— Mas que merda? Eu não estava tentando escapar! - Hanna tentou se defender, mas Peter riu e a puxou, afastando-a de Felix e Devin.
— Não foi isso que disse para os "heróis". - o coração da pirata acelerou, ele ouvira toda a conversa que tivera com seus amigos, mas como?
— Peter, eu posso explicar...
— Tarde demais, você mentiu para todos e será punida! Vai ficar naquela jaula até o momento em que eu achar que deverá sair. - apontou para o objeto que os outros rapazes carregavam com as mãos tremendo. O corpo da Jones começou a suar frio e Pan estava adorando ver o desespero dela.
Os Meninos Perdidos levaram Hanna até a jaula evitando em olhar para ela, não por estarem com medo, mas sim porque estavam magoados pela tentativa de fuga. Peter tinha um juramento para cumprir e ela tinha que colaborar para que ninguém se machucasse.
A pirata se encolheu para entrar e ficou ali, sentada em um canto enquanto via todos se afastar com os semblantes tristes e ouvia o riso de Pan. Ele era um maníaco estranho, parecia impossível vencer os seus joguinhos.
Ela estava ali, presa, sem poderes, vulnerável e sem um plano para poder escapar e se libertar. Mesmo sabendo que não seria fácil sua aventura pela Terra do Nunca, ela não contava que teria de fingir não se importar mais com sua família e ficar ao lado de um maníaco que Peter Pan era, criando a imagem de Mãe que ele queria para os Meninos Perdidos.
Peter se sentia levemente mal pelo o que estava fazendo com Hanna, mas tinha que fazer o que deveria ser feito para que ela fique ali, com ele e os seus amigos. Era claro que não a deixaria presa por muito tempo, apenas o suficiente para entender que a Terra do Nunca era o seu novo lar e aquela era a sua nova família. Caso não entendesse, ele repetiria isso até que finalmente ela decida ficar ali e seu juramento ser cumprido.
Hanna perdera as contas de quantas horas ficara ali sentada, brincando com a grama sob seus pés quando finalmente viu alguém se aproximar da jaula. Um pontinho de esperança acendeu em si. Mas logo foi por água abaixo quando viu Felix chegando com uma tigela em uma mão e um copo em outra.
— Não estou com fome. - remexeu-se quando ouviu o estômago roncar com o estímulo do cheiro da sopa recém feita.
— Precisa de força se quer sobreviver. - o menino passou o alimento pela pequena fresta que a jaula tinha e forçou um sorriso enquanto se sentava de costas para a pirata. — Peter não sabe que vim aqui, então se eu fosse você, comeria antes dele perceber que não sai para jantar.
— Está sendo legal comigo desde que cheguei, o que quer de mim? - Felix se curvou para olhar para Hanna, os olhos brilhavam em curiosidade e medo. Ele apenas riu e voltou a observar o horizonte.
— Você é diferente de Wendy. Ela parecia... amar o Peter, mas você não. Parece que o odeia.
— Bem, ele sequestrou a mim, meus amigos e agora estou presa, sem poderes que nem eu sabia que tinha até o momento e sozinha. É bem difícil amar alguém que faz esses tipos de coisas. - a dupla riu e Hanna começou a brincar com a colher de barro à sua frente. — Ainda não respondeu minha pergunta.
— Simples, nada.
— "Nada"? Nas histórias que me contaram, dizem que além de você ser o braço direito de Peter Pan, é tão ruim quando ele.
— É, essas histórias tem uma certa verdade nelas, mas não estou te tratando assim por querer algo em troca, só não quero cometer o mesmo erro novamente.
— Eu deveria perguntar o que seria esse erro ou vou saber com o tempo?
— Acredito que um dia Peter vai te contar quando for a hora certa.
— Por que ele tem que contar algo que você fez?
— Porque foi ele quem foi afetado por esse erro. - olhou para a tigela ainda intocada e depois para a pirata. — Não vai comer?
