taeyong
Quando criança, as pessoas perguntam quem nós queremos ser quando crescermos. E então nós respondemos, como se nunca fôssemos crescer, como se não tivéssemos que correr atrás daquilo quando a hora chegar. Mas a hora não chega, porque a vida não te para no semáforo e diz: ei, a NASA abriu aquele concurso, o que acha de se inscrever e ir se preparando para a prova? E o que quero dizer é que nada chega de fato a se tornar real a menos que eu a torne real. Seja através de uma crença cega de que é ou que irei conseguir ou seguir o roteiro de outrem. Acontece que a idealização supera a realidade muitas vezes. Acontece que o mundo das ideias chega a ser mais real que o mundo material. Antes de se concretizar, aquilo já foi algo na minha cabeça.
— Quanto falta? — Ten me pergunta. — Desculpa se eu estiver perguntando demais.
— Você me perguntou há cinco minutos atrás — abro um pequeno sorriso para que ele fique relaxado. Estou dirigindo, então não posso estar olhando seu rosto o tempo todo. — Não falta mais de trinta minutos.
— Ok, ok... — ele respira fundo.
Viro o rosto para olhá-lo no banco de passageiro. Ele está com menos maquiagem que o comumente, um pouco de base e só. O cabelo está muito bem penteado, até demais. Ele provavelmente usou gel, porque está para trás, bem fixado e brilhante. Está sem brincos. Eu tive pensamentos sobre como ele saiu de casa, mas não falei nada. Não ainda.
— Tá tudo bem? — questiono ao olhar pelo retrovisor.
O percurso a Sokcho não é tão longo assim. Ten gosta de exagerar. Na verdade, acho que ele está ansioso. Eu queria que ele se sentisse bem em ir conhecer meus pais, porém isso tem deixado ele meio deslocado. Por exemplo, eu mal o vi piscar os olhos durante a noite. Quer dizer, eu dormi pra caramba, então é difícil saber com clareza se de fato ele chegou a dormir, mas o fato de ter dormido depois de mim e acordado antes já é uma prova. Certo?
— Tá, sim — sua resposta me parece um pouco superficial.
— Esse é o momento em que você se abre.
Um suspiro escapole dos seus lábios e depois leva algums segundos até responder:
— Olha, Tae... Desculpa se eu estiver parecendo meio... Inseguro...
— Nem percebi — brinco. Meus olhos encontram seu rosto vagamente, porém percebo que está com os braços cruzados e o olhar distante para a estrada. — Está nervoso para conhecer meus pais?
— Claro que sim. E se eles acharem que não sou bom para você? Quer dizer, eu sei que sou incrível, mas eles podem pensar que não e ficarmos num clima constrangedor. Não quero um clima constrangedor.
— Então é por isso que fez essa droga no cabelo e tirou os brincos?
— Meu cabelo não está uma droga — ele toca o próprio cabelo levemente com as dontas dos dedos da mão direita.
— Está. Sabe por quê? Porque não é você. Então bagunce ele, ponha no mínimo três brincos em cada orelha e volte a sorrir que nem um desgraçado maravilhoso para me seduzir. Esse é você.
— Eu sou isso? — sua voz sai anasalada, sinal de que ele está rindo. Uma pequena gargalhada surge ao final da pergunta.
— Sim — estico-me o suficiente para bagunçar uma parte do seu cabelo.
Ele recua balbuciando impropérios, mas não ligo.
— Te odeio — é o que me diz. Mas não sabe mentir muito bem.
— Também te amo — lhe dou uma piscadela antes de trocar de marcha. — Mas por que está nervoso?
— Não sei. São seus pais, né? Você sempre me fez pensar que eram meio... Não sei, mais sérios ou conservadores.
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crises et chocolat༶✎༶tae. ten
Fanfiction✎ ༶ ❝ taeyong prefere chocolates, ainda que venda flores ❞ ༶ ✎ ༶༶ ten carrega suas crises, ainda que lhe tragam dores ༶༶ ➴ cover and plot by me, myself and i. ༶nct {℠} fanfiction ➴ continuação da fanfic "thé et fleurs" ➴ dois capítulos p/semana...