Capítulo 28

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Savannah entrou no quarto, tirou o casaco e jogou sobre a cama. Deixou o soluço sair e se sentou no chão. Seu coração estava quebrado, assim como seu corpo. Ela não achava que tudo aquilo era verdade quando recebeu a ligação da polícia, até nos jornais estava passando, mas ela não queria acreditar na verdade.

Sua ficha caiu apenas quando viu os cinco caixões sendo enterrados, as lápides sendo postas, e quando ela deu seu discurso. Mas era como se fosse um sonho, ela não sabia que estava sentido.

Pegou o celular encima da cama e ligou para o primeiro contato dos favoritos.

Olá! — Deu um pequeno sorriso. — Você ligou para Any Gabrielly Cosnett, então, fale logo o que quer, talvez eu ligue pra você. Só se você deixar uma piada bem legal. Até mais!

— Oi, Elly. — Suspirou. — Eu sei que isso é hipocrisia da minha parte… Eu parti seu coração, eu deveria ter abraçado você e ter dito o quanto eu te amo. Eu não queria ter feito aquilo, eu deixei que minha mãe entrasse na minha cabeça, aliás, falei pra ela que iria pedir você em namoro, ela surtou falando que eu não poderia, já que nossos pais são de ramos diferente… Ela disse alguma sobre eu ter filhos com alguém que seja do nosso ramo. Eu não quero. Eu queria você e… — Savannah suspirou. — Acabei perdendo de vez. Você está morta? Eu não acredito nisso, mesmo que eu tenha visto o carro queimando e seus corpos carbonizados. Eu acredito que esteja viva em algum lugar, talvez machucada, gosto de pensar assim.

Houve uma pausa.

— Eu vou te amar pra sempre… E não vou esquecer você. Te prometo que vou… Tentar ser alguém melhor, mas eu estou com raiva de você agora, então não sei se quero. O que adianta na verdade? Você está morta, não verá se mudei… Eu mudaria se estivesse aqui, eu mudaria tudo pra ficar com você, pra sempre. — Limpou as lágrimas. — Any… Eu sinto muito, eu te amo..

Desligou e chorou. Savannah passou dias assim, chorando, ligando para Any, deixando várias mensagens de voz, deixando a caixa postal cheia, então não podia mais ligar, então o jeito foi escrever. Em uma semana ela havia usado dois diários, todas as coisas que Savannah queria falar a Any estavam lá, mas ela não sabia que eram tantas.

— Savannah, mamãe está chamando para o jantar. — Noah entrou no quarto.

— Já estou indo.

— Escrevendo de novo? — Savannah o encarou, e assentiu. — Eu sei que está triste, mas você já percebeu que isso é desnecessário? — Savannah arqueou a sobrancelha. — Ela está morta, e você está aqui escrevendo pra ela, pedindo perdão? Você está sendo muito imbecil.

— Por que você não vai se ferrar? — Noah suspirou.

— Ok, então fica aí pedindo perdão pra uma morta. — Noah fechou a porta e Savannah jogou o diário na mesma. Ela levantou e suspirou, estava chovendo, ela estava com raiva por isso. Esses dias estão sendo assim, ela fica com raiva por tudo, até se afastou de suas amigas, tem dias que não vai a escola, e estava no fim do ano.

Ela foi até a janela e franziu o cenho, tinha uma pessoa parada na calçada olhando diretamente para ela. Estava com o capuz do moletom, e a luz baixa do poste não mostrava o seu rosto, mas quando a pessoa tirou o capuz, fez Savannah parar de respirar.

Savannah saiu correndo do quarto, passando pela sala e ouvindo sua mãe chamá-la, mas ela ignorou, abriu a porta principal e correu para a rua, olhou de um lado para o outro.

— Any? — Savannah gritou olhando em volta. — Any!

— Savannah, o que está fazendo? — Mike perguntou com um guarda-chuva em mãos e indo até Savannah.

Chicago | Versão SavanyOnde histórias criam vida. Descubra agora