nós vamos nos matar antes do ano acabar

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Lavamos a louça juntos. Juntos, como um verdadeiro casal. Separamos o lixo também juntos. Escovamos os dentes juntos. Vamos juntos ao quarto, mas brigamos sobre quem vai ficar em qual lado. Nunca antes tinha acontecido, mas agora Ten quer roubar meu lugar e eu não posso deixar isso acontecer. Ainda mais porque minha caminha é apertada, então qualquer espaço é válido.

— Tira o elefante — ele fala, com um joelho apoiado no colchão e os braços cruzados na barriga, olhando para o meu elefante de pelúcia sobre a cama.

— Eu não vou tirar Tedilson, ele dorme comigo sempre — falo.

— Ou você escolhe Tedilson ou eu — Ten olha pra mim.

Solto um suspiro e pego um travesseiro da cama.

— Vá dormir na sala, por favor — eu entrego o travesseiro para ele.

Ele ri, porque não me leva a sério.

— Vá dormir na sala — repito.

— Eu quero dormir na sua cama, não posso?

— Você me fez escolher e eu fiz minha escolha. Vá dormir na sala.

— Porra... — ele se joga na cama entre risos e depois abraça meu elefante. — Eu posso ficar com Tedilson, então. Não precisa me mandar dormir na sala, seu arrogante.

— Arrogante é você — resmungo, engatinhando na cama para me deitar ao lado dele.

— Se você reclamar, eu vou dormir no motel do outro lado da rua e quero ver o que você vai falar.

— Se você for sozinho, não tô nem aí.

— Ah, que bom — ele faz com que irá se levantar, mas eu o seguro pelos braços e mantenho seu corpo na cama. — Pensei que por você tudo bem eu dormir lá.

— Eu quero você aqui — enfio meu braço por debaixo da sua nuca e depois puxo ele ao meu encontro. Beijo sua bochecha direita três vezes até ele sorrir. — Fique aqui, senão te amarro na cama.

— Você quer ou não quer que eu durma na cama com você? Sério, estou ficando confuso.

— Quero, só que sem você reclamar. Se reclamar demais vai dormir no sofá ou no motel.

— Você quer dormir comigo no motel?

Eu rio da sua palhaçada e jogo meu outro braço ao redor da cintura dele. Amo o corpinho macio e cheiroso dele. Amo amo amo. Amo a barriguinha dele e o umbiguinho. Vou cutucar o umbigo dele, ninguém mandou ir dormir sem camisa.

— Eu nunca fui a um motel, sabia? — eu segredo a ele, deslizando meu dedo pela sua barriga para tentar tatear o umbigo.

— Eu também não — ele ri.

Irra! Achei o umbigo!

— Vamos ao motel pra descobrir como é? — eu sugiro.

Cutuco seu umbigo com meu indicador e ele contrai o abdômen, então ri. Eu fico ao máximo tentando cutucar mais, só que Ten segura minha mão e fica afastando da barriga dele.

— Vamos? — eu insisto. — Vamos agora.

— Não. Se formos pagar, vamos ter que usufruir... Eu estou muito cansado para ficar fazendo peripécias com você num motel, Taeyong — ele curva as costas no seu showzinho para tentar fugir de mim e da minha cutucada no umbigo.

— Então vamos algum dia? — eu sorrio e desisto de provocá-lo. — Hm? Nem que a gente não faça nada, só converse ou fique mexendo nas coisas.

— Eu vou pagar só para ficar mexendo nas coisas?

— Nós vamos pagar — eu corrijo. — Você não vai pagar só.

— Prefiro pagar só.

Reviro os olhos.

— Deixa eu ver se entendo sua lógica: eu não posso pagar, só você paga, mas você não quer pagar porque não quer gastar dinheiro com isso.

— Exatamente.

— Porra, Ten... — eu sacudo-o pelo ombro.

— Tá, então vamos só uma vez... E eu pago tudo. Você me paga lá dentro.

Ué.

— Ué, como assim? — fico olhando para a parede, tentando calcular.

— Você paga sua parte lá dentro.

— Como, se você já vai pagar?

— Caralho, Taeyong! Você vai pagar sua parte com sexo, credo! Tu é lerdo demais!

— Aaah... — eu rio. — Ah, não, prefiro pagar em dinheiro.

— Sério mesmo que você prefere pagar em dinheiro? — ele me olha com esse olhar meio malícia meio maluco.

Eu mordo o lábio inferior e ele acaba me dando um selinho, seguido por um comentário me chamando de gostoso.

— Não... — respondo sinceramente e ele me olha todo envaidecido por ter razão.

— Prometo que você vai poder usar frigobar e pedir coisas para comer — ele joga os braços ao redor do meu pescoço e gruda o corpo ao meu, num abraço apertado. — Além de ficarmos com a melhor suíte.

— É sério que você quer gastar esse tanto de dinheiro comigo?

— Querido, eu já gastei tanto dinheiro com você que eu já perdi as contas. Isso não é nada. Quando eu gosto de algo ou alguém, eu invisto. Então quero investir em você.

Eu sinto meu rosto queimar com isso e tento segurar um pouco o sorriso, mas não dá.

— Que fofo, você ficou todo vermelho... — ele aperta minhas bochechas, o que piora a situação.

— É que você faz tudo por mim e eu não faço nada por você... — eu abaixo a cabeça e puxo o cobertor para o meu rosto.

— Você existe, isso é mais que suficiente — ele afasta o cobertor do meu rosto e me dá um beijinho na bochecha.

— Eu sei lá... Você já me levou à Paris, Santorini, Atenas, Bangkok... Onde eu te levei?

Ele fica uns instantes olhando para o meu rosto, parece ponderar.

— Você já me levou a Hongkong...

Eu gargalho na mesma hora, porque... Porra, desde quando o Ten fica usando essas gírias coreanas? Que vontade de pegar a cabeça dele e meter na parede e depois dar beijinho nele falando "passou, passou, bebê".

— Aff, você é impossível — eu me ajeito melhor na cama e apoio a cabeça em seu peitoral. — Vou te dar um murro real.

— Sabe o que eu acho? — Ten joga o braço ao redor de mim, mas depois começa a acariciar meu cabelo. — Acho que nós vamos nos matar antes do ano acabar.

— Eu acredito nisso fielmente — é o que respondo.

Ele sorri e depois se estica para desligar a luz. Tedilson está ao meu lado, e não entre eu e Ten, por isso estamos grudados. Sinto a quentura do seu peito contra a minha orelha e no silêncio do quarto escuto seu coração batendo. Ele me faz carinho na cabeça para eu dormir e eu estou com tanto sono que acabo apagando sem nem perceber...

crises et chocolat༶✎༶tae. tenOnde histórias criam vida. Descubra agora