Capítulo 19

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SEBASTIAN SAVÓIA

— Para uma reunião familiar à essas horas, algo de muito importante aconteceu. Estou certo? – tio Anthony questiona, pegando um pouco de café na cafeteira da sala de reuniões. Estamos na casa do meu pai, para falar sobre a fuga de Naoly, minha cunhada.

— Sim, tio. O assunto é importante, mesmo que aparentemente não seja tão preocupante e nem apresentando tanto prejuízo à nós.

— Está me deixando curioso, menino. – tio Mário coça a barba aparada, encostando o cotovelo na mesa extensa da sala de reuniões. – Para nos tirar do golfe, apreciando sua coragem, eu preciso perguntar se isso não têm nada à ver com sua cunhada.

Tio Mário sempre foi o mais avaliador, não é atoa que foi lhe dado o cargo de conselheiro. Ele sempre avalia os dois lados da história, da situação ou até de uma possível guerra. Algo que me deixa impressionado é que ele não fala algo para deixar meu pai satisfeito, mas sim, a realidade da situação. Como agora, ele já entendeu o que essa reunião significa.

— Uma das suas bolas é de cristal, tio? – Donatto pergunta curioso, mostrando em seu olhar que realmente está acreditando. Meu irmão é sempre considerado um crianção, mas isso é só quando se sente confortável com as pessoas em torno de si.

— Ainda não. Quer vê? – com um ar debochado, tio Mário se levanta, insinuando que irá abrir o botão da calça social.

Por dios! – Bea, minha irmã, põe a mão na frente dos olhos. Donatto e Matteo, que é filho mais novo do tio Anthony, começam a rir pelo desespero aparentemente nos olhos do tio Mário.

— Perdoe-me, cara mia. – gentilmente, ele põe as mãos no peito e abaixa a cabeça ao terminar à frase, deixando a minha irmã orgulha pela educação que nossa tia Belle está ensiando ao marido.

— Desculpe à demora. – meu pai abre a porta dupla da sala de reuniões, ao seu lado está à minha mãe. Não me impressiona sua presença aqui, já que a mesma sempre de interessou pelos assuntos importantes da associazione.

Olá, queridos. – ela abre um sorriso meigo, se sentando ao lado esquerdo do meu pai, enquanto eu estou ao direito.

Todos aqui respeitam muito à minha mãe, aliás, ela é a primeira-dama. Mas não é apenas um respeito pela posição dela na associazione, mas sim, por ela ser um exemplo de companheirismo e lealdade para muitos. Minha irmã mesmo à admira demais, mesmo não tendo vontade alguma de seguir os mesmos passos. Beattrice deixa explícitos sua pouca vontade de entrar em um matrimônio.

— Qual é o assunto, filho? – ela me pergunta, sorridente.

— Antes dos senhores chegarem, estávamos conversando e o tio Mário já informou que tinha noção do que se tratava. – me levanto da cadeira, apoiando minhas mãos na mesa e olhando de forma séria para o meu pai – Naoly fugiu do manicômio.

— Quem à ajudou? – meu pai pergunta.

— Porque acha que a ajudaram, ela não poderia fugir sozinha? – Armando questiona, rodando um esqueiro na mão direita – Ela é louca, vi em seus olhos a raiva que ela sente de Harper. Não seria uma surpresa que ela fugisse para se vingar da irmã.

— Você disse algo certo – Bea olha para o nosso irmão – Ela é louca, mesmo com toda a raiva do mundo ela não conseguiria fazer tudo sozinha. Particularmente, acho que ela teve ajuda.

— Tendo ajuda ou não, onde ela está? – meu pai não está nada feliz com essa fuga, não é pra menos.

— Não sabemos ainda. – minha irmã se levanta também, me fazendo sentar na cadeira e olhá-la. Ela se afasta da mesa, indo até o grande mapa do país na parede. – Eu fui atrás dela no manicômio. Estava tudo intacto, não levou roupas, produtos de higiene, calcinhas.

— Foi algo em cima da roupa, de supresa. – Matteo completa.

— Possivelmente. – ela concorda com a cabeça, fazendo o rabo de cavalo loiro chicotear para os lados. – Pela hora da fuga, suponho que ela esteja indo em direção à Palermo.

— Por que lá? Porque não Catânia ou Agrigento? – tio Anthony pergunta.

— Porque ela não é burra. Naoly vai fugir do país, onde seria melhor se camuflar e ir embora, a não ser, uma cidade grande e populosa?

— Seria difícil achá-la, principalmente se mudar de visual nesse tempo. – Donatto resmunga, passando o indicador na madeira da mesa.

— Querido – minha mãe chama a atenção do meu pai – Jane e Mathias, quando retornaram da missão?

— Não há uma data prevista, meu amor. – ele responde – Pode ser que acabe daqui uma semana ou mês.

— Eles nos ajudariam bastante à encontrá-la. – Armando diz.

— Naoly não é o nosso real problema, mas sim, com quem ela pode se juntar. – meu pai sorri de canto – Armando e Beattrice. Ambos vão para Palermo ficar de olho, se até duas semanas não à encontrarem, retornem.

— Sim, senhor. – falam em um unisom.

— Enquanto isso o que faremos? – questiono.

— Aumentaremos à segurança. Não podemos confiar apenas em suposições, temos que ficar atentos à qualquer movimentação estranha. – cruza os braços – Até tudo se tranquilizar, as saídas estão mais rígidas. Entendido?

— Sim, senhor.

MIA DOLCE, HARPER! - 3Onde histórias criam vida. Descubra agora