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Depois de uma semana, Hunter finalmente teve forças e comprou uma passagem para o lugar onde ele prometeu nunca mais voltar. O lugar onde ele quebrou o coração da única mulher que já amou na vida. Alisson Evans, a sua Ali. O seu tudo.

A cidade continuava do jeito que ele lembrava, com algumas mudanças, claro, haviam se passado nove anos desde a última vez que pisou os pés ali. Seu coração ainda sangrava por aquela noite, ele nunca ia se perdoar.

Ele encarou sua velha casa e abriu o portão com um suspiro. Muitas coisas aconteceram ali, a maioria eram triste, ele ainda conseguia ouvir os gritos da mãe enquanto o pai lhe batia, Hunter era muito pequeno para poder ajudá-la. Mas ele prometeu que um dia ele tiraria sua mãe dali, e ele conseguiu cumprir pelo menos isso. Pelo menos as promessas que ele fez a mãe, foram cumpridas. Já as que fizera a Alisson... Ele balançou a cabeça e entrou.

A casa não estava tão mal, ele faria uma limpeza, Hunter era extremamente exagerado com limpeza e não iria conseguir pregar o olho ali se não limpasse antes. E foi o que ele fez. Sentia um pouco de dor na cabeça, mas não se importou tanto. Ele iria morrer mesmo, então...

Uma hora depois ele jogou alguns sacos de lixo lá fora, ele não sabia quando a coleta de lixo passaria por ali. Mas não podia deixar aquele lixo todo dentro de casa. Ele enxugou a testa e pode ou não, ter visto Angel, ou alguém parecido com ela, mas ela não o viu. Graças a Deus. Ele correu novamente para a casa e tomou um banho. Ele estava nervoso. Havia se informado sobre algumas coisas, sabia que Alisson abrira um café e que Kai agora era treinador do time de hóquei de um dos colégios da cidade.

Estava na hora de fazer uma visita ao seu velho melhor amigo. E que Deus o ajudasse.

🏒⛸🍰☕

— Prontos? — Perguntou Kai olhando pra seus alunos, eles assentiram rapidamente, — Pro gelo então. — E eles foram.

Kai Evans era um cara legal, todos naquela cidade lhe conheciam, ele teve a chance de sair da cidade, teve a chance de ser profissional no hóquei, assim como seu antigo melhor amigo, mas ele nunca almejou isso, ele jogava hóquei apenas por diversão. Ele amava o esporte,mas não queria jogar profissionalmente, mas agora ele treinava garotos e garotas, para um dia talvez serem profissionais.

O treino começou, os meninos deslizaram no gelo com graciosidade e ferocidade. Ele amava a sensação de vê-los quebrar limites ali no gelo, por muitas vezes, ele era levado para quando ele era o garoto ali no gelo. Quando as coisas pareciam fáceis, quando não se tinham corações quebrados, quando não tinha tanto rancor em seu coração.

Uma hora depois, ele deu um tempo pros alunos descansarem, foi quando ele observou alguém na arquibancada, ele sabia quem era, apenas não quis acreditar naquilo. Durante anos ele imaginou como seria encontrar seu ex melhor amigo, ele não sabia o que faria. Será que deveria lhe bater por tudo que havia feito a sua irmã, a sua família. Mas naquele momento, ele sentia sua mão gelar, e seu sangue correr grosso em suas veias.

Hunter Roosevelt estava de volta. O homem que um dia havia sido apenas um garoto sonhador que prometera tantas coisas a Alisson, que fez tanto por ela um dia, mas que também era a causa da irmã estar quebrada, era a causa da irmã ter que tomar medicamentos pra controlar a ansiedade, era a causa da irmã não ter mais aquele sorriso leve, aquele jeito leve de ser, ele era a causa da Alisson feliz ter sumido, e ter nascido uma Alisson totalmente diferente. Uma que mal sorria, uma que havia se tornado fria.

Ele respirou fundo. Não poderia acabar com Hunter ali, não poderia lhe bater até sua mão cansar, não ali. Não na frente de seus alunos, Kai desconfiava que ele havia escolhido aquele lugar por conta disso, miserável maquiavélico, pensou ele.

— Esperem um momento.. — Disse ele virando em direção aos alunos, por sorte ninguém reconheceu ele, mas Kai sim, era impossível não reconhecê-lo. Hunter estava de moletom,boné e óculos escuros. As celebridades geralmente saem assim, mas bem, se você olhar com atenção, é impossível não reconhecê-los. Ele caminhou com passos pesados até a arquibancada, a cada passo dado, ele se sentia tonto, enjoado. Hunter se colocou de pé quando só havia dois metros de distância, Kai andou mais um pouco, e parou. O silêncio foi ensurdecedor. Então, Hunter falou:

— Oi, Kai.

Lar, doce lar.Onde histórias criam vida. Descubra agora