— E correr risco de ser envenenada? Não, obrigada. - empurrou de volta e o rapaz riu, pegando a comida. — Melhor voltar antes que Peter descubra que esteve aqui.
— Ao menos beba a água, eu juro que não está envenenada. - Felix apontou para o copo e Hanna o pegou, bebericou um pouco e depois o voltou no chão. — Não confia em nós?
— É difícil confiar em alguém que é aliado de Peter Pan.
— Bom, então agora eu tenho um propósito para ser legal com você: para você aprender que nem tudo o que contam nas histórias é verdade.
— Felix, não estamos em um conto de fadas. Isso é a vida real, não é tão fácil conquistar a confiança de alguém, ainda mais quando esse alguém já foi traído por amigos.
— Isso eu descubro mais tarde ou vai me contar a história?
— Não é algo que eu queira conversar sobre com um Menino Perdido. Foi um episódio um tanto traumático pelo o que me lembre.
— Pensei que tivesse amnésia...
— Eu tenho, mas aos poucos algumas memórias voltam com algum tipo de estímulo. Acho que não é permanente e logo vou me lembrar de tudo.
Felix assentiu e a dupla ficou em silêncio por alguns minutos, apenas observavam as folhas das copas das árvores balançando com o vento que soprava e o céu ficando mais escuro. Logo as estrelas começaram a aparecer e o rapaz se levantou pronto para sair e voltar para a Árvore do Nunca.
Ele sabia que Peter já estaria desconfiado de sua demora, então caso perguntado, não mentiria mas esconderia que tentara alimentar a "Mãe Prisioneira". Não demorou para alcançar a árvore e desceu, encontrando Pan andando de um lado para o outro com o semblante sério e as unhas entre os dentes, ele estava preocupado.
— Onde você estava?Já faz mais de três horas que saiu! - Felix engoliu seco ao perceber que esquecera a tigela e o copo na jaula com Hanna. — Onde estão as suas coisas?
— Caíram e quebraram no caminho. - Peter analisou o mais alto por alguns segundo antes se suspirar concordando com a desculpa do amigo, que soltou o ar aliviado.
— Ela tentou fugir de novo?
— Chequei a jaula antes de voltar e ela ainda estava lá. - Pan assentiu e se sentou na cadeira de frente para Felix. — O que pretende fazer com ela?
— Só dar um susto e ensinar que não sabe com quem está mexendo. Por que quer saber? Está interessado nela?
— Não, apenas preocupado porque estão aqui na Terra do Nunca atrás dela e podem nos encontrar a qualquer momento.
— Relaxe um pouco e encare isso como um jogo, Felix. Capitão Gancho está de volta e o filho dele veio junto, isso vai ser muito divertido.
— Acho que perigoso pode ser o termo certo. - Peter olhou confuso para o mais alto, este se sentou à sua frente e começou a sussurrar para que os outros meninos não escutassem: — Não acha que Hanna se parece com o Gancho? E se ela for a filha dele?
— Felix, a filha do Gancho está morta, ele viu com os próprios olhos.
— Então o que explica ela ser tão parecida com ele?
— Não sei, ela pode ser a filha do irmão dele ou algo assim. Eles eram bem parecidos quando os vi pela primeira vez. Por que está se importando tanto com isso?
— Ela tem uma marca de mordida de crocodilo na mão direita e o mesmo olhar maníaco que o Gancho e o filho dele têm. Estou me importando porque não sabemos com quem estamos lidando.
— Bem, se a filha do Capitão Gancho realmente estiver viva e for a nossa prisioneira. - Peter levantou-se da mesa e começou a andar de um lado para o outro. — Então realmente podemos estar lidando com algo perigoso... Eu estou começando a gostar ainda mais desse jogo.
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Centuries
FanfictionPeter Pan, o garoto que se nega a crescer, encontra o desenho de uma garota datado cem anos mais tarde na Ilha da Caveira. Determinado a encontrá-la, Peter faz um juramento que a tornará mãe dos Meninos Perdidos. O que ele não imagina é que o seu re...