Capítulo 1: O Desenho

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A Terra do Nunca, uma ilha situada longe do mundo real, onde crianças não crescem e os adultos não são permitidos. Um lugar mágico repleto de mistérios, aventuras e seres místicos que muitos não acreditariam que realmente existem.

Esse é o lar dos Meninos Perdidos, um grupo de rapazes que, quando bebês, caíram de seus carrinhos quando suas babás se descuidaram e foram levados por Peter Pan, o primeiro garoto a não crescer, para esta magnífica ilha.

Misteriosamente, a quantidade de meninos perdidos nunca passou de sete, sempre que um ou outro chegava, desaparecia logo após os primeiros sinais da puberdade. Contudo, isso nunca pareceu incomodar os outros garotos, que ao menos se lembravam de alguém novo se apresentando.

Os garotos gostavam de sair noite à fora a procura de uma aventura interessante para contarem uns aos outros - mesmo sabendo que estavam todos presentes no momento. Exploravam cada pedaço da ilha várias vezes durante os dias para encontrar algo que os tirassem da monotonia que estava sendo passar as madrugadas deitados em suas camas em alerta em caso de Capitão Gancho retornasse a Terra do Nunca.

Foi então, que por ideia de Felix, o grupo decidiu explorar a Ilha da Caveira. Uma pequena ilha a alguns quilômetros da Árvore do Nunca, sua casa, que era coberta por uma rocha enorme em forma de caveira. Era lá que o Capitão Gancho costumava se esconder enquanto aliados de Peter Pan ficavam de guarda na Baía dos Piratas com armamentos, prontos para atacarem e atrasarem a chegada do pirata à ilha. Eles sabiam que ele estaria por lá novamente, pois a tribo aliada estava a postos na praia, aguardando ansiosamente qualquer sinal de um navio.

As chamas das tochas iluminavam pobremente o lugar, então tiveram que se separarem em duplas para terem um campo de visão mais amplo e uma estratégia melhor caso encontrem Capitão Gancho e seus marujos.

Procuraram por toda a ilha, desde ao redor da pedra onde Gancho costumava amarrar seus rivais e prisioneiros como punição até o topo da rocha de caveira, porém não havia sinal algum dele, muito menos dos companheiros.

— Encontraram alguma coisa? - Peter perguntou assim que todos se reuniram na canoa. Ele estava ansioso e preocupado, havia meses que seu principal inimigo não aparecia na Terra do Nunca e isso não poderia ser um bom sinal.

— Achei um mapa do tesouro embaixo daquela rocha. - Devin apontou o lugar com um fino rolo de papel e sorriu animado. — Apostam quanto que o Capitão Gancho esqueceu isso quando soube que estávamos vindo pra cá?

— E como ele saberia que estamos à procura dele? - Felix pegou o pergaminho das mãos do amigo e entregou a Peter, que o guardou no bolso.

— Simples: sempre estamos procurando por ele. - deu de ombros e pegou uma das tochas. — O que vamos fazer agora?

— Vamos para casa fazer uma fogueira, começaremos a caça ao tesouro pela manhã. - Peter anunciou e os rapazes vibraram em aprovação e pularam para dentro da canoa, pegando os remos e seguindo de volta para a Árvore do Nunca.

A madrugada se aproximava e os rapazes dançavam e cantavam ao redor da fogueira sem se importarem com as feras rondando o local em busca de comida, muito menos com o pergaminho no bolso de Peter Pan, que tocava a sua flauta alegremente no centro da roda.

As fadas se reuniam para a festa e faziam garrafas de hidromel para beberem e festejarem pelo resto da noite, os elfos e duendes se juntavam à Peter para tocarem e dançarem ao seu redor. Tudo estava perfeito, Peter estava se divertindo, os Meninos Perdidos estavam se divertindo, os seres mágicos da Terra do Nunca estavam se divertindo.

O sol começava a nascer quando os rapazes resolveram irem para casa e deitarem em suas camas para se prepararem para a caça ao tesouro que seu pai - era como se referiam à Peter Pan, por ser considerado uma figura paterna por todos - estava planejando. Peter não conseguia dormir, ficava analisando o rolinho de papel, rodando-o entre os dedos enquanto se questionava se o abria nesse exato momento ou se esperava os mais novos acordarem para que todos vissem o mapa e o que poderia ser o tal tesouro.

Deixando a curiosidade falar mais alto, Peter desfez o laço cuidadosamente e desenrolou o pergaminho. Um grito mudo de surpresa se prendeu em sua garganta e ele engasgou com a saliva, sentindo as mãos suarem e o corpo tremer. Não era um mapa para um tesouro escondido pelo Capitão Gancho, mas sim o desenho de uma jovem atraente, vestindo um belo e longo vestido rasgado devido a uma possível batalha recente, pois ela segurava fortemente uma espada em uma pose heroica e corajosa e tinha uma adaga guardada em uma bainha na perna esquerda, os cabelos longos e negros caiam pelos ombros, descendo pelas costas até chegarem ao quadril e aquele rosto lhe era familiar, ele sentia que a vira em algum lugar, mas os lábios chamativos lhe eram desconhecidos, descartando a possibilidade de ser alguém que Peter realmente já havia encontrado na vida.

Peter não sabia quem era a garota, muito menos quem havia feito o desenho - porém tinha seus palpites, provavelmente fora algum dos marujos de Gancho que costumava desenhar no tempo livre - contudo, sabia que ela poderia ser uma pessoa real, ainda mais ao perceber uma data e um local na parte inferior do papel.

— Oito de julho de dois mil e onze? - sussurrou a data para si mesmo e pensou por alguns minutos antes de continuar: — Isso é daqui cem anos! Como pode um desenho ter essa data?!

— Peter? O que houve? - Felix se aproximou da cama do menor ainda sonolento. — Por que está gritando?

— Acontece que isso não é um mapa do tesouro! É a droga de um desenho que fizeram para nos enganar! Acharam que conseguiriam nos enganar colocando uma data que ainda nem existe!

— Peter, tenha calma, vai acordar os outros. Como assim "uma data que ainda nem existe"? É algum mês ou dia estranho?

— Pior, é um ano! Dataram esse pedaço de papel com o ano de dois mil e onze e esse ano nem existe.

— Na verdade, é daqui a cem anos. - Devin desceu da cama e se juntou aos dois amigos. — Colocaram uma data de cem anos mais tarde.

— E o que isso quer dizer?

— Bom, conhecendo o Capitão Gancho, ele deve ter consultado uma vidente e viu algo que pode acontecer no próximo século. O que o papel diz? - Felix desviou o olhar de volta para Peter, curioso para saber já que Peter escondera o papel entre as vestes assim que Devin acordara.

— É o desenho de uma garota, não sei quem ela é, mas me parece familiar. - mostrou o desenho para o menor, que pegou o papel e o colocou diante da vela que iluminava o quarto. — Vai queimar o papel?

— Não, arranharam um nome no papel. Hanna Beatrice Jones. Conhecem alguém com esse nome?

— Não existem garotas na Terra do Nunca. - Felix tirou o papel das mãos do amigo e devolveu para Peter. — Onde fica Storybrooke?

— Segunda estrela a direita, depois é só seguirmos até o amanhecer. Já estive lá anos atrás, quando conheci Wendy.

— Então devemos buscá-la? - Devin perguntou apreensivo, Peter e Felix se entreolharam como se estivessem tentando ler o pensamento um do outro. — Vamos esperar cem anos e trazê-la para a Terra do Nunca?

— Veremos isso amanhã, nosso pai precisa dormir. - Felix se levantou e puxou Devin junto, permitindo que Peter se deitasse na cama. — Precisamos de uma mãe nova, já que Wendy não está mais conosco, então devemos convencê-lo a trazer essa garota. Vai ser fácil se os outros descobrirem a imagem dela.

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