⚜Capítulo 2⚜

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"Há palavras que eu não te disse muitas vezes

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"Há palavras que eu não te disse muitas vezes... mas hoje preciso dizer isso. Daqui em diante não terei mais chance de falar. Então, obrigado... e me desculpe."

Capítulo 2: Finalmente te reencontrei

   
 
Dois séculos haviam se passado, e não houve um único dia em que Wei Ying  não tivesse pensado em Wangji. Quando visitou Xichen com os filhos eles ficaram por duas semanas no palácio Imperial, depois para segurança dos garotos tiveram que retornar para o mar. O Imperador morreu com a idade de noventa e quatro anos, sem arrependimentos e com a certeza de que seus descendentes fariam o melhor para o seu povo. Lan Xichen não chegou a conhecer a versão adulta de seus sobrinhos, mas estava satisfeito pois Wei Ying  havia lhe garantido que eles viveriam por muito tempo se ficassem no mar, o alfa apenas agradeceu ao deuses porque seus descendentes e os descendentes de Wangji levariam o sangue Lan para as futuras gerações.
 
       Wei Ying  a cada dez anos voltava a superfície para que seus filhos aprendessem um pouco mais sobre os humanos e seus costumes. Pouco a pouco ele foi capaz de se misturar e seus filhos assumiam o traços humanos mais rápido do que ele imaginava. Com o avanço da humanidade  e suas tecnologias o mar se tornou quase inabitável  para os sereianos, o lixo jogado pelos humanos poluía o fundo dos oceanos e as nascentes. Quando eles estavam na aparência de adolescentes humanos pediram a Wei Ying  que pudessem viver e conviver com seu lado humano. Por serem mestiços eles tinham mais necessidades dessa convivência e depois de dois séculos vivendo escondidos decidiram que era o momento de deixar o mar.  O rapaz mesmo que tivesse pouco mais de trezentos anos, sua aparência mudou muito pouco, mas a idade humana escolhida por ele para poder cuidar dos filhos sem problemas era trinta anos, embora ele não parecesse ter mais de vinte.
 
      Com a ajuda de outras sereias que já viviam a muito tempo entre os humanos eles conseguiram documentos onde puderam iniciar suas vidas. Wei Ying  juntou suas pérolas e ouro que Xichen havia lhe dado para momentos em que eles precisassem viver em terra e passou planejar o futuro de seus filhos.  Wei Ying, ou melhor Xiao Zhan  como ele se chamava agora decidiu recomeçar a vida na cidade que um dia foi o lá do seu grande e único amor. A escolha do nome Xiao Zhan não foi aleatório, Xiao era um sobrenome muito comum e ele acabou descobrindo que Lan Zhan era o segundo nome de Lan Wangji, foi uma maneira de se sentir mais perto do seu amado.
     
     Naquela manhã o clima estava um pouco diferente aos olhos dele, havia algo no ar que ele não soube explicar, debruçado sobre peitoril da pequena sacada de seu apartamento  observava o movimento da rua tomando seu chá matinal. Saiu de seus devaneios ao ouvir o filho lhe chamar.
 
      — Pai, eu tenho treino hoje. Então devo chegar mais tarde. – Sizhui disse pegando a mochila. O alfa de olhos dourados estava na equipe de natação da escola, ele era discreto e muito gentil. Amava seu pai e sabia do quanto ele abriu mão para que eles tivessem uma vida normal na superfície.
 
       — Tudo bem, e sua irmã já acordou? – Antes que o filho pudesse responder a ômega descia as escadas do pequeno apartamento que ficava em cima do restaurante falou.
 
       — Já acordei, mas não graças a ele. – a garota tinha a cara amassada e cabelos desgrenhados denunciando que acabara de acordar.
 
       — Eu te chamei diversas vezes, mas você dorme mais pesado que uma baleia hibernando. – o alfa se defendeu.
 
       — Está me chamando de gorda?
 
        — Eu disse que você dorme como uma baleia e não que pesa como uma. – a ômega  que já estava jogada no sofá joga algumas almofadas no irmão.
 
        — Okay okay. Nada de brigas a essa hora da manhã. Vocês já estão bem crescidinhos para brigarem feitos dois tubarões. — Wei Ying reclama com os filhos. — Vocês já tem duzentos anos, parem de agir como se tivessem oitenta.
 
       — Para todos os meios temos dezoito, papai. – a garota deixa um beijo estalado na bochecha do pai.
 
       — Eu ainda esqueço como funciona a idade humana.
 
       — Nós já estamos acostumados. Falando nisso, você deve ir a escola pegar nossos exames de segundo gêneros.
 
      — Não entendi porque tenho que fazer isso. Eu já sei que vocês são alfa e ômega desde que vocês tinha cinquenta anos.
 
        — Eu sei, papai. Mas faz parte do processo de escola humana. E como somos meio humanos de sangue precisamos desse exame. – Sizhui explica beijando o outro lado da face do pai.
 
       — Vocês são humanos completos, meus amores. Pouco resta de mim em vocês, o sangue humano do pai de vocês já é predominante, eu vejo isso.
 
       — Papai, você ficou chateado porque decidimos viver como humanos? — Sizhui perguntou se aproximando.
 
      — Claro que não. Isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde. De toda maneira vocês não conseguiram viver no mar por muito tempo. – ele diz sabendo que mestiços assumem a forma humana em definitivo depois que completavam a maioridade. Então mesmo se quisesse seus filhos já não eram mais sereia e tritão, eles eram humanos completos. Ele abraça os filhos recebendo um abraço apertado dos dois.
 
      — E se você for na escola, por favor vá feio. Eu não aguento mais meus amigos babando por você.– o ômega diz fazendo bico.
 
      — Pelos deuses, eles são bebês. Porque eu olharia para eles?
 
       — Digo o mesmo sobre os meus amigos e professores. Meu técnico vive perguntando se você tem um alfa, é ridículo.
 
  Wei Ying  sorriu. Achava fofo como seus filhos eram superprotetores com ele.
 
       — Deixem de brincadeira, vocês vão acabar perdendo o ônibus da escola.
 
       — Você devia aprender a dirigir, pai. Assim poderia comprar um carro.
 
        — Nem pensar, eu não vou dirigir aquilo.
 
   Dessa vez foi a vez dos gêmeos rirem, apesar de completamente adepto a vida humana, Wei Ying  ainda tinha certos receios com as tecnologias. E com certeza dirigir era uma delas. Os dois garotos se despediram dele e saíram em casa em seguida.
 
 
       Com muitas dificuldades ele conseguiu abrir um pequeno restaurante e já estava adaptado a rotina de vida dos humanos. Foi incrível como essa adaptação foi ainda mais fácil para os filhos, que frequentavam o colegial  humano. Wei Ying  era uma sereia pura, e por isso levou um tempo para que seu corpo se adaptar a aquela nova realidade. No entanto seus filhos por serem mestiços já não possuíam mais as características de serem sereias ou no caso de Sizhui, um tritão. No início ele achou que haveria alguma diferença para eles, porém os gêmeos se adaptaram perfeitamente e apesar de amarem o mar, eles gostavam da vida como humanos.
 
     Naquele dia, Xiao Zhan precisava ir até a escola dos filhos e depois decidiu ir comprar algumas flores para o restaurante. Ele andava por aquelas ruas lembrando como eram a duzentos anos atrás quando visitou Xichen. Ele tocou o colar de Wangji que ainda levava consigo se sentindo nostálgico, ele havia sonhado com ele naquela noite. Um sonho lindo, Wangji dizia que eles estava chegando.
 
      — Xiao Zhan? Terra chamando Xiao Zhan!  — ZiYi a florista amiga do rapaz estalava os dedos na frente do rosto dele chamando a sua atenção.
 
     — Me desculpe, você disse alguma coisa?
 
     — Perguntei se você quer as mesmas flores de sempre. Você parece mais distraído do que nunca, sonhou com ele de novo?
 
    Ming ZiYi também era uma sereia que vivia entre os humanos a mais de dez anos.  E conheceu Xiao Zhan a décadas atrás.
 
      — Quero rosas amarelas. E eu sonho com ele todos os dias. – disse timidamente. Mesmo que sua aparência fosse de um humano, muito ainda restava daquele Wei Ying de antes. Ele ainda odiava lugares lotado e confrontos. Sua voz era doce e tranquila.
 
      — Chegaram lindas Hortênsias, devia mudar um pouco.
 
      — Apenas rosas amarelas. – aquelas flores lembravam o dourado dos olhos de Lan Wangji.
 
     — Xiao Zhan, quando você vai aceitar o convite do meu amigo para sair? Ele já te convidou inúmeras vezes e você sempre dá uma desculpa. – a garota dizia enquanto fazia o pequeno arranjo de flores.
 
      — Zy, eu já disse que não tenho interesse nesse tipo de coisa. Eu não quero sair com alfas humanos.
 
     — Eu nunca entendi o porquê. Você é lindo e jovem, por quem tem esperado?
 
    — Você não entenderia. Diga ao seu amigo que eu agradeço o convite, mas eu já tenho alguém. Alguém pelo qual eu esperarei o quanto for necessário. — Zhan sorriu para a amiga, ele era alguém muito reservado e nunca comentou com ninguém além dos filhos sobre esperar por Lan Wangji. 
 
    — É sério, se você mudar de ideia esse é o número dele. – ela entrega um pedaço de papel com o número do alfa anotado. Zhan por educação o guardou no bolso, depois pegou o arranjo de flores se despedindo da amiga.
 
     Ele caminhava tranquilo pelo bairro, gostava de como o lugar era movimentado e até poderia reconhecer certos lugares de décadas anteriores. Ele passou em frente a delegacia para seguir para seu pequeno restaurante.
 
     Wei Ying estava entrando pela frente do restaurante  quando Haoxuan abriu a porta para sair.
 
      — Xiao Zhan! – o alfa cumprimentou.
 
    Wei Ying  ainda se lembrava com exatidão quando havia reencontrado a versão atual de Song Lan e Xue Yang, ele chorou de felicidade ao rever aos amigos.
 
       
                  ◇ Flashback on ◇
 
 Wei Ying, ou melhor, Xiao Zhan tinha acabado de abrir o restaurante e colocava uma placa com o cardápio na porta quando alguém se aproximou.
 
      — Um restaurante de frutos do mar? – O comentou com outro. — Finalmente teremos comida decente perto da delegacia.
 
   Wei Ying  reconheceu de imediato a voz de Xue Yang, seu corpo paralisou. Ele estava de costas para os dois alfas e com os olhos marejados ele virou-se para vê-los. Ele não conseguiu controlar suas lágrimas, estava feliz por reencontra-los.
 
     – Hey, você está bem? — Li Bowen perguntou vendo aquele rapaz emocionado. Pobre Wei Ying não conseguiu se quer responder, estava feliz demais para conseguir falar. Preocupados os dois alfas o ajudaram a se sentar em uma das cadeiras do lado de fora do restaurante.
 
      — Me-me desculpem. Eu... vocês me lembraram de dois velhos amigos. Amigos esses que me ajudaram muito. – disse de maneira tímida limpando o rosto.
 
    — Bom, se eram realmente bons amigos, fico feliz de ser parecido com eles. Eu sou detetive Wang Haoxuan, esse aqui é meu par... amigo o Detetive Li Bowen.
 
    — Eu-eu posso abraçar vocês?
 
Os dois alfas não entenderam muito bem, mas de alguma maneira aquela pessoa passava uma sensação amigável e confortável neles.
 
     — Claro. – Haoxuan foi o primeiro.
 
   Wei Ying  abraçou um e depois o outro, até o cheiro deles era igual o da primeira vida. Bowen ( Song Lan) sentiu uma emoção  passar por seu peito como se aquilo já tivesse acontecido antes.
 
     — Obrigado. — Wei Ying  disse não pelo abraço. Mas por todos os anos de amizade e por tudo que eles fizeram por seus filhos.
 
    — Porque diabos eu estou chorando? – Haoxuan diz limpando a lágrima que escorria por seu rosto sem entender a razão daquela emoção. 
 
    Sizhui que estava dentro do restaurante viu a comoção do lado de fora e foi ver do que se tratava. Apesar de ser muito tranquilo, quando se tratava de seu pai ele era muito protetor. Assim que os detetives puseram seus olhos sobre ele, aquela sensação de familiaridade inundou seus corações.
 
     Lan Sizhui, ou melhor, Xiao Sizhui era a cópia fiel e exata de Lan Wangji. 
 
  Li Bowen  se aproximou do garoto o olhando fixamente.
 
    — A gente se conhece?
 
    — Você também teve essa sensação?  – Haoxuan questiona.
 
     — Está tudo bem, papai?
 
     — Estou filho, foi só como se eu estivesse revendo velhos amigos. – Sizhui entendeu na mesma hora o que aquilo significava. Ele sorriu gentilmente apertando as mãos dos alfas.
 
    — Ficaríamos muito felizes se vocês quisessem provar da nossa comida, o restaurante só vai ser aberto nesse final de semana, mas estamos testando o cardápio. – o garoto disse recebendo um sorriso do pai.
 
     — Comida de graça? É óbvio que queremos.
 
     Eles entraram no restaurante e depois disso vinham todos os dias seja na hora do almoço ou do jantar.
    Depois quando estavam sozinhos, Wei Ying  contou ao filho exatamente ao filho quem eles eram.
 
     — Aqueles dois eram os guardas e melhores amigos de seu pai. Cuidaram de mim e de vocês por meses antes de partirmos. Aquele de camisa azul ( Bowen/Song Lan) foi quem me ajudou a dar a luz a luz vocês, os dois estavam comigo quando vocês nasceram. Embora nesta vida eles não lembrem de nada, a alma ainda é a mesma.
 
    — Eu lembrei do cheiro do Tio Xue Yang, tive dúvidas por um momento, mas o cheiro é o mesmo.
 
   — Eles foram meus melhores amigos também. Eu nunca vou me esquecer do que fizeram por nós.
                 ◇ Flashback off ◇
 
   Ele estavam parados na porta distraído com os amigos.
       — Xiao Zhan!
 
       — Hao, Bowen. Vejo que vocês vieram almoçar mais tarde hoje. Já comeram?
 
       — Maravilhosamente bem, como sempre. Mas hoje não viemos sozinho, trouxemos um visitante.
 
       — Que bom, é sempre bom ter clientes novos. 
 
  Antes que mais alguma coisa fosse dita, Haoxuan saiu da frente de Wei Ying e o visitante que estava de costas falando ao telefone  se virou. Ele não estava preparado, aguardou ansioso por mais de dois séculos por aquele momento, no entanto foi como se todo ar do mundo fosse sugado.
 
      Seus olhos se prenderam ao dele, seu coração batia tão rápido que ele literalmente  se esqueceu como respirava. Seus braços ficaram moles e o arranjo de flores em suas mãos foram ao chão, uma emoção forte lhe atingiu.
 
    O amor de sua vida estava ali, parado diante de si. Automaticamente sua mão foi ao peito tocando escondido o colar do principado adornava  seu peito.
 
      — Wang...ji.  – a emoção foi tanta que ele não resistiu e acabou desmaiando. Haoxuan o pegou antes que ele batesse com a cabeça no chão e surpreendentemente Yibo fez o mesmo nos braços de Bowen.
 
   O restaurante estava quase vazio e assim Ji Li rapidamente veio socorrer o amigo e chefe.
 
     — O que diabos aconteceu aqui? – Ele perguntou ajudando Haoxuan a colocar Wei Ying  no sofá ao lado.   
 
      — Uma ajuda aqui seria bem vinda. – Bowen diz ainda segurando Yibo.
 
      — O que aconteceu? Yibo, responde caralho!  —  Haikuan gritava do outro lado da linha com o celular caído no  chão. O detetive Bowen pega o aparelho avisando que Yibo havia desmaiado. — Estou indo até aí agora.
 
      Ninguém estava entendendo nada, Haoxuan ajudou Bowen  a colocar  Yibo no sofá ao lado de Wei Ying. Apesar dos esforços nenhum dos dois acordaram, menos de dez minutos depois Haikuan entrou no restaurante levando Yibo ao hospital mais próximo.  Ji Li  e Haoxuan levaram Wei Ying  para  o apartamento dele que ficava na parte de cima do restaurante, mesmo os detetives insistindo para ele ser levado ao hospital. Porém, o jovem garçom disse que tudo ficaria bem. Mesmo que eles não saibam sobre Wangji, Ji Li sabia que ele não poderia ir ao hospital assim.
    
 

Bu Wang ( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora