37.1• Adeus, Baker

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*Dia do Casamento*

O grande dia chegou. O dia que eu iria pegar cada pedacinho quebrado do meu coração e seguiria em frente. O dia que respiraria fundo para não cair em choro. O dia que eu temi esses anos todos para que não acontecesse. O dia que eu veria o amor da minha vida se casando com outra e sendo feliz. O dia do último adeus.
A saudade começa quando dizemos adeus, quando sabemos que algo ou alguém que amamos vai deixar de fazer parte da nossa vida. E é difícil deixar partir, seguir em frente deixando para trás o que pensávamos ser nosso para sempre. Pois em cada despedida perdemos um pedaço de nós. Mas a vida é também feita de despedidas. E apesar da dor que elas causam, é importante pensar que se fica tanta saudade é porque o que vivemos foi bom e merece ser recordado.
É engraçado pensar em tudo que eu vivi ao lado de Jungkook Baker. De todas as nossas bagunças, risadas, abraços, beijos.. Tudo que passamos, felizes ou tristes, sempre ficaram eternamente gravadas em meu coração, porque eu nunca vou deixar de amá-lo.

- Está pronta, prima? - Maya perguntou dando duas batidinhas na porta e entrando no meu quarto. - Por que você ainda está com essa roupa? Você não vai?
- Eu irei embora hoje, Maya. Comprei minha passagem. - A encarei e vi seus olhos logo querendo lacrimejar.
- Tem certeza de que é isso mesmo que você quer?
- Tenho.
- Eu só fico preocupada porque você não está se cuidando direito, Yana. Por que você não fica e eu faço de tudo para te ajudar? - Ela segurou minha mão e se ajoelhou a minha frente. Segurei seu rosto com minha mão livre e acariciei.
- Eu ficarei bem, minha priminha.
- Então isso é um adeus? Você nunca mais vai voltar?
- Eu manterei contato com você, não se preocupe. Agora você precisa ir, se não vai se atrasar.
- O que eu falo para as meninas? - Perguntou agoniada.
- Que eu vou ficar bem e que deseja o melhor para elas.
- Você sabe que isso não vai convencê-las a ir te procurar, não é?
- Eu sei. Mas dessa vez ninguém vai saber aonde irei.
- Eu te odeio, sabia? - Maya me abraçou forte e soluçou forte em meu ombro. Seu choro fez meu corpo todo doer naquele momento, minha respiração falhou e senti minhas lágrimas escorrendo em meu rosto. O último adeus para todos. Eu sabia que estava machucando ela e as minhas amigas, mas eu também sabia que elas ficariam bem.
- Eu te amo, Maya. Eu te amo muito. - A abracei mais forte e sentia minha garganta doer. Nos afastamos e enxuguei as lágrimas de seu rosto. - Você cresceu e se tornou uma mulher tão linda e corajosa. Me perdoa por tudo que eu te fiz, prima.
- Se você vai manter contato porque isso está parecendo realmente uma despedida? Yana, por favor, não me faça sair gritando que nem louca atrás de você. - Dei um sorriso fraco e a ajudei a levantar.
- Não é uma despedida, ainda não. Mas agora você precisa ir.
- Eu vou, mas quero te ver antes de viajar.
- Não sei se o casamento já vai ter acabado, mas eu vou tentar te encontrar.
- Promete?
- Tentar? Prometo. Agora vai. - A acompanhei até a porta do quarto. - Aproveita por mim, Maya.
- Tchau, Nana. - Fechei a porta e me desabei a chorar novamente. Não sei quantas vezes eu já chorei no decorrer desses últimos dias, não sabia que eu tinha tanta lágrima para colocar para fora, e o peso só aumentava.

Arrumei minhas malas e as levei para o porta malas do meu Jeep. Esvazie o máximo que eu tinha aqui, minhas roupas, meus calçados, minhas fotos, quadros e pinturas, meus livros... Tudo. Levaria meus resquícios de toda aquela casa.
- Filha? - Ouvi meu pai entrando na garagem.
- Oi, pai. Como o senhor está?
- Você não vai para o casamento? - Suas sobrancelhas se arquearam e tentou observar o porta malas, mas fechei logo. - Para onde você vai?
- Vou tirar umas férias. - Sorri para o mesmo.
- Aonde?
- Eu ainda preciso dar satisfações para o senhor? - O perguntei brincalhona.
- Não importa para onde você vai, Yana. Mas quero você aqui na sua nomeação. - Sua voz saiu mais severa e mas seu olhar era de compaixão.
- O senhor precisa mesmo de mim? - Nomeação. Aquele nome me dava arrepios. Podia passar anos, mas a idéia de herdar todo aquele submundo ainda não fazia parte dos meus planos, mesmo depois de todos os ensinamentos do meu pai. - Alguma vez o senhor me perguntou se eu queria fazer parte disso?
- Não é querer, você faz parte disso desde nasceu. Será herdeira de nossa família por ser a primogênita...
- Eu não consigo, pai. Não consigo mais mexer com isso. Já matei, torturei, humilhei homens e mulheres todos esses anos, eu preciso focar mais em mim.- Minha voz saia fraca, mas eu precisava tirar aquilo de dentro de mim. - Eu não aguento mais. Por favor, me deixe ir. - Observei seu rosto inexpressivo. Não sabia se ele ia ceder ou me pressionar, mas eu não podia mais ficar ali.
- Se eu precisar de você...
- Eu te ajudarei sem pensar duas vezes. - Falei depressa.
- Posso, ao menos, saber aonde você vai viajar? - Ele se aproximou e segurou meus ombros, me fazendo encarar seus olhos negros que nem os meus.
- Infelizmente não. - Sorri fraco e o abracei forte. - Obrigada, pai. Eu te amo muito.
- Eu te amo, minha querida filha. - Deu um beijo no topo da minha cabeça. Eu segurei o choro ainda mais. Sentirei falta de seu abraço, e mesmo que ele não demonstrasse muito seu carinho, eu sabia que ele faria tudo por mim, assim como faz pela minha mãe.
- Falei com a mamãe ontem e já me despedi.
- Tudo bem. - Sai de seu abraço e fui direção da porta do motorista. - Liga de vez em quando, se não vou atrás de você e matar essa saudades.
- Vou ligar. Eu prometo. - Acenei com a mão e entrei no carro, dando partida logo em seguida.

𝐍𝐚 𝐌𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐀𝐦𝐨𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora