Capítulo 6: Despertar

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Não demorou muito para que Peter alcançasse os Meninos Perdidos, que estavam terminando de colocar os piratas amigos de Hanna em suas jaulas pequenas suficiente para que eles ficassem encolhidos.

Os quatro prisioneiros não reagiram bem ao ver a capitã nos braços do loiro. Logo começaram a se debaterem para se libertarem e ajudarem Hanna. Peter apenas soube rir antes de dar sinal de que poderiam fazer qualquer coisa para que os rapazes parassem com o barulho.

Cuidadosamente, Peter deitou Hanna em uma cama improvisada de folhas secas e logo os Meninos Perdidos se reuniram ao redor da jovem adormecida e ficaram a admirando.

Ela com certeza era mais bela do que o desenho mostrava. Os longos e ondulados cabelos pretos como a escuridão davam um belo destaque para os lábios avermelhados, a face calma e serena era familiar para todos, mas ninguém se voluntariaria para comentar sobre aquilo.

— Rapazes, eu lhes apresento a sua nova mãe. - os garotos sorriram animados e começaram a comemorar. Os piratas começaram a fazer barulho novamente. — Cubram as bocas desses idiotas, estou cansado de reclamações. - mais que rapidamente, alguns dos meninos se aproximaram dos prisioneiros e envolveram suas bocas com pedaços de panos, os impedindo de falar.

— Ela vai ficar com a gente para sempre dessa vez? - Devin perguntou desconfiado, ele não conseguia tirar os olhos da pirata desacordada, ela parecia ser a menina mais bela que já havia visto.

— Ela vai, eu prometo a todos vocês. - os Meninos Perdidos vibraram em animação e Hanna se moveu preguiçosamente, dando sinal de que acordaria a qualquer momento. — Preparem uma casa para ela, mais bonita que a da Wendy. Ela precisará de um lugar só para si.

E assim os meninos se afastaram e espalharam pela floresta, colhendo galhos, cipós, folhas secas e muitas outras coisas que poderiam ser úteis para a nova casa de sua nova mãe. Todos estavam empolgados para conhecê-la, tinham a sensação de que Hanna seria a mãe perfeita que sempre sonharam.

Felix parecia ser o mais animado com a chegada da pirata, pois não parava de cantarolar e isso arrancava risos de seus companheiros, nunca o viram com o humor nas alturas como estavam o vendo agora.

Algumas horas depois, a casa já estava pronta, construída ao redor de Hanna, assim como fizeram com Wendy. Agora só restava-lhes esperar que a jovem acordasse para poderem recebê-la da maneira que queriam.

Não demorou para que ouvissem o barulho das folhas sendo amassadas e o som de uma respiração acelerada e assustada. Sabiam que ela havia acordado mas estava apavorada com o cenário em que se encontrava.

Tudo estava escuro e sombrio, ela tinha uma sensação de dejavu, sabia que passara por alguma situação semelhante para estar tão assombrada quanto estava nesse momento. Os risos infantis ao redor não ajudavam a se acalmar, a cada segundo que se passava, mais ela entrava em pânico.

— Mas que merda está acontecendo? - Hanna tentava controlar a respiração, mas cada segundo que se passava tudo ficava mais complicado. Ela tinha que sair daquele lugar antes que a sensação flamejante em seu corpo tomasse conta de si. — Patrick? Jack? David? Louis? Onde vocês estão?

Não houve respostas, tudo estava silencioso. As risadas pararam, apenas se ouvia a brisa contra as folhas das árvores. Jones já não sabia mais o que fazer, estava em choque e descontrolada. Sentia seu corpo queimando, as mãos formigavam, algo corria por suas veias mas não sabia identificar o que seria.

Sentindo-se a ponto de quebrar, a pirata se encolheu em um canto e escondeu o rosto entre os braços cruzados nas pernas em busca de proteção para essa sensação.

Um feixe de luz roxa invadiu a casa e possuiu Hanna, ela finalmente se sentiu segura e calma. Era como se estivesse nos braços de sua mãe, estava protegida daquela sensação.

Um tremor ao seu redor a despertou e finalmente abriu os olhos e observou ao seu redor. A casa havia desaparecido, Peter Pan e os Meninos Perdidos estavam parados a olhando perplexos e assustados, seus marujos estavam presos em jaulas minúsculas, mas conseguia ver perfeitamente seus semblantes animados e confusos.

— Ela é como você? - Felix perguntou sem desviar o olhar da pirata que ainda processava o que havia acabado de acontecer.

— O que acabou de acontecer? - agora fora Devin que duvidava para o "pai", mas ele não conseguia responder, estava boquiaberto com a garota a sua frente.

— O colar. - Sininho sussurrara para si mesma, mas fora ouvida por Hanna, que tocou o pescoço em busca da joia, sentindo apenas sua pele. — Ele não estava a protegendo de Peter, mas de si mesma.

— Acho que não fomos apresentados de forma correta. - Pan se aproximou cuidadosamente de Hanna e tirou um chapéu imaginário, reverenciando-se a frente da jovem. — Sou Peter, Peter Pan. Seu nome?

— Hanna Beatrice. - desviou o olhar pra seus companheiros, que murmuravam para serem libertados. — Soltem eles!

— Não podemos fazer isso, são contra as leis da Terra do Nunca. - Devin riu enquanto se aproximava de Peter. — Tem sorte de que não estão mortos. São todos adultos, não podem ficar aqui.

— Eles não passam de quinze anos. Eu os vi crescerem, são apenas crianças. - Pan suspirou vitorioso com a cena em sua frente, mas sentiu um arrepio percorrer em seu corpo. Os olhos que antes eram castanhos agora estavam azuis como o mar e brilhavam a mesma energia caótica que ele conhecia muito bem. Teria ela alguma conexão com seu inimigo?

— Eu os soltarei e os deixarei ir sob uma única condição. - Pan começou a andar em círculos ao redor de Hanna, que o acompanha com o olhar. A sensação em suas mãos e veias apenas se intensificava e a cada segundo ficava mais irritada em ver seus amigos presos. — Você ficará aqui, comigo. Será mãe dos Meninos Perdidos e não poderá sair da Terra do Nunca, nunca mais.

Os piratas murmuraram novamente, implorando para que Hanna não aceitasse o trato, mas ela estava considerando as condições. Ela trocaria a sua liberdade pela dos seus amigos, eles poderiam ajudar Henry com a chegada dos reforços e assim conseguiriam sair juntos, como sempre.

— Solte-os e eu me tornarei mãe dos Meninos Perdidos. - os meninos vibraram enquanto soltavam os piratas de suas jaulas. Eles olhavam para Hanna decepcionados com sua resposta mas curiosos pelo fato de sua aparência ter mudado para a cor de olhos que conheciam muito bem, eles conheciam duas pessoas com aqueles mesmos olhos e temiam o que poderia acontecer se suas teorias fossem verdadeiras.

Seria Hanna Beatrice Jones filha de Killian Jones, o temível Capitão Gancho?

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