— Vocês se conhecem? - Gancho olhava confuso para o filho. Aquela pergunta acertou Harry como uma facada em seu coração. Ele não reconhecia a própria filha.
— Henry enviou um pedido de ajuda com o nome e uma descrição dela. - ajeitou a postura e forçou um sorriso vitorioso. — Bem, Hanna encontrada e missão cumprida. Podemos voltar aos nossos cotidianos.
— Não podemos sair daqui! Só podemos com a permissão do próprio Peter Pan. - Henry impediu do grupo de dar meia volta, todos o olharam céticos. — Se sairmos sem a permissão dele, vamos apenas vagar em círculos e ele vai nos encontrar mesmo se estivermos escondidos.
— Eu já sai daqui uma vez sem a permissão dele, sair uma segunda vez será nada de mais. - Gancho afastou o garoto e se afastou um pouco grupo.
— A não ser que ele deixou com que você saísse em troca de algo que ele queira... - Hanna comentou pensativa. Harry e Henry a olharam confusos e assustados. Mesmo sem lembranças, era possível ela saber o motivo da fissuração de Peter por ela? — Mas o que Peter Pan poderia querer em troca da liberdade de seu maior inimigo?
— Minha... filha? - o pirata ponderou e os olhares se focaram nele. Todos tinham esperanças de que pai e filha se reconhecessem, mas parecia ser impossível, mesmo com o feitiço de disfarce quebrado. — Isso seria impossível, ela morreu anos atrás, logo depois do seu nascimento. Talvez ele queira o Harry para ser um dos seus Meninos Perdidos?
— Eu o engancharia se tentasse me fazer parte daquele seu bando de animais. - o pai riu e bagunçou os cabelos do filho em aprovação.
— Mas se Gancho pode sair daqui quando quiser, algo relacionado a ele tem de ficar preso na Terra do Nunca para que isso seja possível. - Emma fingia pensar, ela já sabia o que estava acontecendo. Killian trocara inconscientemente a liberdade de sua filha pela própria. — Alguma pessoa que seja importante para ele e para o Pan.
Hanna sentiu o corpo arrepiar e paralisar assim que o cheiro característico de Peter invadiu seu olfato. Aquele aroma amadeirado misturado com sujeira a deixou assustada e preocupada com aqueles que estavam ao seu redor.
Discretamente, tirou sua adaga das mãos de Harry e a escondeu nas vestes. Esperou com que eles se distraíssem com o barulho de Pan se aproximando e correu dali, voltando às pressas para o acampamento para que não notasse a falta da pirata ao redor.
— Onde você estava? Peter foi te procurar! - Felix se aproximou de Hanna assim que a viu, sua respiração estava falha pela corrida recente e o suor começava a escorrer pelo rosto.
— Vieram me tirar daqui. - o loiro a olhou confuso, mas esperou pacientemente com que a pirata conseguisse recuperar o fôlego para explicar: — Um amigo meu de Storybrooke estava infiltrado no meu barco e pediu por ajuda. Toda a família dele está aqui e o filho do Capitão Gancho também.
— Está falando do Harry Gancho? O que ele está fazendo aqui?!
— Não sei, mas Henry diz que ele é a chave para eu encontrar minha família. - Felix sentiu um aperto em seu coração, Hanna ainda queria voltar para casa, a flauta de Peter não funcionou como o planejado.
— Mas você não pode sair daqui-
— Sem a permissão de Pan. Já sei disso, mas tem algo que me deixou intrigada. Gancho está aqui também, mas ele consegue sair porque algo importante está preso aqui em troca.
— Por que não me disse antes que o Capitão Gancho está aqui? Se Peter o encontrar vai ser um inferno!
— Acha que eu não sei disso? Por isso sai de onde estavam para voltar. Se ele me visse falando com eles, a Terra do Nunca nadaria em sangue. Mas acho que eles me perceberam fugindo quando Peter estava se aproximando e correram também.
— Que ótima pirata você é, deixando aliados para lidarem com o Peter sozinhos. - Devin riu, assustando Hanna e Felix. — Não vai contar para ele? Que ela estava com os "heróis" dela e planeja fugir daqui?
— Ele já deve saber a esse ponto que estão atrás dela. Hanna não é como a gente.
— "Como a gente" como? Órfãos? Ela é como a gente, não tem pais, muito menos alguém que se preocupa com ela. Somos a única solução para ela.
