As palavras e a forma carinhosa como Hazel me agradeceu, me fez pensar muito nos três meninos que moravam naquela casa, e nos motivos que poderiam tê-los feito criar um aplicativo de namoro.
Quando fazemos algo ou surge uma ideia, ela simplesmente não surge do nada e sem um motivo plausível.
Nicholas estava tirando sua roupa quando adentrei seu quarto para trocar a minha.
— Posso te fazer uma pergunta? — Perguntei aproximando-me dele que estava próximo ao guarda-roupa.
— Desde que não seja relacionado a Victória. — Respondeu dando de ombros.
Senti raiva por ele ter citado o nome dela, e precisei fechar os olhos e contar até dez para dar continuidade no assunto que me deixara curiosa.
— Por que vocês criaram esse aplicativo? — Perguntei.
Nicholas deitou-se em sua cama, enquanto eu retirava a minha mala pela centésima vez para procurar o que vestir.
— A propósito, liberei espaço em uma gaveta e no cabide caso você queira colocar suas roupas. — Avisou apontando para o guarda-roupa.
No mesmo instante senti meu coração aquecer com sua atitude e a minha vontade era de beijá-lo na hora, mas aquilo só deixaria mais evidente os sentimentos que eu precisava esconder. Apenas sorri e recebi um sorriso envergonhado em resposta.
— Imagina três caras na fossa. — Pediu. — Um cara não tinha coragem de chegar na menina que ele gostava; o outro havia visto a mulher que amava partir; e por último aquele que tem medo de apresentar a namorada para qualquer um com medo de que alguém estrague as coisas.
— Certo, deixe-me ver se eu entendi. — Falei enquanto guardava as roupas na gaveta. — Austin nunca falou sobre seu amor pela Kaylee; Elliot passou a namorar há pouco tempo, onde Hazel se encaixa na parte dele?
— Eles ficaram por um tempo antes de criarmos o aplicativo, e Elliot simplesmente não conseguia apresentá-la para ninguém, ele tinha muito medo de perdê-la, e perdeu. — Explicou. — Ela o deixou por isso, e passou um ano e agora estão juntos novamente.
— E a pessoa que você ama partiu? — Perguntei, agora sentindo um pouco de dor no coração.
Nicholas desviou o olhar do meu e encarou o teto.
— A pessoa que eu amava há três anos atrás partiu. — Respondeu voltando a me encarar. — Madison foi embora estudar na Europa e nunca mais voltou.
Seus olhos estavam tristes, ela provavelmente fora o amor da sua vida. Seu semblante era de quem estava com o coração partido, como se mesmo que os anos tivessem passado, ele não houvesse superado essa dor.
— E se ela voltasse? — Perguntei aproximando-me da cama e deitando-se ao seu lado.
Nicholas se virou para encarar meus olhos, talvez eu não gostasse da sua resposta, mas parte de mim gostaria muito de ouvir.
— Não tenho uma resposta certa para sua pergunta. — Respondeu. — Eu não sei o que faria se a visse novamente.
Eu estava certa, não iria escutar o que gostaria. Eu queria ouvir algo como: foi um amor que ficou no passado, com o tempo esse amor diminuiu e agora, talvez seríamos amigos no máximo. Mas seus olhos me diziam que se ela chegasse hoje e o chamasse de volta, ele iria.
— Você deixaria seu emprego por ela? — Perguntei curiosa.
— O Nicholas de hoje não tem certeza, o Nicholas do passado morreria por ela. — Respondeu.
Anthony nunca diria algo assim sobre mim.
Apesar de estar deitada em sua cama agora, e querer muito fazer parte da sua vida, sabendo de tudo como funciona perfeitamente, meu coração me dizia para partir. Meu coração ainda estava machucado demais e demoraria a cicatrizar. Jamais poderia me aventurar em um novo amor, principalmente alguém que amava muito outra pessoa.
E eu não poderia dizer que não sentia nada por Anthony, apesar de apenas um mês ter se passado. Ainda existia um amor que eu não sabia como lidar; um amor que fazia meu coração doer sempre que ouvia falar dele; um amor que não me deixava superar ter sido trocada.
Nicholas se aproximou e puxou meu corpo de encontro ao dele, colando nossos narizes.
— Eu também não gostaria de sentir o que você está sentindo agora. — Falou com seus olhos fechados. — Eu também prefiro estar errado em relação aos meus sentimentos.
Depositei um pequeno beijo em seu lábio que não fora correspondido, era como se apenas nossos lábios estivessem grudados sem nenhum movimento e eu não estava preocupada com isso. Eu só tinha vontade de permanecer ali no seu abraço, sentindo seu cheiro de perto.
— Eu acho que devemos nos afastar. — Falei baixinho. — Eu preciso aprender a separar as coisas, a controlar meus sentimentos.
— Hanna, você não precisa disso. — Avisou. — Aqui é o seu lar agora. As suas coisas estão aqui, você ganhou três novos amigos que são loucos por você, em tão pouco tempo você fez tanto por nós que nem acredita.
Encarei seus olhos que estavam fixos nos meus, e por alguns segundos senti vontade de chorar, mas segurei o choro. Era nítido que Nicholas havia reparado, porque agora acariciava meu rosto com seu polegar.
— Eu vou cuidar de você. — Falou. — Vou cuidar para que ninguém machuque seu coração.
Mal sabia ele que logo logo estaria quebrando meu coração em caquinhos. Que em dias eu estaria ainda mais apaixonada por ele. Eu, e a minha mania louca de se apaixonar em poucos dias, poucas horas, por olhares e por toques.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Atração
RomanceHanna se vê perdida ao descobrir a traição de sua melhor amiga com seu namorado. "Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a...