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Alisson encarou Hunter. Ele desviou os olhos. Tudo nela pareceu quebrar ainda mais, ela não sabia que poderia se sentir tão quebrada assim, não sabia que poderia se sentir ainda mais machucada. Hunter estava morrendo. De verdade, ele morreria. Mas o pior de tudo, ele desistira de lutar. Ele não queria viver.

— Você não pode desistir.. — Ela falou lhe sacudindo, — Como você pode fazer isso com as pessoas que te amam?

— Preciso que venha comigo, estão todos te esperando.. — Ele falou a afastando e dando dois passos pra trás, ela deixou as mãos cair do lado do corpo, ele passou a mão no cabelo e desceu pelo rosto.

— Você não pode.. 

— Preciso que venha comigo, por favor.

— Certo. — Ela pegou as suas coisas e o seguiu. A cabeça dela estava uma zona. Os pensamentos estavam tão loucos, parecia que havia sido atropelada por um trem, se sentia tonta, enjoada. Hunter andava três passos a frente, ele não olhou pra trás pra ver se ela o seguia, ele sabia que ela estava ali. O homem que ela amava estava morrendo. Ele iria deixá-la,mas agora seria pra sempre. Esse pensamento fez com que ela parasse subitamente. Hunter olhou pra trás.

— Você está bem? — Ele perguntou andando na direção dela.

— Hunrum.. — Ele não disse nada, apenas a puxou pra junto dele. A envolveu em seus braços, o abraço foi forte,urgente. Os dois precisavam disso. Ela poderia se sentir uma tola por ceder tão rápido, mas ele estava morrendo. Ele morreria. Ela não entendia, ela só precisava dele ali. Ainda que soubesse que não, ela queria poder protegê-lo. Parecia que tudo voltara com força, a alguns anos atrás ela viveu um inferno, sua mãe ficara doente, ela achava que iria perdê-la. Agora era Hunter, ela já o havia perdido um dia, mas agora pareciam tão mais horrível. Agora ele não iria apenas abandoná-la pra ir pra Nova York. Não, ele agora iria deixá-la porque estava morrendo. Não havia nada que ela pudesse fazer. — Você sente dor?

— Só um pouquinho.. — Ele disse, o queixo sobre a cabeça dela, ele era tão alto, ela se sentia tão protegida ali, tinha sentido tanto falta de estar ali no seu lar, Hunter Roosevelt sempre fora seu lar. Mas agora ele iria morrer, ela não conseguia respirar. Talvez estivesse tendo uma crise de ansiedade, ela não sabia ao certo. — Não se preocupe, dói só as vezes.

— Você sente medo? — Ela perguntou apertando os braços ao redor dele, como se pudesse lhe segurar pra sempre. Como se pudesse impedir dele cair no precipício. Deus, como ela queria poder impedir aquilo. Como ela o amava, como ela o queria ao seu lado. Como ela se sentia quando estava ali.

— Estou morrendo de medo. — Ele disse, havia tanta sinceridade na sua voz. Também estava embargada, ela sentiu uma lágrima escorrer por sua bochecha e o apertou ainda mais. — Morrendo de medo do que vai acontecer daqui pra frente. Morrendo de medo. — Então ele agarrou o rosto dela com as mãos, e enxugou as lágrimas dela, —Não chore mais por mim, por favor, eu não mereço nenhuma dessas lágrimas, não mereço nenhuma que você  derramou durante esses dez anos. Me prometa que não vai mais chorar por mim?

— Não posso..

— Não quero que chore, quero que aceite o fato de que a vida é assim, e que vamos estar exatamente onde Deus nos quer..

— Não vou prometer isso,nunca. — Ela disse com determinação. — Não me peça isso nunca mais.

— Só quero seu perdão. Preciso tê-lo pra ter paz.

— E eu preciso que você lute..

— O carro está logo ali.. — Ele disse mudando de assunto e andando novamente, ela se sentiu tonta com a distância dele, mas logo o seguiu.

Lar, doce lar.Onde histórias criam vida. Descubra agora