vira-se para chamar o garçom. — E ontem você não estava.

— E eu não falaria isso dele. Eu provavelmente estaria dizendo que quero agarrá-lo ou algo do tipo.

— Tem medo de admitir que ama ser o passivo, Lee Taeyong? — sua pergunta me deixa sem graça. Acho que é exatamente isso. — Para de bancar o idiota, isso não é motivo de ter vergonha. Se você gosta, isso que importa. A questão é que... Ou você esquece o Ten hoje à noite, ou vou te convencer a sentar na rola de outro macho para que assim você esqueça. De preferência aquele de jaqueta jeans que não tira os olhos de você.

— Não! — seguro seu braço. — Tá bom, eu vou tentar não pensar nele. É só que ele é meu namorado, então...

— Shh... — o bendito japonês surpreende-me com um tapa fraco na lateral da cabeça. — Esqueça o nome dele. Vamos beber. Vamos dançar. Vamos rir dos micos dos outros. Preciso te contar sobre o golpe que caí um dia desses...

Eu sorrio com isso e aquiesço. A ardência não me deixa com raiva. Yuta é maluco e está meio bêbado. Eu sou maluco e estou meio bêbado.

Nakamoto e eu somos uma dupla definitivamente esquisita. Como estamos em dois, não largamos a mão nunca. Nem mesmo quando uma moça o chama para dançar (ou sei lá o que ela queria dizer olhando-o tão ambíguo enquanto enrolava o cabelo compulsivamente). Ele não aceitou, ficou comigo. Eu perguntei o porquê, mas ele disse que está cuidando de mim.

— É, mas mesmo assim — eu comento, deixando meus ombros ousarem um popping dance fajuto na batida da música. — Quero que você se divirta também.

— Eu estou me divertindo! — ele tenta fazer o mesmo movimento que eu. Ambos rimos.

— Ei! — alguém chega perto o suficiente para que consigamos escutar claramente. Quando pouso o olhar no indivíduo, fico morto de vergonha. — Então... Eu só queria dizer que amei sua jaqueta. Quer dançar um pouco comigo?

Olho para Yuta, que está fingindo não esconder o riso. É claro que ele sabia que o moço de jaqueta jeans iria dar um passo em algum momento.

— Ahn, nós meio que estamos... — começo a falar uma desculpa sobre estarmos juntos hoje, mas sou interrompido.

crises et chocolat༶✎༶tae. tenOnde histórias criam vida. Descubra agora