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— Posso colocar essa cor na flor? — Bel perguntou olhando atentamente pra Alisson, ela assentiu.

— Azul é bem bonito, claro que pode. — As duas estavam sentadas no quarto de Alisson pintando um quadro que dariam de presente pra Angel, quando ela voltasse da maternidade com o pequeno William.

— Acha que Will vai gostar? — Perguntou Bel enquanto passava ao pincel na flor, o olhar cheio de incerteza.

— Claro que vai, ele vai amar tudo isso.

O celular de Alisson tocou e ela pegou rapidamente, o nome de Kai dançava na tela. Ela atendeu.

— Oi..

— Oi, Ali... — Não era a voz de Kai, mas de Hunter. O coração dela resolveu que era uma boa hora de dar cambalhotas em seu peito. Ela colocou a mão no peito, em um segundo, Bel estava de pé ao seu lado e puxou sua mão, agarrando-se a ela.

— Hunter?

— Kai pediu pra te ligar.. — O que Hunter fazia ali com Kai e Angel? Nada fazia sentindo na cabeça dela, mas ela deixou esse assunto de lado, por enquanto. — O bebê acabou de nascer, ele pediu pra você ficar com a Bel, ele liga assim que puder. Certo?

— Está tudo bem, né?

— Sim, nada de errado.. — A voz de Hunter estava um pouco tensa, ela percebeu, — Não se preocupe, ele te liga depois.

— Certo. — Então, depois de uma longa respiração, Hunter desligou o celular. Bel apertou a mão dela a trazendo de volta pra realidade. — Ei, querida, Will nasceu.

A menina começou a pular radiante, os olhos cheios de lágrimas, Alisson não resistiu e a puxou pra si em um abraço apertado.

— Eu tenho um irmão, — Bel falou com a voz embargada, Alisson já estava chorando também, — Vou cuidar dele pra sempre, nunca vou deixar ninguém machucá-lo. Nunca.

— Vem cá, meu amor.. — As duas se apertaram ainda mais e ficaram ali por um tempo, até que Bel decidiu que deveriam voltar ao trabalho.

🏒⛸☕🍰

Kai segurou o pequeno Will nos braços e sentiu os olhos lacrimejando, ele era o homem mais feliz do mundo todo. Ele observou Angel dormindo, ela havia sido uma mulher corajosa demais  e deu a luz ao bebê em um parto normal. Kai estave ali o tempo todo segurando sua mão. Ele não sabia ser possível, mas parecia que amava ainda mais Angel depois de tudo isso. O bebê se mexeu em seus braços e ele sorriu alegremente o apertando levemente.

– Ei.. — A voz doce de Angel o fez olhar pra ela, — Acha que ele quer mamar?

— Vamos tentar?? — Ele disse caminhando até a cama, colocou o pequeno devagar nos braços dela e ela ofereceu o peito, ele começou a sugar devagar, os dois se olharam, Angel sorriu levemente, ainda estava cansada demais por conta de tudo que aconteceu, depois de ouvirem a conversa entre Hunter e a mãe, Kai sentiu aquilo como um soco no estômago. Nada fazia sentido, não ainda, mas ele iria descobrir toda a merda, e depois, ele sairia da casa e iria pra um lugar que fosse só dele, da mulher e dos filhos. E levaria Alisson com eles, claro.

— Ele estava com fome.. — Ela disse o observando, Kai sorriu acariciando os cabelos da esposa, — Como você está?

— Amor, foi você que acabou de parir, eu que deveria perguntar isso pra você... — Ela o olhou com aquele olhar que parecia que lia a sua alma, — Não se preocupe, estou bem. E você?

— Só um pouquinho cansada.. — Ele continuou ali ao lado dela até ela adormecer, depois pegou o pequeno e o colocou no pequeno berço ao lado da cama. Ele se sentia feliz pela família que tinha, mas não parava de pensar no que havia ouvido mais cedo. Precisava da verdade.

🍰☕⛸🏒

— Como estão? — A voz da mãe fez com o sangue de Kai fervesse novamente, ele fechou a porta com cuidado e encarou a mulher com os olhos semicerrados. Ele sabia que sua cara estava de poucos amigos, a esquerda, Hunter estava sentado em uma das cadeiras com as pernas esticadas dobradas sobre o tornozelo. Parecia relaxado, mas Kai o conhecia o suficiente pra perceber a tensão que emanava dele. A mãe acompanhou o olhar do filho e estremeceu de leve, Kai não pôde não notar aquilo.

— Estão bem. — Ele disse secamente, Hunter continuou olhando pra todos os lugares, menos na direção dele.

— Sobre o que ouviu.. — A mãe tentou falar, Kai a olhou, não havia nenhum sentimento em seu rosto quando a encarou. Ela engoliu em seco, — Não é o que parece.

— Na verdade, acho que é exatamente o que parece, mas aqui não é lugar pra falar dessa merda, vamos falar quando eu chegar em casa e todos vamos sentar na maldita mesa e abrir o jogo pra Alisson e pro papai, imagino que ele não saiba né? Foi feito de trouxa como todos nós, com certeza.. — A mulher estremeceu novamente e olhou na direção de Hunter, ele levantou-se e andou até onde os dois estavam de pé. — Você não vai voltar pra Nova York até essa merda estar resolvida, entendeu?

Kai encarou o antigo melhor amigo, Hunter tinha tanta dor nos olhos, Kai sabia que não era a intenção dele fazer mal aquela família, mas novamente, lá estavam eles. Parecia um ciclo vicioso.

— Vou ligar pra minha mãe pra avisar que não vou conseguir chegar hoje.. — Com isso, Hunter se afastou puxando o celular do bolso. Eleanor o olhou com desprezo.

— Alisson vai quebrar.. — Ela disse, os olhos lacrimejando. Kai sabia, ele sabia que Alisson iria sofrer tudo novamente, mas talvez fosse bom, a verdade por mais que doa, deve ser dita. Ela não merecia viver numa mentira, um lugar onde a própria mãe havia tramado pra ela não ir embora com o homem que amava.

— Porque mãe? — Kai perguntou encarando a mulher que tanto amava, aquilo partiu o coração dele de formas terríveis. Ela engoliu em seco.

— Ele não era bom o suficiente pra Alisson.

— E quem lhe deu o direito de decidir isso? Ela passou esses anos todos sofrendo e grande parte disso é sua culpa... parabéns, agora vai ter que acertar as contas com o passado. — Ele disse se afastando da mãe, ela o puxou pelo braço, — Quando eu voltar, não quero vê-la aqui.

E com isso ele deu as costas e entrou novamente no quarto onde Angel estava.

Lar, doce lar.Onde histórias criam vida. Descubra agora