⚜Capítulo 3⚜

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Capítulo 3: Porque não consigo lembrar?   O Agente Especial Wang Yibo era alguém que sabia como ninguém ler as outras pessoas

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Capítulo 3: Porque não consigo lembrar?  
 
O Agente Especial Wang Yibo era alguém que sabia como ninguém ler as outras pessoas. Padrões de comportamento, gestos e pequenos jeitos eram sua especialidade, no entanto enquanto entrava no restaurante seguindo aquele jovem Rapaz ele se sentia completamente perdido.  
 
    Porque tudo nele parecia ser tão confortável? 
 
    Porque aquela sensação de familiaridade era tão forte desde o momento em que pisou naquela cidade?
 
O restaurante estava fechado e Wei Ying indicou um lugar para o agente sentar. De onde o alfa estava sentado ele podia ver claramente enquanto Wei Ying cortava alguns temperos e começava o preparo da comida.
 
      — Eu não queria lhe dar trabalho. – comentou observando o outro mexendo a panela. Ele notou o sorriso tímido que ele deu.
 
     — Eu sempre quis fazer isso. – ele mencionou recordando-se das inúmeras vezes em que foi alimentado por Wangji. Wei Ying sempre imaginou como seria um dia poder retribuir aquilo 
 
       — Não  entendi.
 
Percebendo o que havia dito, a ex-sereia se desconcentra e acaba tocando a panela quente. Yibo contorna a bancada verificando se ele estava bem.
 
      — Você se queimou. – o alfa rapidamente colocou a mão de Wei Ying debaixo da água corrente.
 
     Yibo não percebeu que ele havia ficado atrás de Wei Ying  deixando que seu peito se unisse as costas do outro. Aquilo foi o suficiente  para que Wei Ying tivesse uma avalanche de emoções e seu cheiro se sobressaísse.  Ele podia não se transformar mais em uma sereia, mas existia certas características que ficariam com ele para sempre.  O cheiro adocicado inundou as narinas de Yibo, ele fechou os olhos por um momento absorvendo aquilo e foi como se seu alfa gritasse dentro dele.  Ele se afastou bruscamente do rapaz chocado como seu corpo reagiu a ele.  
 
      — Me perdoe. Eu não quis... eu nunca...
 
      — Eu também não tive a intenção de deixar meu cheiro sair. Isso não acontece sempre. – com medo que ele se afastasse o rapaz teve que pensar rápido. — O arroz frito está pronto, eu vou colocar num prato. Pode se sentar que eu vou servi-lo.  
 
     Yibo ainda desconcertado por suas ações voltou para seu lugar ainda controlando seu alfa. Ele estava chocado demais com suas próprias ações com aquele rapaz.  Nunca em sua vida ele agiu com tamanha ousadia diante de um estranho, foi como se ele ainda fosse um adolescente que não soubesse controlar suas emoções.
 
       — Seus olhos estão dourados. – Wei Ying comentou servindo a comida. Ele quase chorou com saudades daquele brilho, levou muito tempo para ele olhar para o filho sem chorar lembrando de Wangji.
 
      — Me desculpe por isso. – Ele sabia que seu alfa estava tentando assumir o controle e por isso seus instintos ficavam tão evidentes. Os olhos dourados eram a prova disso.
 
      — São bonitos.
 
     Yibo olhou intensamente para Wei Ying  que estava distraído colocando algumas porções sobre a mesa e nem percebeu no que havia dito. Ele se sentia cada vez mais curioso em relação a ele, ele nunca se sentiu tão atraído assim por alguém tão rapidamente.
 
      — Eu posso perguntar uma coisa? Não precisa responder se não quiser, eu vou entender. – Ele começou hesitante, mas Wei Ying  sorriu o incentivando a continuar. — Eu sei que parece estranho, mas a gente já se conheceu antes?
 
     — Defina antes. – Wei Ying brincou com as palavras.
 
      — Você já esteve em Pequim?  Ou Estados Unidos? 
 
      — Eu estive em muitos lugares antes, por muito tempo mesmo. – ele disse sempre sorrindo de maneira gentil. Sua voz era doce e calma, Yibo gostava.
 
     — Você viaja muito a trabalho ou por ...
 
     — Eu procurava por uma pessoa. — Wei permaneceu do outro lado da bancada enquanto Yibo comia, seus olhos azuis intensos pareciam penetrar dentro do alfa.
 
    Mas a verdade era que de alguma maneira saber que ele procurava alguém o incomodou.
 
     — E o encontrou?
 
     — Encontrei. Ele só não sabe disso ainda.
 
  O agente não sabia como responder a aquilo. Ele abocanhou o arroz frito em sua frente esperando que a mastigação mantivesse a sua boca fechada. Porque de repente ele se tornou tão curioso sobre a vida de uma pessoa que não conhecia?
 
      — Não é como você pensa. – Wei Ying se adiantou em explicar. Ele recordou-se de quando Wangji teve ciúmes de Xue Yang, ele baixou seu olhar e sorriu.
 
      — Você não está comendo. – Yibo quis acabar com aquele silêncio constrangedor, disse a primeira coisa que lhe veio a mente.  
 
    — Não gosto de comidas quentes.  
 
    Ele pegou uma porção de frutas cortadas e sentou-se na bancada ao lado de Yibo. O agente observou-o mordiscar as frutas e foi como se um flash de memórias passasse rapidamente por sua cabeça. Rápido demais para ele associar a qualquer coisa.
 
     — Você não me parece alguém que precise de dieta. – comentou apontando para as frutas.
 
     — Eu não estou de dieta, mesmo depois de todo esse tempo eu ainda não me acostumei com comidas quentes.
 
    — O que você quer dizer com “depois de todo esse tempo”?
 
Wei Ying  congelou, ele estava tão acostumado a falar livremente que por um segundo baixou a guarda. Ele já estava habituado a vida como humano e havia aprendido a lidar e se comportar como os humanos.
 
     — Não é nada. É apenas um modo de falar. – ele baixou a cabeça deixando seu cabelo servir como uma espécie de cortina entre ele e Yibo. — A comida está boa?
 
      — Deliciosa. Quanto eu lhe devo?
 
     — Não me deve nada, sou eu quem estava em débito com você. Obrigado pela ajuda com aquele alfa.
 
     — Por nada, mas eu me sinto mal por comer tão bem de graça. Deixe-me pagar pela comida, por favor.
 
     — Não precisa, Wangji... – percebendo o erro que havia cometido Wei Ying  recolheu os pratos levando-os para a cozinha.
 
    Yibo por um momento se sentiu incomodado ao ter sido confundido com alguém.
 
    — Bom, eu vou indo. Mais uma vez, obrigado pela refeição maravilhosa.   
 
O alfa se levantou da cadeira indo em direção a porta e Wei Ying  não gostou da sensação  de vê-lo partir.  Ele caminhou a passos largos e segurou no braço dele antes dele cruzar as portas. Yibo olhou para a mão de Wei Ying  e subiu seu olhar até o rosto dele, por uma fração de segundos ele viu aquele rapaz com roupas de época e um enorme cabelo longo preso com uma fita vermelha.  Foi uma visão tão rápida quanto um piscar de olhos.
 
         Wei Ying  logo soltou o braço alheio, vendo a confusão nos olhos do alfa.
      — Me desculpe. – ele leva a mão  tocava Yibo ao seu peito. – Você pode voltar quando quiser. – disse por fim sem conseguir encará-lo.
 
      — Pode deixar.
 
Foi tudo o que ele disse antes de sair. Wei Ying  caiu de joelhos no chão, a pressão de seu corpo cedeu completamente para seus pés. Depois de duzentos anos ele esteve com seu amado, conversou e compartilhou uma refeição com ele. Havia tantas coisas das quais ele queria falar.
 
     Céus! Como ele queria falar dos filhos, dizer como seus filhos eram parecidos com ele. Como Sizhui era uma cópia perfeita dele e XīWang tinha o mesmo senso de justiça. Como os gêmeos reagiriam ao vê-lo? O choro entalado em sua garganta saiu e ele não conseguiu se mover, sentando no chão frio ele chorou de saudades e felicidades. Embora não lembrasse ainda, Yibo era o seu Wangji.
 
    Ele ficou imerso nos próprios sentimentos que não percebeu que alguém entrou no restaurante e o abraçou. Wei Ying  não precisou nem abrir os olhos para saber quem se tratava, o cheiro de Sândalo e limão deixavam claro que ele estava sendo abraçado por seu filho.
 
       — Pai, o que houve? – a voz doce do garoto o acalmou.
 
       —  Achei que fosse dormir na casa de seu amigo. – ele limpou o rosto tentando ficar mais calmo para no demonstrar todas suas emoções ao filho.
 
        — Tive uma sensação estranha e quis voltar para casa. Mas por favor, me diga o que houve. E não diga que não é nada, porque eu sei que é alguma coisa. – ele ajuda seu pai a se levantar e a se sentar em um dos sofás ali perto.
 
        — Eu não quero ter que mentir para vocês dois. – ele começou receoso, limpou o rosto e ofereceu um sorriso caloroso ao filho. — Eu reencontrei seu pai.
 
    O garoto arregalou seus olhos surpreso com aquilo, Wangji já havia sido assassinado quando  os gêmeos nasceram e somente conheceram Xichen quando ainda eram muito novos e quase não havia lembranças daquela época.
 
      — Você tem certeza? Quer dizer, é  ele mesmo?
 
      — A versão adulta dele, mas sim, eu tenho certeza. Ele tinha a sua idade quando morreu, sua idade humana. Porém sua versão atual é de um jovem adulto, vinte e cinco ou trinta anos.
 
    — Eu posso vê-lo? – ele se sentiu ansioso.
 
    — Meu pequeno Peixinho, ele ainda  não lembra da vida passada. Nós ainda somos estranhos para ele.
 
     — Eu quero apenas vê-lo, juro que não falarei com ele. Apenas posso vê-lo de longe.
 
   Wei Ying  sabia como aquilo seria importante para os filhos, mas não poderia falar nada para a filha ainda. Sabia que a garota era um pouco mais passional que o irmão.  Yibo não sabia nada sobre eles e se de alguma maneira ela se sentisse rejeitada por ele poderia arruinar qualquer boa lembrança que ela tinha do pai. Lembranças essas que apenas vinham das memórias e histórias de Wei Ying  sobre como Lan Wangji sonhava com o nascimento deles.
 
       — Ele mora em Pequim, mas está  cidade a trabalho. Assim como na vida passada ele ainda luta pelos mais fracos, acho que o senso de justiça e caráter permanece o mesmo. Ele se chama Wang Yibo nesta vida e trabalhava na delegacia aqui perto.
 
Sizhui sorriu lindamente com aquilo. Seu pai alfa estava a poucos metros de sua casa, sempre ouviu como  era parecido com ele e a devoção que seu pai carregou em todos esses anos nunca perdendo a esperança de reencontrar seu grande amor. Mesmo sorrindo de felicidade algumas lágrimas de alegria desceram por seu rosto juvenil. Wei Ying  passou seu polegar gentilmente pelo rosto dele enxugando suas lágrimas.
 
      — Eu sei que esperou muito por isso, mas temos que ser firmes e entender que talvez ele não se lembre de nós, isso é uma possibilidade. Mas saber que ele já está  mais velho do que a vida anterior me deixou muito feliz.
 
      — Eu realmente me pareço com ele? –perguntou e com um rosto esperançoso.
 
      — Muito. Apenas seus olhos mudaram de cor, mas vi que eles também ficam dourados em algum momento como eram antigamente. Seja paciente, está bem?
 
      — Eu serei, eu prometo.
 
      — Eu preciso saber um pouco mais sobre ele e depois eu contarei para sua irmã. Ainda não si como será a sua reação, de toda maneira tenho que ser cauteloso.
 
      — Eu manterei segredo.
 
  Eles se abraçaram e depois o garoto fechou o restaurante enquanto seu pai subia para o apartamento. Ele sabia como Wei Ying  esperou por aquele momento, e imaginou como deveria estar sendo emocionalmente exaustivo para ele, ter o homem que ele amava ali na sua frente, porém que não lembrava de quem ele era.  
 
      Depois de um banho, Wei Ying  estava sentando diante do espelho usando apenas um robe que estava um pouco aberto deixando um pouco de sua pele alva a vista, enquanto escovava gentilmente seus cabelos se viu tocando carinhosamente o colar que pertencia a Wangji e adornava  seu pescoço por dois séculos.
 
     — Eu te reencontrei, meu amor. Por favor lembre-se de mim.
 

Bu Wang ( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora