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Havia arrumado boa parte das minhas roupas e colocado-as nas malas

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Havia arrumado boa parte das minhas roupas e colocado-as nas malas. Três delas estavam prontas próximo a porta de entrada do apartamento. Não iria me desfazer do meu apartamento agora, aproveitaria um tempo com meus pais para colocar a cabeça no lugar e quem sabe traçar um novo caminho em minha vida.

Havia jantado macarrão com queijo e agora, deliciava-me com um pote de sorvete que havia esquecido no fundo do congelador. Estava atenta a mais um filme qualquer de romance, quando ouvi um baque na porta. A princípio achei que não era meu apartamento, até o estrondo se repetir diversas vezes.

Levantei assustada e ao abrir a porta, deparei-me com Nicholas. Ele com certeza estava desorientado e tentava acender um cigarro sem sucesso. Retirei da sua mão o isqueiro e o cigarro e o puxei para dentro de casa.

— O que você pensa que está fazendo? É proibido fumar no corredor. — Falei exaltada.

O levei até meu sofá e o joguei lá com raiva. Era nítido que ele havia ingerido boa quantidade de álcool, seu cheiro estava forte, já estava até me deixando enjoada.

— Você falou que não iria embora. — Nicholas falou manhoso. — Você falou que não iria me deixar.

— Eu pedi que você dissesse o que sentia, pedi que você falasse alguma coisa e você se manteve em silêncio, se ontem tivesse me pedido para ficar, eu ficaria. — Avisei, sentando-me ao seu lado.

— Eu te amo, é isso que você quer ouvir? — Perguntou estressado.

Não era daquela maneira que eu gostaria de ouvir aquela frase. Nessa altura, do jeito que ele estava, poderia estar dizendo da boca para fora apenas com medo de me perder.

— Nicholas, você não está bem, vamos tomar um banho. — Falei puxando-o do meu sofá.

O coloquei de baixo do chuveiro, e antes quando retirei sua roupa, ele fez diversas piadinhas achando que nessa noite poderíamos nos divertir, mas estava errado.

Ajustei o chuveiro com a água mais fria que havia ali, para que quem sabe com o choque da água em seu corpo, fosse ficar mais desperto e menos embriagado.

— Por que você não quer ficar comigo? — Perguntou vestindo sua cueca.

— Você irá dormir agora e amanhã iremos conversar melhor sobre isso. — Respondi, levando-o para minha cama.

Não era bem o que eu esperava para a minha última noite em meu apartamento. Não esperava que ele fosse vir atrás de mim, muito menos após ter bebido tanto.

Conversar com ele daquela forma era muito desconfortável, não estava me sentindo a vontade. Nicholas não demorou nem cinco minutos para dormir. Ele havia colocado um braço e uma perna em cima de mim, e estava praticamente me sufocando.

Olhando-o dormir, desejei que ele tivesse tomado alguma atitude na noite de ontem. Desejava que ele houvesse me pedido para ficar, mas agora eu não estava disposta a voltar atrás.

Eu fazia tanto pelos outros, corria tanto atrás da felicidade do outro que esquecia de mim. Precisava curar meu coração e meus sentimentos.

Demorei um pouco para dormir, mesmo com ele estando ao meu lado, dessa vez não fora tão aconchegante dormir com ele.

Deixei uma xícara de café preto pronta para ele, assim que o ouvi levantar.

— Bom dia. — Saudei assim que o vi chegar na cozinha.

— Bom dia. — Falou cabisbaixo. — Isso é para mim?

— Com certeza. — Afirmei. — Para a curar a ressaca.

Nicholas tomou um gole e fez cara feia, empurrando a xícara praticamente cheia em minha direção.

— Peço desculpa por ontem. — Falou ao se sentar na banqueta.

— Agora que estamos os dois sóbrios, pode me falar o que gostaria de dizer ontem. — Avisei.

— Eu te disse ontem. — Afirmou.

— Estou pedindo para me dizer agora, ontem você estava embriagado. — Expliquei.

Nicholas bufou e em seguida encarou meus olhos e não disse mais nada. Seus olhos estavam distantes, transmitiam medo e eu estava cansada de esperar por uma resposta sua.

Ou ele estava disposto a enfrentar seus medos, assim como eu estava disposta, mesmo vindo de um relacionamento que destruiu meu coração e ter muito medo de passar por tudo isso novamente, eu estava ali, disposta a lutar por nós dois.

— Então, se você não tem nada para me dizer, peço que vá embora. — Aviso levantando e caminhando até a porta e abrindo a mesma.

— Hanna, não faz isso comigo. — Pediu.

— Você não faz isso com a gente. — Falei apontando para ele e apitando para a porta. — Saía.

Nicholas se levantou da banqueta e caminhou a passos lentos até o corredor, como se esperasse que eu fosse mudar de ideia olhando-o sair. Assim que eu estava fechando a porta, quando ela estava quase se encostando ao batente, Nicholas chocou sua mão nela, fazendo-a parar.

Soltei a maçaneta imediatamente e encarei seus olhos frios.

— Eu te amo desde o dia que você entrou no meu carro. — Afirmou. — Desde o momento que eu a vi chorando e prometi para mim mesmo, que jamais deixaria alguém fazê-la chorar novamente.

Meus olhos automaticamente se transformaram em um mar, lágrimas se formaram e rolaram pelas minhas bochechas.

— Eu não queria te amar, parte de mim não queria aceitar amar novamente, mas você foi entrando na minha vida e mesmo tão machucada, tão quebrada, você fez tanto por mim, tanto por Elliot e Austin porque o seu coração é bom demais. — Afirmou adentrando o apartamento e fechando a porta atrás de si.

Tentava controlar a respiração e me acalmar, suas palavras eram lindas e eu precisava escutar cada uma delas.

— E eu não quero que vá embora. — Falou apontando para as malas que estavam prontas ao lado da porta. — Quero que fique, quero que me deixe tentar.

Respirei fundo e o encarei, em seguida encarei minhas malas. Havia uma escolha a ser feita, uma escolha que mudaria a minha vida bruscamente em um curto período de tempo. Ou eu seguia meu coração, ou seguia minha cabeça, não poderia escolher os dois.

FIM

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