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🥀Bárbara Passos🥀

Meu pai viaja com muita frequência, as vezes pra julgar algum caso em específico ou só para dar palestras.

Sempre que ele volta nós vamos comer no mesmo restaurante italiano. Eu sempre me animo pros jantares, mas hoje eu tô muito nervosa. Vou ter que contar pro meu pai sobre a gravidez.

O que mais me deixa tensa é que eu sei que ele não vai gostar da notícia. Na verdade ele vai odiar. Peguei um Uber até o restaurante, ao chegar sou levada até a mesa onde o senhor Passos está sentado.

— oi princesa - ele levanta e em abraça

— oi pai - a gente se senta - senti sua falta

— também senti a sua - ele pega a  taça  de vinho e toma um gole - esse é de uma safra incrível. Você tem que provar - dou um sorriso amarelo

— dessa vez vou passar - meu pai ama vinho, até é sócio de uma vinícola.

— certo. O que fez no último mês ?

— nada demais - dou de ombros - faz quase três meses que tô atolada em trabalhos da faculdade.- uma faculdade que eu não queria estar fazendo.

— espero que esteja se saindo bem.

— estou.- meu pai é muito rígido em relação ao curso de administração.

— vamos pedir ? Que tal o Ravioli de sempre ?- meu estômago se revira só com a possibilidade.

— acho que vou ficar com um pedaço de lasanha hoje.

Meu pai faz o pedido e nós jantamos falando sobre várias coisas aleatórias. Ele sempre pergunta sobre tudo, ele gosta de saber sobre tudo que poder a respeito minha vida.

— bom pai, tem uma coisa que eu preciso de contar.

— voltou com seus ex- namorado ?

— não - digo pela milésima vez

— que pena, adorava ele. Mas me diga, o que você precisa me contar?

— eu passei muito mal a alguns dias atrás .... Tainá tava comigo e ela deduziu que eu estava grávida. Fiz o teste e deu positivo- vou direto ao assunto. Aquela história de arrancar o curativo de uma vez só.

Ele larga o garfo e e me encara.

— isso é algum tipo de brincadeira? - nego

— fiz exame de sangue e uma ultrassom. Eu estou grávida- o mais velho respira fundo.

— que decepção- me afundo na cadeira - 19 anos e grávida ? Quem é o pai ? Dean ?

— não. Você não conhece ele, foi um caso de uma noite só - meu pai fecha o rosto em desgosto.

— um caso de uma noite ? Você faltou as aulas de educação sexual ? Não sabe o que é a porra de um preservativo? Inacreditável.

— a gente usou papai. Mas nada é 100%...

— grávida, sem um diploma, solteira ....

— pai ...

— quanto tempo ? Quantas semanas essa coisa tem ?

Essa coisa ? Porra, isso foi pesado

— 11 semanas ...

— dá tempo ainda.

— desculpa, tempo de que ? - tô confusa.

— de tirar isso. Amanhã eu procuro por uma clínica confiável. A gente vai dar um jeito nisso.

— meu Deus, pai. Para de se referir ao meu filho como "coisa" ou "isso", é o seu neto e eu não tenho interesse nenhum em abortar.

— pelo amor de Deus. Tenha o mínimo de senso, você é imatura e instável. Não pode ser mãe agora.

— eu vou me esforçar pra dar certo. E outra, você votou contra o aborto, você odeia que alguns estados permitam isso.

— é diferente. Não vou deixar minha filha estragar o futuro dela.- hipócrita

— vai retardar um pouco isso é óbvio, mas não vai estragar.

— quero que você tire.

—não é uma opção. Não vou tirar meu filho.

Acho que a a Tainá e a Carolina vão ser as únicas a ficarem felizes por conta da gravidez.

— Bárbara, para de pensar com a emoção. Você quer um filho ? Agora ? Tão nova ? Sem estar em um relacionamento?

— não vou abortar meu filho. Isso não está aberto para discussões. Você tem o seu direito de ser contra, mas tem que entender que é uma escolha minha.

— um filho fruto de um descuido. Tirar é o melhor para todos. Já falou com o pai disso ? Ele deve entender o meu ponto de vista ...

—NÃO- ele me olha assustado.

Não sou de levantar a voz pra ele. Mas meus Deus, ele não me escuta. Eu já disse que não vou tirar o meu bebê.

Não ligo se ele não quer, não ligo se o Victor não vai querer. Eu quero e ponto final . Eu que vou carregar, eu que vou parir, eu que vou cuidar.

Me levanto e saio do restaurante deixando o meu pai sozinho. Eu só queria chorar, meu pai vai odiar meu filho.

Me encosto  no lado de fora do restaurante e respiro fundo.

Pra piorar ainda mais a minha noite eu esqueci meu celular, não tem como eu chamar um Uber.

— oi - viro o rosto pra a garota ao meu lado- eu te mandei mensagem- ela sorri - Carolina, a irmã do Victor.

— ah, claro - arrumo  a postura.

— eu tava lá dentro jantando com uma amiga e vi você saindo. Tá tudo bem ?

— do jeitinho que eu esperava.

— claro. Você precisa de algo ?

— na verdade eu iria adorar se você chamasse um Uber pra mim. Esqueci meu celular.

— bom. Ainda tá cedo, eu iria adorar passar um tempo com você. Vamos ser bem presentes uma na vida da outra, quero ser uma tia bem presente.

— desculpa. Mas não me sinto à vontade pra voltar pra lá .- em refiro ao restaurante.

— Claro. Bom que tal a minha casa ? Não fica muito longe.  Ou a gente pode ir na boate. Só tomar um drinks, claro que pra você sem álcool.

— é. Por mim tudo bem. Acho que via me ajudar a esquecer a noite de merda que eu tive.

— ótimo. Meu carro tá logo ali - ela aponta

A situação tá uma merda e eu nem posso encher a cara pra esquecer...

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora