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                       🥀Bárbara Passos🥀

Faz dois dias que tenho mais um segurança atrás de mim. Eu odeio ser seguida por todo o canto, eu adoraria sumir e deixar os meninos com cara de idiota.

Mas não sou só eu, tem a minha filha e eu tenho que fazer o que é melhor pra ela.

Na saída da faculdade eu vi o carro do Victor parado no estacionamento me esperando. Ele não vem com muita frequência, mas é meio legal quando ele vem.

— oi - digo abrindo a porta do carro e entrando.

— oi. Vim te levar pra almoçar.

— você tá tentando me comprar pelo estômago ? Bom plano- ele ri e liga o carro.

— o que você quer comer ?

— podemos ir naquele restaurante brasileiro ? Eu sei que é longe, mas tô morrendo de vontade.

— vamos sim. Como tá a bebê?

— tá bem. Quase 5 meses - abro um sorriso - tive umas pontadas hoje mas já passou.

— quer ir na doutora Santiago ?

— você se preocupa demais, Victor. Tá tudo bem com ela. Manuela tem se mexido com mais frequência, mas infelizmente nenhum dos meus amigos conseguiram sentir.

— não ? - nego

— só você e eu - dou um sorriso - acho que ela sente.

— sente ? - ele pergunta confuso.

— que só está com o pais.

— garota esperta.

Leva cerca de 40 minutos para chegarmos no restaurante brasileiro. Comi duas vezes e ainda pedi sobremesa.

— e seus pais ? - pergunto

— por que ?- sempre na defensiva...

— ué, quero saber se a Manu vai ter avós paternos?

— não. E eu não quero falar sobre isso. Tudo que você precisa saber é que a Manuela fica bem melhor sem eles.

— certo. Então Carol é a única parente paterna que a Manu vai ter ?

— sim- ele murmura.

— tudo bem, só o que importa é que a Manu tenha pessoas que se importem com ela. Família não precisa ser formada por laço sanguíneo.

Eu amo o meu pai, mas eu vejo mais a Maria Tainá como família do que ele. Não que ele tenha sido um péssimo pai.

Mas ele era muito material, o senhor Passos viajava muito e achava que um presente  ia substituir a falta dele.  E a minha mãe morreu quando eu era uma menininha ainda. Então eu não tive muita atenção dos meus pais.

— acha que vamos ser bons pais ? - pergunto- as vezes o medo de não ser boa o suficiente me aterroriza.

— você vai ser uma mãe incrível, Bárbara. Você já é uma excelente mãe. E eu espero ser um pai bom o suficiente.

— vamos nós ajudar - ele concorda.

— você tinha vontade de ser mãe ?

— sim, mas não era desse jeito. Eu ia me formar, noivar, casar e depois de alguns anos ter meus filhos.

— hmmm....

— mas não estou reclamando. Essa gravidez não é um erro pra mim, eu amo a nossa filha - dou um sorriso - até simpatizo com você,bom quando você não tá dando uma de doido.

— também simpatizo com você, bom quando você não tá sendo uma pentelha irritante.

— pentelha ? Eu tô quase fazendo 20 anos e você tem só 24.

— você fica tão engraçada quando tá irritada, você chega a ficar vermelha.

— vai brincando Victor, não do a mínima pra sua profissão. Enche meu saco pra você ver.

— vai me morder ?

— seu idiota - ele ri

— você quer mais alaguem coisa ? Ou posso pedir a conta ?

— pode pedir. Tô satisfeita.- tudo bem que quando chegar em casa vou me arrepender de não ter comido mais.

Victor paga a conta e vamos pro carro dele. Ele começa a dirigir pra casa.

— a Tainá tá muito empolgada com o lance de ser madrinha, vai querer visitar a Manu. Quero que ela vá me visitar.

— Bárbara..

— Tainá nunca faria nos faria mal, ela é como uma irmã pra mim. Eu quero que ela faça parte.

— vou falar com o Jesus.

— você vai rezar ? - pergunto confusa - você não parece um homem da igreja- ele ri alto me assustando.

— Jesus é o apelido de um dos meus funcionários. Ele vai procurar sobre a Tainá, se ele me garantir que ela tá limpa, eu deixo ela ir lá pra casa.

— tem a Hanna e o Dean ....

— não. No caso da Maria Tainá eu posso abrir uma exceção, mas para os outros dois não.

— Victor, por favor.

— não. Não adianta insistir. Não vou arriscar.

— e se você pedir um dossiê sobre eles ? Se der tudo limpo você deixa eles irem.

— amor, a ficha pode estar limpa mas o caráter no meu ponto de vista não tá.

— tudo bem. Não quero brigar com você, eles não vão na sua casa mas a Manu e eu vamos visitá-los.

— você devia reavaliar essas suas amizades.

— você é maluco- bufo- você odeia o Dean porque sente ciúmes, afinal ele nunca fez nada de mal, ou pra mim ou pra você. E você mal conhece a Hanna.

— não preciso ser vítima de um imbecil, para saber que ele é um imbecil.

                                         [...]

Victor me deixou em casa e logo depois recebeu uma ligação que o fez sair.

Passei a tarde estudando na área da piscina para poder tomar um pouco de sol.  Na hora do café a Elizabeth me trouxe uma vitamina.

Ela tá sempre sorrindo pra mim agora, mas eu preferia quando não sorria. O sorriso dela é assustador, é tão forçado que dá medo.

Terminei o que tinha pra estudar e subi pra tomar um banho. A faculdade de administração dura 4 anos e eu comecei ela bem cedo, aos 17 então não falta muito para eu terminar.

Não era meu sonho fazer administração, mas a pressão para cursar  direito me fez escolher qualquer uma o mais rápido possível.

Acho que meu pai nunca vai me perdoar por eu não ter feito faculdade de direito. Por não ter seguido a profissão da família.

Acho que é por isso que ele gosta tanto do Dean. Ele vê no Dean uma versão mais nova de si. Uma que ele queria ver em mim.

Victor chegou a tempo do jantar, conversamos sobre alguns assuntos aleatórios, mas é difícil fazer ele se abrir. Victor pode ficar ouvindo eu falar por horas, mas se ele falar mais de 5 minutos sobre si parece que vai ter um ataque.

Tô tentando me acostumar com o jeitinho dele. Eu sinceramente não quero ficar com as briguinhas infantis.

Quero que tenhamos uma boa convivência, quem sabe uma boa amizade.....

— você vai dormir logo depois que subir ?- Victor me olha confuso pela pergunta.

— não ......

— eu vi que você tem uma sala de cinema, podíamos assistir algo - dou de ombros- se você tiver tempo.

— um filme ?

— é cada um toma seu banho, eu faço uma pipoca e assistimos.

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora