Andrew Narrando
Aquele garoto de algum jeito me fez sentir bem. Parecia que eu já o conhecia de algum lugar, mas acho que era apenas coisas da minha cabeça. Passei minha tarde toda assistindo series, e mais tarde minha mãe chega de seu serviço, logo corri para abraça-la.
- como você está, querido ?- perguntou ela passando a mão em meus cabelos
- estou me sentindo bem melhor
- se quiser ir para a escola amanhã, vá - falou ela caminhando para a cozinha
eu acho que eu já estava pronto para ir para a escola, precisava conversar com meus amigos. Naquela noite jantamos e depois subi para meu quarto, deitei a cabeça em meu travesseiro e logo adormeci
NO DIA SEGUINTE
abri meus olhos, dei uma espreguiçada, e logo me levantei, escovei meus dentes e desci as escadas para o andar debaixo. Percebi que a casa estava vazia, abri a porta afim de tomar um pouco de sol, avistei uma pessoa deitada no gramado em frente, caminhei até a pessoa e reparei ser o Arti
- ei, o que faz aqui ?- perguntei chamando a sua atenção
ele logo se virou e olhou para mim sorrindo
- não tenho onde dormir, e eu ouvi falar que os gramados são mais aconchegantes que os bancos das praças- falou ele dando uma leve gargalhada
- eu estava indo tomar um café, quer me acompanhar, estou sozinho em casa
- a sua mãe não vai achar ruim você estar colocando um estranho para dentro da sua casa ?
- não, se ela não saber ela não reclama, e outra coisa, eu confio muito em você- falei sendo o mais sincero possível
- só vou aceitar o café por que estou com muita fome
- então vamos - falei segurando em sua mão
percebi que ele tinha ficado um pouco corado por nossas mãos estarem unidas, eu por outro lado senti uma pequena eletricidade correndo pelo meu corpo, era uma coisa boa, mas achei um pouco estranho. Seguimos de mãos dadas até minha casa, fechei a porta assim que entramos.
Na cozinha, coloquei na mesa, o cesto de pães, a garrafa de café, peguei a margarina na geladeira, e logo me sentei na cadeira
- pode comer não fique com vergonha de mim
ele meio tímido pegou um pão, e passou a margarina, fiz o mesmo, e logo começamos a comer. Depois que terminamos, ele iria embora, mas o chamei para assistir televisão comigo, e prontamente ele aceitou.
Eu estava afim de deixar ele corado, e era isso que eu iria fazer, pedi a ele que se sentasse no sofá, e assim ele fez. Peguei o controle da televisão e me sentei ao lado dele, coloquei em um canal que passava algum filme, e encontrei um filme de romance. Aos poucos fui descendo a cabeça até encostar no peito do garoto, ele subitamente se assustou, e estava mais vermelho que tomate
- me desculpe, e que eu estou com um pouquinho de sono - falei fingindo sono
- não tem problema, pode dormir ai se quiser- falou ele me fazendo um cafuné
Por ele viver na rua, achei que o cheiro dele seria ruim, mas não estava, tinha um cheiro doce misturado com algo mais doce ainda, não sabia distinguir, mas era realmente delicioso sentir o cheiro dele. Realmente acabei pegando no sono, e com isso comecei a ter um pesadelo
- ei, não precisa ter medo, e só um pesadelo, eu estou aqui - falou ele em meu ouvido
me aconcheguei ainda mais em seu peito, as batidas do seu coração me fizeram dormi mais profundamente. Acabei acordando assustado, pois achei que tinha perdido a hora da escola. Rapidamente olhei no relógio, e faltava algumas horas, olhei para o garoto e ele também estava dormindo. Meio com receio passei a mão em seu rosto
- eu queria saber, por que você me faz sentir essas coisas ?, e por que eu te acho tão perfeito ?- perguntei para mim mesmo
fiquei ali em seu peito assistindo ao filme que estava passando, o que parecia ser de aventura. Depois que o filme terminou, estava na hora de eu me arrumar para a escola, me levantei do sofá e o garoto acabou acabou acordando
- dormi demais ?- perguntou ele esfregando as vistas
- não, acho que eu que dormi muito - falei dando uma leve gargalhada- então agora eu tenho que me arrumar para a escola, você me espera aqui ?, ou já quer voltar para a rua ?
- não eu te espero aqui
subi as escadas, entrei no chuveiro e tomei um banho levemente demorado, coloquei uma calça preta, e uma camisa branca da Nike, passei um pouco de perfume, peguei minha mochila. Escuto alguns gritos vindo do andar debaixo, rapidamente sai do meu quarto, e desci as escadas, encontrando com Moisés aos berros com o Arti
- o lugar de pessoas sujas como você e na rua - falou ele apontando para a porta de entrada
- bom dia Moisés, posso saber por que você está insultando meu convidado ?- perguntei levantando a minha sobrancelha
- Andy, a sua mãe sabe que você está colocando esse tipo de gente aqui dentro ?- perguntou ele me encarando
Arti não estava tão sujo, acho que o Moisés e quem estava com ciúmes
- Moisés eu não vou discutir com você, o que faz aqui a essa hora ?- perguntei revirando os olhos
- eu vim conversar com você e quando chego aqui, esse imundo está esparramado no sofá - falou ele apontando para Arti que não falava nada
- ele e um ser humano igual a você. Moisés, que eu convido para a minha casa cabe a mim decidir e não você, agora para com esse ciúme sem sentido- falei já sem paciência
- eu não estou com ciúme - falou ele sem me olhar nos olhos
- ahan, e por que está parecendo meu marido ?
- An-Andy, eu vou indo na frente, na escola nós conversamos - falou ele saindo pela porta
me sentei no sofá ao lado de Arti que ainda não falava nada
- Arti me desculpa, o Moisés, sempre foi ciumento assim desde que éramos crianças, eu nunca entendi direito esse ciúme dele, mas estou a um passo de descobrir
- não se preocupe, realmente ele tem razão, meu lugar e na rua
- para com isso, você também e um ser humano igual a todos - falei dando um meio sorriso para ele
peguei apenas uma maça na cozinha pois estava sem fome
- agora eu realmente preciso ir, senão eu chego atrasado na escola
- ok, depois nós nos falamos- falou ele saindo pela porta
deliguei a televisão, peguei minha mochila e sai trancando a porta, Arti estava sentado no gramado em frente a minha casa, me aproximei dele ficando em sua frente
- não ligue para o que as pessoas dizem ao seu respeito, você e uma ótima pessoa, e eu gosto disso em você- falei dando um beijo em sua bochecha
e sem esperar ele falar nada segui para a escola, sorrindo alegremente.
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Paixão Fantasma
Non-FictionAndrew vive com sua mãe em uma pacata cidade, o pai do garoto acabou falecendo quando o menino tinha apenas seus seis anos de idade. Andrew doce e delicado, e desde criança cisma que tem um amigo imaginário, e assim ele cresce até que esse amigo des...