28• Vazio

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Um pouco mais tarde chegamos em um prédio velho e descuidado.
- Que muquifo é esse? - Jimin perguntou. - Está de brincadeira que vai cuidar da Yana aqui?
- Calado, rapaz. - Seokjin falou estacionando o carro e logo saindo. Yoongi novamente pegou o corpo desmaiado da Yana e eu segurei a mão do Jimin e logo entramos naquele local escuro. Não percebi que estava tremendo até que o Jimin apertou ainda mais minhas mãos e me olhou como se dissesse que estava tudo bem e eu assenti. Um elevador se abriu na nossa frente e entramos no mesmo.
- Um esconderijo. Parece até aqueles filmes de espiões. - Ele cochichou para mim e percebi o Seokjin revirando os olhos me fazendo dá um sorrisinho fraco.
- Você sempre tem que ser tão bobo? - Perguntei no mesmo volume.
- Para suavizar o clima. - Piscou para mim. O elevador abriu e na nossa frente tinha um hospital subterrâneo enorme. Acho que é aqui que todas as famílias poderosas ou mafiosas se encondem quando precisam de ajuda.
Enfermeiros logo vieram pegar o corpo da Yana, a colocando numa maca e levando para uma das salas.
- Ela vai ficar bem, não é? - Perguntei para o Seokjin e o mesmo confirmou.
- Onde está Maya? - Yoongi o perguntou. - Preciso vê-la.
- Você é o que dela? - Jin tirou os olhos do celular e o encarou.
- Namorado dela, aonde ela está? - Yoongi não desistia. Seokjin riu e bateu em seu ombro.
- Ela está descansando no momento, mas você pode ver ela ali naquele quarto. - Ele apontou o dedo e o Yoongi logo relaxou os ombros e foi andando. - Ei. Não conte nada sobre a prima dela, ok?
- Sim, senhor.

Ficamos eu e o Jimin esperando na recepção daquele hospital enquanto Seokjin resolvia os nossos problemas.
- Estou ficando preocupada, nenhum enfermeiro passou para nós avisar da Yana. - Falei agoniada.
- Calma, amor. Eles vão vim.
- Que catástrofe que aconteceu nesses últimos dias, meu Deus. - Afundei meu rosto em minhas mãos e senti meu corpo cansado. Meu irmão em coma, meu cunhado amputado, Maya sem andar, Yana agora machucada e eu com sangue de um homem em minhas mãos.
- Senhorita Joey? - Um homem me chamou.
- Sim, sou eu. - Levantei e me aproximei do mesmo. - Yana está bem?
- Em recuperação. O choque causou o desmaio, teve uma costela lesionada e se não tivesse trazido ela a tempo poderia causar lesões cerebrais pelo enforcamento. Ela teve duas paradas cardíacas. - Ele parou um pouco e limpou a garganta. Minhas mãos já estavam suando. - Conseguimos trazê-la de volta com sucesso. - Não sabia que estava prendendo a respiração até eu soltar com força que fez meu pulmão ardeu, mas de alívio.
- Posso ver ela?
- Sim. Demoramos para comunicar vocês para dar um momento de descanso para ela e deixá-los ir até o quarto para vê-la.
- Muito obrigada, Doutor. - O abracei sem vergonha nenhuma. Eu estava grata e aliviada por eles terem a salvado.
- Me acompanhem. - Ele nos mostrou a direção do corredor e acompanhamos até o quarto 21. - Fiquem a vontade.
- Obrigada. - Me curvei.

Jimin abriu a porta para eu entrar primeiro. Olhei para a cama e vi minha amiga sentada e lendo o livro "Desejo".
- Mesmo toda machucada você tem que ler algum livro? - Perguntei rindo fraco para a mesma, que soltou o livro em seu colo e sorriu. Seu rosto pálido estava roxo com os socos que foram desferidos, sua cabeça enfaixada igual o seu tronco.
- Ler nunca é demais. - Ela fez uma careta para deixar o livro na cabeceira.
- Ei, não se mexa, teimosa. - Me aproximei e peguei o livro de sua mão e o deixei na mesa.
- Eai, novata. - Jimin a cumprimentou sorrindo. - Você deu um susto enorme nessa aqui. - Ele veio para o meu lado e me abraçou nos ombros.
- Por que vieram atrás de mim e como me acharam?
- Kate me ajudou a rastrear seu celular e eu queria ver você antes de vocês partirem. E chegamos no momento certo. - Falei e vi ela fechando os olhos parecendo que estava tentando voltar para a cena no hotel.
- Não ouvi ele entrando. Deixei a janela aberta, fui descuidada para um cacete.
- Você não iria saber que ele entraria, aliás ele foi baleado na caverna. - Disse e segurei sua mão direita.
- Pelo jeito foi de raspão porque a blusa dele estava pouco manchada antes de você atirar nele de verdade. - Jimin disse.
- Você atirou nele? - Yana perguntou chocada.
- Não consegui ver ele te machucando e foi no automático. - Me encolhi um pouco.
- Matar a primeira pessoa nunca é fácil de digerir, Joey. - Ela apertou minha mão. - Obrigada.
- Na verdade, depois que eu atirei nele eu senti paz. - Confessei, fazendo ela ri fraco.
- Todo mundo sentiria paz se matasse aquele idiota. Você foi forte, amiga.
- Foi mesmo, nem eu e nem Yoongi tivemos reação quando vimos aquilo. - Jimin falou.
- Yoongi foi? Ele está com Maya? Ela está bem? - Preocupada, Yana se mexeu na cama e gemeu pela dor em sua costela.
- Ei, calminha. Ela está bem pelo que falaram, ele está com ela. - A acalmei. - Para de se mexer, Yana.
- Que merda.
- Para de ser teimosa.
- Aprendi com a melhor. - Sorriu mas logo ficou séria. - Vamos embora daqui a pouco. Eu quero me desculpar por tudo que trouxe para vocês, seus amigos e sua família.
- Não foi você, Yana.
- Foi sim, Joey. Meu objetivo era só um e eu acabei me perdendo e levando pessoas importantes junto comigo. - Ela piscou algumas vezes para não chorar e respirou fundo. - Seu irmão era meu objetivo, e falo agora, que sim eu iria matá-lo. Meu pai me deu apenas algumas informações sobre o fornecedor e quando eu descobri que era o Jungkook, o homem por quem me apaixonei, o homem que me entreguei completamente sem pensar duas vezes, era o mesmo alvo que eu estava na mira. Por isso me afastei aqueles dias, não iria machucar ele e muito menos vocês que eram próximos. Me afastei e me fechei por medo de tudo, de vocês, de meu pai, porque a partir daquele dia eu sabia que não iria conseguir completar minha missão, porque eu o amava e nunca o machucaria. - Suas lágrimas e as minhas vieram juntas. - Eu sou um monstro, Joey. Me desculpa por ter escondido minha história, meu passado, meus pecados. Tudo isso foi sim culpa minha e eu vou carregar pelo resto da minha vida. Eu espero que a vida de todos vocês possam continuar e esquecerem de que eu, Maya ou qualquer um da família Marino esteve aqui.
- Não podemos esquecer vocês, não depois de tudo que passamos juntas. - Tentei falar, mesmo sentindo um nó em minha garganta.

𝐍𝐚 𝐌𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐀𝐦𝐨𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora