7• Estranho

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*Yana*

Acordei de manhã bem cedinho, com o sol pintando as primeiras nuvens do dia, o tempo está fresco não tão quente como antes. Fui no banheiro e fiz minhas necessidades matinais e desci para arrumar alguma coisa para mim e os dois dorminhocos comerem. Não tinha ninguém dormindo no sofá, huum. Acho que Tae foi embora e Maya está em seu quarto.
Procurei alguns ovos, pães, queijo e presunto e fiz uma misto completo, preparei também um suco de laranja.
- Bom dia, prima. - Maya me cumprimentou me abraçando. Eu não era muito de abraços, mas acho que o tempo que estou ficando aqui está me fazendo gostar de demonstração de afeto. A abracei forte e pude sentir seu corpo ainda que pequeno mas com músculos agora, isso me deixava bastante preocupada. Maya era nova demais para saber matar, nova demais para vivenciar tudo com apenas 5 anos e eu no momento de choque consegui sair e protegê-la.
- Bom dia, flor do dia. Dormiu bem? - Perguntei.
- Bem, ainda tenho aquele pesadelo. Mas por incrível que pareça tive um sonho bom com minha mãe, mesmo que pequeno. - Observei ela sentando na bancada.
- Entendi. - Não conseguia conversar com ela sobre aquele dia, sentia que algo me prendia e me sufocava. Dei o misto e o suco e a mesma comeu que nem uma esfomeada. - Eita, comeu metade da pizza ontem e ainda tá com essa fome?
- Amada, hoje é outro dia. - Sentei ao lado dela e comemos nosso café da manhã em silêncio.

- O que você vai fazer para resolver o negócio dos narcóticos? - Paralizei, ela não deveria tá sabendo disso.
- Como você soube?
- Yana, desdo dia que meu pai desapareceu eu andei investigando tudo. Tudo que saia lá de casa eu sabia, os papéis do tio Vin eu pegava escondido durante a noite, porque vocês nunca me falaram nada. Aquelas pessoas que matei foi só depois que vocês já tinham deixado eles na beira da morte, eu apenas os empurrei do precipício.
- Maya, você ainda é nova.
- Não, Yana, você não entende. Vim para te ajudar, eu sei quem é que está por trás das drogas, fiquei sabendo..
- Maya, pare. - Bati o copo na mesa com força fazendo ela se assustar. - Eu não vou deixar você entrar nisso, você não sabe o quanto é perigoso.
- Eu sei..
- Não, você não sabe. Eu nunca deixaria você se meter no meio dessa merda toda, eu não saberia o que fazer se algo te acontecesse.
- Yana..
- Você tinha que está em Malta, segura e com nossa família. Por que é tão teimosa? - A encarei séria. Seus olhos estavam lacrimejando e seu rosto ficando vermelho.
- Você é igual ao tio Vin. Você fica nessa de não querer herdar nossa tradição, mas você é bem pior que todos dali.
- Sim, eu sou e serei pior se alguém ousar em triscar em você. - Minha raiva estava aumentando.
- Eu vou te ajudar nisso, você querendo ou não. Se eu morrer lutando ao seu lado ficarei feliz. Agora se me der licença eu vou me arrumar para ir passear por aí e você também precisa, se não vai se atrasar pra sua faculdade. - Saio batendo o pé. Aishhh quem criou essa menina pra ficar assim teimosa e respondona?

Coloquei os pratos e copos na pia, mas tarde lavaria. Fui correndo pro meu quarto me arrumar. Peguei a chave do meu Jeep e desci as escadas.
- Estou pronta. - Maya falou.
- Você vai comigo?
- Não, vou voando. Claro que vou contigo, quero conhecer tua fraternidade.
- Desde quando você sabe.. - Parei e vi ela apontando pra jaqueta vermelha pendurada na cadeira. - Deixa pra lá.
- É legal lá? Vocês tipo são uma gangue que entra em câmera lenta que nem aqueles filmes de colegial? Vocês bebem e fumam, ficam louconas em festas? - Ela explodiu de perguntas em cima de mim.
- Sim. Não e mais ou menos. - Respondi.
- Me fala os detalhes, Yana.- Fez bico. Oh Deus, me dê paciência.
- Você irá ver com seus próprios olhinhos. Vamos.

Chegamos na universidade, primeiro eu ia deixar a Maya numa cafeteria perto dali e depois da aula ia buscar ela.
- Não vá para nenhum lugar, não fala com estranhos e se alguém te perturbar tu chuta as bolas dele. - A avisei.
- Tá bom, mãe. Tchau. - Debochou e saiu rindo.
- MÃE UMA OVA. - Gritei.
Liguei o carro e fui pra minha primeira aula que seria no outro lado do Campus.
Já pude ver a minha turma reunida e me juntei com eles.
- Oi, Yaninha. - Marlee me abraçou.
- Quase se atrasou, bonita.- Joey falou.
- Minha prima chegou na cidade então meio que tenho que dar uma de mãe agora.
- Oi, Yana. Como tá a Maya? - Tae chegou perto de onde estávamos.
- Tá bem, daqui a pouco vou buscá-la..
- PORRA ME SOLTA, EU JURO QUE NÃO ESTAVA COM DROGAS. - Ouvimos alguém gritando do outro lado da rua. Era um menino com cabelos rapados sendo preso. Corri em direção de lá e pedi para o policial para falar com o menino mas ele não deixou. Puts.. Eu precisava saber mais.
- Yana, você é louca de se envolver nisso? Pra que você queria falar com o menino? - Joey perguntou.
- Não é nada, ele parecia alguém que eu conhecia. - Menti. Queria saber aonde ele tinha arranjado as drogas.
- Vamos voltar, sua doida.

Ouvimos o professor explicar cada detalhe sobre o funcionamento de uma bomba nuclear, até que a aula acabou.
- Ei Yana, eu posso conversar com você? - Jungkook falou baixinho pra mim, olhei pra Joey que estava bufando de raiva.
- Já volto, amiga.
- Não caia no papinho desse idiota, Yana. - Ela me avisou. Nos afastamos um pouco do povão.
- Que foi, Jungkook? - Ele me olhou e percebi que queria me dizer outra coisa pelo modo como estava nervoso.
- Fiquei sabendo que a gata tá solteira. - Mudou completamente a postura, achei estranho. Ou é eu que tô ficando paranóica? Com Maya aqui eu preciso ficar extremamente em alerta.
- Ah é, parece que sua reza foi forte viu. - Ri e ele me acompanhou.
- Nem foi tanto assim, pode acreditar. - Deu um sorrisinho de lado. "Eu não confio nele". Ouvi a voz do Cody sussurando. - Se você quiser sair a noite qualquer dia desses, eu te levo pra conhecer a cidade, novata.
- É.. é que minha prima chegou ontem e tenho que ficar com ela. Me desculpa. - Falei meio sem jeito. Por que eu tava assim? Cody tava conseguindo me controlar mesmo de longe.
- Não, sem problemas. Quando quiser eu estou aqui, sempre disponível para você. - Jungkook ficando sem jeito? Eu acho que nem a Joey perderia isso. - Você está ficando com o Tae? - Ele perguntou e eu quase perdi minha pose, mas controlei o riso.
- Não, não. Eu e o Tae só somos amigos, ele me ajuda muito.
- Ah sim.
- Falando nele, eu acho que ele pode me ajudar a ficar de olho na minha prima.
- Que bom.- Ele não pegou o que eu falei, comecei a rir. - Por que você está rindo?
- Por que você é lerdo assim?
- Ham? AAHHH SIM. - Girou e passou a mão no cabelo.- Puta que pariu, sou lerdo mesmo, estou meio lento hoje. Mas a real é que eu fico perdidinho com você. - Sorri, achando fofo seu jeito louquinho. - Então, sexta a noite você pode?
- Sexta? Acho que sim, não terei nada na fraternidade. Mas vou ter que avisar pra sua mana antes, se não ela me mata.
- Engraçado que você é a única que ela está deixando eu chegar perto.
- Será que é porque eu consigo te controlar? - Perguntei.
- Não, porque ela sabe que não tem outro jeito de me manter longe de você. - O olhar sapeca desse homem me mata.
- Ainda não conseguiu fazer eu cair no seu encanto, querido. - Ri e fui pra perto das meninas.

Busquei Maya na cafeteria e fomos para a fraternidade junto com as outras meninas. Lá elas estavam combinando uma festa amanhã a noite, e claro que Maya ficou super animada para ir. Joey também chamaria os Wolves, o que foi algo que chocou todas as Savages mas sei que ficaram felizes, porque aqui só tem safadas.
- Nem vem, Yana. - Joey apontou a espátula na minha cara.
- Oxi, não falei nada.
- Mas ia falar. Eu estou chamando eles por sua causa.
- Por mim?
- Sim, porque além de ter virado melhor amiga do Tae, ainda vai sair com o imbecil do meu irmão. E nem precisava me contar, porque o bonito teve a cara de pau de vim me falar e eu não poderia impedir.
- Mentira que ele falou contigo? - Comecei a rir com a coragem que ele teve.
- Eita, Yana. Sorte sua que eu te amo, porque não aceitaria essas meninas perto de nenhum daqueles carrapatos.
- Mas porque você tem tanta raiva do seu irmão?
- Ele piorou quando eu me mudei pra cá, mas antes ele também me pirraçava. Não sei porque isso, alguns momentos da nossa infância não consigo lembrar, mas ele sempre joga na minha cara que se não fosse por ele, eu não conseguiria vim pra cá. Comecei a aju... Esquece. Isso não é importante. - Achei estranho, muito, muito estranho, mas fiquei na minha. Será que era só pirraça ou era seu jeito de chamar a atenção da mesma e protegê-la? Não era só uma briguinha desnecessária, tinha algo por trás.

𝐍𝐚 𝐌𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐀𝐦𝐨𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora