Capítulo 5: Encontro

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Hanna ordenou com que os rapazes voltassem aos seus quartos sob o convés para que descansassem e se preparassem para um possível ataque dos habitantes da Terra do Nunca ao amanhecer que já não demoraria mais para chegar. Contudo, os quatro marujos pararam no meio do caminho da escada com o barulho alto que veio de cima do quarto da Capitã.

Alguém derrubara as espadas falsas ao lado da roda do leme e correra para atrás do mastro.

Rapidamente, os cinco companheiros sacaram suas armas. Hanna segurava sua adaga, Patrick preparou o arco e flecha, Louis carregou rápida e silenciosamente a arma, David preparou sua besta o mais rápido possível e Jack tirou o pequeno machado de suas vestes e o segurou firmemente enquanto se aproximava lentamente junto aos amigos do mastro do leme.

Era possível ouvir os cinco corações batendo violentamente contra os peitorais em uníssono a cada passo que davam. O suor escorria pelo rosto de alguns e os outros tremiam, esperando o pior.

Com um sinal silencioso, a capitã indicou que se espalhassem para cercarem seja lá o que estivesse atrás daquela torre de madeira e todos obedeceram.

Hanna se aproximou lenta e silenciosamente, tomando o máximo de cuidado para não chamar a atenção de sua vítima. Ela se sentia um predador cercando sua presa mas ao mesmo tempo tinha a sensação de que ela seria a presa.

Rapidamente, a jovem deu a volta no mastro e prensou quem estava atrás contra o suporte, apontando a lâmina da adaga no pescoço. Um grito surpreso preencheu o local e Hanna reconheceu a voz.

Era Henry, um rapaz de sua escola e o filho de Emma.

— Mas que merda se passa na sua cabeça? Eu poderia ter te matado! - se afastou do garoto e fez sinal para os marujos abaixarem as armas. — Alarme falso, rapazes. Eu conheço ele.

— Um dos seus amigos de Storybrooke? - David perguntou e a capitã assentiu. Logo os quatro rapazes abaixaram as armas e as guardaram novamente.

— O que está fazendo no meu navio?

— Ouvi que está procurando pelo seu pai e quis ajudar. Eu sei quem ele é! - Henry proferiu animado, atraindo a atenção do grupo de piratas.

— Como assim, você sabe quem é o meu pai?

— Todos em Storybrooke sabem, mas não podemos te falar.

— Vamos para a minha sala conversar melhor sobre isso. - guiou o mais novo até seu quarto e fechou a porta, impedindo que os outros rapazes ouvissem a conversa. — O que quer dizer com "não podemos te falar"?

— Minha trisavó lançou um feitiço como vingança contra seu pai para que ele não descobrisse que você sobreviveu ao ataque na Ilha dos Perdidos.

— Continuo sem entender aonde quer chegar com tudo isso. Eu ao menos sei o que é essa tal "Ilha dos Perdidos".

— É de onde você veio! É a ilha para onde a sua família foi mandada por causa da Bella e o Rumplestiltskin, onde os vilões moram.

— Então quer dizer que eu sou filha de um vilão? Mas a Bella não fica com a Fera no final da história? - Hanna estava confusa com a história de Henry, ele poderia facilmente estar mentindo sobre suas origens para não ser mandado de volta para Storybrooke.

— Mas é diferente agora, o Fera não existe nesse mundo e ela fica com o Rumplestiltskin. Eles expulsaram todos os vilões, incluindo parte da minha família, para essa ilha.

— E como chegou a conclusão que sua trisavó jogou um feitiço no meu pai pra ele não saber que eu sobrevivi a esse tal ataque nessa ilha. Ou melhor: por que ninguém pode me dizer o nome do meu pai? Por que ela me envolveu nisso se o assunto deveria ser diretamente com ele?

— Para ele não te encontrar, ela teve que te afastar dele, por isso o acidente que te fez perder a memória. Só existe uma pessoa que pode falar com você sobre ele que não foi afetada pelo feitiço. - a Jones nada disse, apenas ergueu uma sobrancelha em sinal de ceticismo para o garoto. — Você tem que ir para a Ilha dos Perdidos e procurar o Harry Gancho, ele vai te ajudar.

— Henry, eu sei que a sua teoria sobre a Emma ser a salvadora de Storybrooke é verdadeira e tudo o mais, mas eu não vou arriscar minha vida indo para um lugar que não tenho certeza de que morei ou nasci para falar com o filho do Capitão Gancho. Se o Peter Pan já tentou matar vários amigos meus, imagina o que a família Gancho pode fazer.

— Você não está entendendo! Harry é o único que pode te ajudar a encontrar sua família! Ele não vai te machucar, muito menos trair como já fizeram com você!

Novamente um barulho alto invadiu o navio e interrompeu a conversa, mas dessa vez não era algo sendo derrubado ou atirado ao chão, era semelhante ao cacarejo de um galo seguido pelo som de várias coisas sendo arrastadas pelo convés.

Hanna e Henry se entreolharam assustados pois sabiam o que aquilo significava. Peter Pan estava a bordo, ele havia os encontrado.

Cuidadosamente e armados, os dois amigos abriram a porta e espiaram pela fresta, prontos para atacarem e protegerem seus aliados. Contudo, não havia sinal de alguém, muito menos dos quatro piratas atrapalhados, apenas as armas estavam postas ao chão como se os donos tivessem as colocado ali antes de saírem.

— O que aconteceu aqui? - Henry perguntou enquanto saia da sala da Capitã, que agora analisava atentamente cada canto do barco em busca dos quatro rapazes.

— Estou me perguntando a mesma coisa... - Hanna olhou em direção à floresta e avistou a jaqueta que Jack sempre usava pendurada em um galho e logo percebeu o que aconteceu. — Peter Pan e os Meninos Perdidos levaram todos eles.

— E o que vamos fazer?

— Você vai ficar aqui e chamar reforços, eu vou recuperar meus amigos e ensinar esse idiota que não se deve se meter com a tripulação de uma pirata.

Hanna desceu no navio e adentrou a floresta, segurando a adaga junto ao peito e atenta a qualquer sinal de perigo. Vez ou outra ela se escondia atrás de uma árvore quando ouvia um barulho a sua frente ou costas e encontrando apenas um animal indefeso se escondendo de seu predador.

E era exatamente assim que a Capitã se sentia, uma presa e Peter Pan era o predador. Ela tinha que ser cuidadosa com suas ações para não ser morta pelo rapaz que não crescia e poder salvar seus amigos do perigo. Nunca havia encontrado o jovem, mas tinha a sensação de que a rivalidade entre a dupla é antiga o suficiente para passar por várias gerações antes de chegar ao que é hoje em dia.

Mais alguns metros e Hanna encontrou uma clareira escura em meio às árvores. Os pequenos montes de cinzas indicavam que algo havia sido queimado lá, então deduziu que estava perto da Árvore do Nunca e aquele seria o lugar onde Peter Pan e os Meninos Perdidos faziam suas festas de fogueiras.

— Parece que não estou sozinha aqui. - a jovem riu antes de se virar e encontrar os olhos azuis brilhando em meio a escuridão. Ela sabia que não era Peter, mas sim a sua sombra. — Sequestrou meus amigos e agora tem minha atenção. O que quer?

— Você. - a sombra desapareceu e o jovem de cabelos loiros se materializou em sua frente, a encurralando em uma árvore. Hanna apenas pôde engolir em seco com a proximidade de Peter, não estava acostumada a ficar tão próxima de outros homens além de seus marujos. — O que trouxe uma pirata ingênua como você para a Terra do Nunca?

— Isso não é da sua conta. Onde eles estão?

— Não se preocupe, seus companheiros estão em boas mãos, Felix não vai deixar com que os Meninos Perdidos façam algo com eles sem minha permissão. Você também estará, se quiser ficar.

— É assim que conversa com as garotas? Impressiona-me saber que Wendy ficou anos por aqui.

— Está me subestimando?

— Não sei... estou? - Peter sorriu perverso e colocou a mão no bolso. Em seguida, a esticou em direção a Hanna e assoprou algum pó prateado, a pegando desprevenida. Era um pó mágico que Sininho produzia para fazer com que os Meninos Perdidos dormissem rápido e não atrapalhassem Peter quando ocupado. O efeito foi imediato na pirata, que não demorou muito para cair desacordada nos braços do loiro em sua frente.

Bem vinda à Terra do Nunca, você será a mãe perfeita para eles. - Peter a pegou no colo e assim voltou a adentrar a floresta, seguindo em direção onde se encontravam seus fiéis companheiros.

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