Antes do jantar no dia seguinte consigo encontrar Terrence e Aaron longe dos meus pais e resolvo contar sobre o jantar com Ahmed. Os dois estão na sala conversando alguma coisa sobre carros com o nosso irmão mais novo, River.
- Thomas, soube que você foi jantar com o seu chefe ontem. – Terrence comenta tentando me intimidar. Deve estar usando alguma técnica de detetive, mas eu não vou cair nessa. Não vou porque quero contar tudo por livre e expontânea vontade.
- Sim. – Eu digo me sentando no sofá perto deles. – Foi um ótimo jantar.
- Só vocês dois? – Iniste Aaron.
- Só nós dois. – Digo convencido.
- Por que você está se gabando? – Pergunta River desconfiado. – O que vocês sabem que eu não sei?
- Contamos para ele? – Terrence pergunta não à mim, mas para Aaron.
- E desde quando nós temos segredos nessa casa? – Aaron diz dando de ombros.
Não acho que River queira saber sobre isso, mas sei que ele não é nada inocente, então posso falar na frente dele. Ele já tem dezesseis anos, não é mais uma criança superprotegida.
- Então, no ano novo, eu fui à uma festa e lá eu conheci o meu chefe. – Explico para ele.
- Ahmed Alfadhel, o arquiteto – River lembra.
- Isso. E eu, sem querer, acabei flagrando-o em um momento muito íntimo. – Digo. Vejo que Terrence tenta conter um sorriso e Aaron o olha com repreensão.
- O que você viu? – River pergunta sério, sem muito empolgação, mas também não está livre da curiosidade.
- Ele estava em um ménage com um casal.
- Argh! Não quero saber sobre isso, Thomas! – Ele diz ficando vermelho e tapando o rosto com as mãos.
- Não se faz de inocente, River. – Terrence diz. – Todos aqui sabemos o que você e o Raúl fazem.
- Nós não fazemos esse tipo de coisa. – Ele diz finalmente tirando as mãos do seu rosto.
- Galera, vocês estão perdendo o foco. – Eu digo. – Todo esse tempo eu sempre achei que ele sabia que eu tinha observado a sua festa particular no ano novo. Mas ontem, no jantar, ele me confirmou isso.
- O que? – Aaron parece chocado. – E você continua empregado?
- Aparentemente esse é o lance dele. Ele gosta de ser observado. – Eu digo.
Terrence se empolga. Ele muda de postura, cada vez mais interessado em minha história. Sei que ele deve estar morrendo de inveja, como o maníaco sexual que é, deve estar se perguntando o porquê de não ser ele com um chefe como Ahmed. Posso ver pelo seu olhar esperto que está pensando em tudo o que seria capaz de fazer com ele.
- E o que você vai fazer? – Ele me pergunta.
- Nada, ele apenas queria deixar as coisas as claras. Ele não me chamou para espiar todas as vezes em que ele transa. – Eu digo. – Temos uma relação de chefe e subordinado, eu assinei um contrato, posso processá-lo por assédio sexual.
- Você não vai tirar uma casquinha? Dizer que, sei lá, você não quer só assistir na próxima vez.
- Eu não quero transar com ele, Terrence. – Eu respondo alto demais. Será que os meus pais escutaram na cozinha?