35• Efeito Dominó

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*Yana*

Cheguei em casa e fui direto para ao jardim onde ficava os túmulos do meu amigo e meu primo e cai de joelhos sobre eles, deixando o ar entrar em meus pulmões fazendo cada membro do meu corpo queimar de dor. E me larguei ali, chorando como se o mundo inteiro tivesse acabado, como se tudo na minha vida estivesse desmoronado como um efeito dominó. Me arrependia por todas as escolhas, todos os erros, todos os sentimentos que um dia eu provei em todos esses anos. E não era a dor que me dilacerava por dentro, mas sim essa merda de arrependimento. É possível repousar sobre qualquer dor de qualquer desventura, menos sobre o arrependimento. No arrependimento não tem descanso nem paz, e por isso é a maior ou a mais amarga de todas as desgraças. Meu pai me falava isso e eu agora provei o que realmente essa amargura era.
- Se vocês dois estivessem aqui iriam me entender? - Perguntei para Jhope e Jackson mesmo sabendo que eles não me responderiam. - A dor que fiz vocês passarem foi pior do que tudo que estou sofrendo. Nunca vou ser forte e determinados que nem vocês, nunca serei madura o suficiente para aguentar qualquer fardo desse mundo. Estou pagando e ainda vou pagar por tudo que fiz a vocês, ao Tae, a Maya e a todos os outros, mas eu estou me matando a cada dia que passa. Eu sinto isso. Eu sinto o gosto forte, sinto a morte batendo no meu corpo como se estivesse com agulhas me espetando em cada pedaço da minha pele, me tirando forças e tudo que um dia eu pensei que fosse capaz de conseguir. Me perdoem por não conseguir dar orgulho para vocês, de não ser feliz, de não ser forte o suficiente. Me perdoem. - Chorei e chorei. Derramei todas as lágrimas que estavam presas e senti uma exaustidão e uma fraqueza enorme no meu corpo até que por fim dormir ali mesmo.

Acordei no outro dia sentindo como se tivesse sido atropelada por 5 caminhões, meu corpo doía a cada movimento que eu tentava fazer. Minha cabeça quase explodindo e meus olhos ardendo...
- Puta que pariu. - Gemi.
- Filha, você acordou. - Minha mãe se aproximou da cama e passou um pano na minha testa. - Como você está se sentindo?
- Acabada. - Forcei um sorriso, mas até isso doía. - A senhora me trouxe para cá?
- Não, seus tios me ajudaram. Ontem fui andar no jardim a noite e te encontrei dormindo, se tremendo toda, sua pele ficando que nem gelo. Você podia ter pegado uma hiportemia.
- Me perdoa. - Falei observando o olhar de preocupação da minha mãe, até isso eu estava a fazendo sofrer. Tentei me levantar, mas não conseguia.
- Fique deitada até o remédio fazer efeito. O que houve ontem? Pensei que estaria no jantar.
- Eu estava, mas não consegui mais ficar lá.
- Por que? - Porque eu sou fraca, mãe Pensei.
- Não estava me sentindo bem.
- E você veio para cá dormir no jardim, no meio da noite fria? Eu te conheço, Yana. Você não sai de um lugar atoa, você saiu porque não conseguiu olhar para o homem que ama com outra mulher.
- Se a senhora sabe, por que perguntou?
- Queria saber se tinha coragem para confessar para si mesma isso em voz alta. - Sorriu fraco. Ela segurou meu rosto e senti o calor de suas mãos. - Você tem que quebrar esse seu orgulho, filha. Não quero te ver você chorando ou se machucando todos os dias por causa disso.
- Por que minha vida nunca é fácil? Por que sempre tem que acontecer algo?
- A culpa foi minha por ter te criado nesse meio.
- Não, mãe. Eu quis está nesse mundo, no mundo onde eu sabia que não poderia me apegar em alguém, mas eu fui estúpida por cometer esse erro.
- Se apaixonar não é um erro, não saber lutar por ele é. Você sabe que a minha história com seu pai não foi sempre mil maravilhas, mas nós lutamos para mantermos juntos e estamos felizes hoje.
- Isso porque ele não era seu alvo, a pessoa que você mataria.
- Mas era alguém que eu sentia medo e muitas vezes repulsa pelo trabalho dele. Yana, presta atenção. Você o ama ainda e ele te ama, porque estava dificultando as coisas.
- Dificultando porque eu quero que ele seja feliz? Que fique seguro com uma pessoa normal e não uma assassina, um monstro?
- Você não é uma assassina.
- Não foi isso que aqueles homens que matei falaram.
- Não importa o que falam, você não é uma assassina e muito menos monstro. Eles cometeram erros e pagaram, agora você tem que seguir em frente, sem culpa, sem arrependimentos. Eu criei uma mulher corajosa e não uma garota frágil que tem medo de se entregar a coisa mais maravilhosa do mundo que é o amor. - Ela enxugou as lágrimas que nem senti que estavam caindo. Ela estava certa, mas eu não conseguia voltar a trás na minha decisão. A puxei e abracei forte, chorando em seu ombro. E a cada soluço ela dizia:
- Você é forte, filha. Você é forte.

𝐍𝐚 𝐌𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐀𝐦𝐨𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora