Hanna e Felix não sabiam há quanto tempo ficaram ali, se encarando profunda e intensamente, mas nunca parecia ser o suficiente, queriam mais do que uma simples troca de olhares, mas a presença de outras pessoas ao seu redor os faziam se perguntar se aquilo era o certo. Questionavam a si mesmos se aquela sensação era certa, se a vontade de acabar com a distância de suas bocas era certa.
Sem se importar com mais nada, Hanna se apoiou na ponta dos pés e puxou o queixo de Felix, roçando as bocas de forma carinhosa enquanto esperava uma reação do loiro. O rosto do rapaz ganhou a tonalidade rosada rapidamente, mas isso não o impediu de abraçar a cintura da garota em sua frente e finalmente provar os lábios que desejou por dias, os envolvendo em um beijo sedento e profundo.
— É melhor do que eu imaginava. - Felix confessou em um sussurro. A dupla tentava recuperar o fôlego, mas parecia impossível com os corpos tão próximos.
— Foi o seu primeiro beijo? - o Menino Perdido apenas assentiu, depositando um selar demorado nos lábios da "amiga", sorrindo após o ato enquanto acariciava os cabelos alheios. — Acho que deveria me sentir honrada por ser a primeira. - riram com o comentário.
Ficaram ali por mais alguns minutos, acariciando os rostos um do outro e de vez em quando trocavam selares inocentes e calmos. Estavam em seu próprio mundo e não pretendiam voltar para a realidade tão cedo. Queriam permanecer naquele momento por mais tempo, desejaram que o tempo parasse para que ficassem juntos daquele jeito. Mas sabiam que não seria possível e logo teriam de voltar e fingir que tudo aquilo não aconteceu.
O som da flauta de Peter ecoou novamente pela floresta, porém não era uma música, e sim um aviso. Temiam em olhar através do arbusto e vê-lo parado junto aos outros Meninos Perdidos, todos com armas apontados para a dupla, prontos para atacar sob o comando de Pan.
Cuidadosamente, espiaram entre as folhas. Não havia ninguém, até mesmo Peter parecia ter desaparecido do acampamento.
Engoliram em seco e saíram silenciosamente, prestando atenção ao redor e procurando uma possível ameaça. Analisando a área, perceberam que todos estavam desacordados no chão, apenas eles não foram atingidos pelo ocorrido. Até mesmo Pan dormia profundamente, como se fosse tarde da noite e ele acabara de voltar do seu turno da vigia.
— O que caralhos aconteceu aqui? - Hanna cutucava os Meninos Perdidos com a ponta do pé, esperando por uma reação. Mas nenhum deles se mexeu, era como se além de dormir, todos paralisaram.
— Acho que a dúvida maior agora é como não fomos afetados... - Felix se abaixou na frente de Peter, observando o semblante calmo do amigo. — Não acha que foram seus amigos?
— Não lembro de algum deles comentando sobre ter poderes. - agachou-se ao lado de Devin e alisou o nariz do menor, percebendo um brilho estranho na ponta de seus dedos. — Não foi um feitiço. É Pó do Sono, Peter usou em mim quando cheguei. - assoprou o dedo e limpou a mão na calça, se aproximando de Pan e Felix.
— Mas a quantidade usada para atingir todos eles seria o suficiente para alcançar a gente. Como não estamos sob o efeito?
— Por que não queriam afetar a nós...
Um estouro ao longe atraiu a atenção da dupla. Hanna enfiou a mão por dentro da camisa de Peter e roubou a adaga dele enquanto Felix seguia até Devin para pegar o arco e as flechas.
Armados e preparados para o que estava por vir, seguiram em direção a origem do som com mil e um pensamentos sobre o que poderia ser. Tinham seus palpites, um pior do que o outro, mas estavam preparados para se protegerem do que estava acontecendo.
— E se for um dos seus amigos heróis? - Felix puxou Hanna para atrás de uma árvore assim que ouviu o barulho de passos se aproximando.
— Seria impossível, eles não conseguiriam o Pó do Sono com facilidade. Ainda mais em uma grande quantidade como a que usaram. - atreveu-se a olhar por trás do tronco e viu ao longe uma figura familiar. O vira por poucos minutos, mas já reconhecia a camiseta cinza rasgada, a jaqueta de couro vermelha escuro e o chapéu marrom. — É o Harry Gancho.
— Ele já esteve aqui, provavelmente deve ter roubado o suficiente em suas visitas. - o Menino Perdido olhou para a pirata. Não tinha mais o que fazer, sabia que Harry não se aproximaria desacompanhado, era provável seu pai ou algum aliado estar por perto, o que o deixava em desvantagem. Mas isso não queria dizer que deixaria Hanna ser "resgatada das suas garras" sem se divertir um pouco.
— Você está cercado! - Emma exclamou e Felix segurou a cintura de Hanna com força, fingindo estar prendendo-a. — Solte ela se não quer se machucar.
— Acham mesmo que seria fácil assim conseguir sua amiga de volta? - o maior gargalhou rouco. — Um simples Pó do Sono não é o suficiente para derrotar Peter Pan.
— Eu não estou vendo ele aqui. - Harry cantarolou e se aproximou da dupla. Passou o seu gancho pelo rosto do Menino Perdido e riu histericamente. — É só um contra sete. Você não tem chance. Entregue a garota se não quer ter essa belezinha do meu gancho em você.
— Eu a entrego com uma condição. - o som da flauta ecoou novamente, indicando que Peter estava por perto. Felix sorriu sombrio, Hanna engoliu em seco e sentiu o suor começar a escorrer pelo rosto, ele havia voltado a ser aquele rapaz que conhecera nas histórias do orfanato e estava começando a ter medo dele.
— O que quer em troca dela?
— Ela não está a venda. - a voz de Pan ressoou e todos congelaram. — Você tem algo que me pertence. - aproximou-se de Felix, este virou Hanna em direção de Pan, que pegara de volta a adaga. — Devin! Leve-a de volta para a jaula!
— Mas que merda! - Hanna tentou se debater, mas Peter estalou os dedos. Suas pernas não a obedeciam e não sentia seu braços. Ele a paralisou. Tentou gritar, mas sua voz não saia.
— Não precisa ser extremo, podemos resolver isso de outro jeito. - Killian suspirou e passou a mão pelo cabelo. — Só queremos a garota de volta e sairemos daqui antes de perceber.
— Olha, eu até aceitaria essa oferta. Mas o que eu ganharia em troca? Os Meninos Perdidos ficariam sem a Mãe deles e ela está sendo muito útil aqui na Terra do Nunca. Já a viram caçando? Extremamente atraente.
— Por que ainda insiste que esses garotos precisam de uma mãe se repudiam todas que existem? - Harry cruzou os braços e Peter o olhou. Era assustadora a semelhança que ele tinha com a irmã. Olhar para Harry era como ver uma versão mais maníaca de Hanna.
— Digamos que esse tempo que ela passou aqui me fez mudar minha mente. - todos olhavam céticos para Peter, que riu e continuou a falar: — Ela não tem família, está sozinha e perdida. Isso me fez pensar que talvez eles não precisam mais dela como uma mãe, mas como uma irmã mais velha. Ela é péssima com castigos e muito desobediente, uma terrível opção.
— Você sabe que a magia da Terra do Nunca não tem efeito nela enquanto está com o colar? - Regina sorriu vitoriosa ao ver o rosto confuso de Peter. — Você não sabia? Aquela coisinha de prata não só prende os poderes dela, mas a impede de ser afetada por qualquer magia. Logo ela crescerá e se tornar adulta.
— O tempo é parado aqui, não há como ela crescer.
— Mas se fizermos as contas, Hanna está viva há mais de quarenta anos. - Emma sorriu ao perceber o raciocínio de Regina, mas a corrigiu. — Ela passou vinte e oito anos presa como adolescente em Storybooke e chegou aqui já sendo basicamente adulta, por isso a magia da Terra do Nunca não a obedece. Hanna é uma adulta no corpo de uma adolescente.
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Centuries
FanfictionPeter Pan, o garoto que se nega a crescer, encontra o desenho de uma garota datado cem anos mais tarde na Ilha da Caveira. Determinado a encontrá-la, Peter faz um juramento que a tornará mãe dos Meninos Perdidos. O que ele não imagina é que o seu re...