— Eu tenho meus avôs Brennan e Alice. Eles estão me esperando para voltar para casa com os meus pais. - Hanna rebateu, olhando séria para o menor, que riu cético.
— Acha que a sua família vai ficar te esperando a vida inteira? O tempo aqui passa diferente de lá! Já devem ter se passado anos, já esqueceram de você. Agora é uma de nós e não pode negar! Vai ser nossa mãe e viver aqui para sempre.
Sem cerimônias, Felix fechou o punho e socou a face de Devin, que cambaleou alguns passos para trás. Hanna olhava a cena abismada, ela sabia muito bem se defender de valentões como ele, mas ver alguém fazer isso por ela pela primeira vez na vida foi algo inesperado e a deixou sem reação o suficiente para ficar ali, parada observando os garotos se estapeando e socando no chão.
Ainda sem saber o que fazer, a Jones tentou se afastar da briga mas foi impedida por uma mão pesada em seu ombro. Ela logo percebeu que Peter voltara e estava irritado com a cena à sua frente.
— O que diabos está acontecendo aqui? - imediatamente os garotos se separaram e levantaram limpando as vestes e os rostos sujos. Nenhum dos dois se manifestou ou fez menção em falar, eles olhavam para baixo, evitando dos olhos raivosos de Peter. — Eu sou perguntar uma última vez: o que diabos está acontecendo?
— Devin insultou Hanna e eu... dei um soco no rosto dele. - a voz de Felix saiu grossa. Hanna sentia o medo transbordar em seu corpo, mas assim que sentiu o aperto de Peter em seu ombro diminuir, ela logo entendeu que ele estava a mandando sair de perto e correu para dentro da Árvore do Nunca, onde os outros Meninos Perdidos assistiam assustados.
— Ele vai bater no Felix ou no Devin? Ou nos dois? - um dos gêmeos perguntou e os outros se encolheram assim que Peter se aproximou da dupla que ainda estava lá fora.
— Vamos para dentro, meninos. - Hanna fez com que os garotos virassem as costas e entrassem, os colocando sentados na cama. — Vai ficar tudo bem, Peter só vai conversar com eles.
— Essa não é a primeira vez que eles brigam, já aconteceram outras vezes e em todas eles apanharam feio para ele.
— Isso não vai acontecer, não enquanto eu estiver aqui. - a pirata tirou a adaga de dentro das vestes e subiu de volta, olhando seriamente para os meninos antes de sair.
Hanna saiu e vira Peter envolvido por um feixe de luz verde, Felix e Devon estavam encolhidos no tronco da árvore e imploravam por perdão e prometiam que não brigariam mais.
Contudo, aquelas palavras não pareciam satisfazer Peter, pelo contrário, ele apenas ficava cada vez mais irritado. A pirata respirou fundo enquanto o via se aproximar da dupla e se colocou na frente, apontando a adaga em direção ao seu coração.
— Se encostar um dedo neles, eu te mato! - mesmo tremendo, Hanna mantinha a pose séria e um tanto ameaçadora. Felix e Devin se levantaram cuidadosa e lentamente, alternando os olhares entre a morena e o loiro. — Eles são apenas crianças, não é desse jeito que aprendem o que é certo e o que é errado!
— E o que sugere que eu faça? - os olhos de Peter estavas negros como a escuridão e isso lhe dava arrepios, mas não deixou se intimidar.
— Nós piratas usamos um castigo muito pior do que esse quando um de nós desobedece as regras do Capitão. - olhou brincalhona para os dois atrás de si, eles se encolheram mais ainda, temiam mais de Hanna do que de Peter, ela sabia ser ameaçadora quando queria. Mas uma piscadela foi o suficiente para eles entenderem o que ela estava aprontando e finalmente relaxaram. — Tomar banho cercado de tubarões. - a pirata segurou um riso ao ver Felix e Devin se encolherem novamente e ouvir Peter rir.
— Você é mais divertida do que pensei. Eles odeiam tomar banho. - Peter se aproximou e apertou o ombro da menor, que engoliu em seco ao notar o olhar vitorioso do loiro. — Uma pena que não poderá ver essa cena. Rapazes! Peguem a maior jaula que tiverem! Não quero que a Mãe de vocês tente escapar novamente!
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Centuries
FanficPeter Pan, o garoto que se nega a crescer, encontra o desenho de uma garota datado cem anos mais tarde na Ilha da Caveira. Determinado a encontrá-la, Peter faz um juramento que a tornará mãe dos Meninos Perdidos. O que ele não imagina é que o seu re...