Capítulo 10 Entrega

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Os dias de viagem transcorreram conforme o imaginado. Brigas, discussões, ranhetisses e em raras ocasiões paz e silêncio.

Kagome tinha de acordar antes do sol nascer e dormir quando a lua já estava muito alta no céu.

Seu corpo doía, reclamava e ela sentia-se como um saco de pancada. De início da Sango, mas depois do Sesshoumaru e do Kouga que resolvera ajudar também a miko em seus treinos. Ela era proibida de usar sua energia espiritual para auxiliá-la.

Quando por fim chegaram na vila em ruínas a jovem já se defendia da exterminadora com maestria e conseguia contra-atacar com ferocidade. Já com os youkais era mais complicado, afinal eram naturalmente mais fortes, rápidos e experientes, porem a jovem descobrira como desviar e se defender dos golpes dele, havia encontrado o padrão deles, não precisava apelar para artimanhas, apenas observar cada mínima mudança que houvesse em seus corpos e com tempo tornou-se tão natural quando respirar, só lhe restava agora aprender a ver as brechas e lhes atacar ali. Claro que sabia que com sua força humana ela jamais iria ferir eles, mas o simples fato dela conseguir tocar neles já era motivo de vitória, principalmente com Sesshoumaru, que fora responsável por seu treino de espada. A primeira vez que ela conseguiu cortar o kimono dele o youkai pareceu sinceramente surpreso, não havia conseguido esconder o espanto e a jovem não pode conter o deslumbre, o orgulho de ter causado tal reação.

E com os treinos a miko passou a reparar mais no youkai albino, ele sempre se mantinha próximo a ela, mas não ao ponto de sufoca-la, ele respeitava seu espaço pessoal. Nas lutas ele não lhe criticava, lhe protegia quando era inevitável, ela via que ele confiava em suas habilidades, ele estava lhe proporcionando tudo o que seu meio irmão nunca fora capaz e ela era grata por aquela paciência dele.

Quando por fim chegaram a antiga vila dizimada, as casas estavam inutilizáveis, a maioria estava destruída, fosse pelo tempo ou por conta do ataque de Touga de anos antes, mas o grupo conseguiu encontrar uma forte o suficiente para servir de refúgio, só eram necessário uma pequena reforma, reforma a qual ficara a cargo dos homens do grupo, as meninas ficariam a cargo da comida e enquanto eles trabalhavam, elas treinariam o quanto fosse possível.

Enquanto os homens trabalhavam arduamente, Sango tentava treinar com a jovem sacerdotisa, enquanto a miko morta aproveitava a sombra de uma arvore não muito longe dali.

- Seria bom se você se concentrasse mais, Kagome.

A morena corou. Naquele momento estava sendo difícil para a jovem se concentrar, Sesshoumaru havia se livrado da parte de cima de sua vestimenta e prendido o cabelo. Na verdade todos os rapazes haviam feito o mesmo, mas infelizmente os olhos da morena sempre se voltavam para o lorde, até que por fim ela perdeu a paciência, jogou a espada de madeira no chão e grunhiu.

- Eu desisto.

Sango rio da amiga, que se jogava no chão, com pernas de índio e braços cruzados.

- E vai fazer o que agora? Secar o físico do lorde descaradamente?

Kagome bufou, irritada.

- Tenho mais o que fazer, vou meditar.

Sango negou com a cabeça, apesar de ainda sorrir.

- Então irei treinar com a Kirara até a hora de fazer a janta.

Kagome fechou os olhos e concordou com uma manear de cabeça.

A morena podia ouvir sua amiga lutar com a gata youkai, ouvia os homens trabalhando, podia ouvir e sentir tudo ao seu redor, porém por conta da sua marca podia sentir muito mais a presença de Sesshoumaru, o sentia como se o lorde estivesse ao seu lado, lhe tocando, lhe acariciando. Caricias que de início eram inocentes, um leve tocar em sua bochecha, um leve roçar em seu pescoço, ela pode sentir como se ele roçasse a ponta do dedo em sua pele, descendo do seu pescoço indo em direção ao vale dos seios, sua respiração se alterou e ela sentiu seu corpo se incendiar quando aquela sensação passou para o bico de seu seio e depois seguiu cada vez mais para baixo, perigosamente para baixo. Sua pele formigava e ela sentia seu corpo despertando e as memórias daquela semana voltavam.

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