Um ruído fez Klaus acordar assustado.Ao abrir os olhos e se deparar com a penumbra do quarto,lembrou-se de Hayley.Curvou-se sobre ela e viu que continuava respirando.
- Acalme-se,Lord Niklaus.Vamos ficar com Lady Hayley,enquanto o senhor desce para comer alguma coisa.
Ainda meio sonolento,Klaus virou-se e viu Carmen parada ali,e logo atrás Rebekah abrindo a veneziana para iluminar o quarto.Quando elas teriam entrado ali?
E que horas seriam?Ele não se lembrava de quando a noite começa,ou acaba.Agora,raramente deixava o quarto.Perderá,novamente,a vontade de pintar,não conseguia mais.As horas transformavam-se em dias e estas,em semanas,enquanto a esposa piorava.A luminosidade invadia o quarto.Como o sol podia brilhar?Uma blasfêmia, pensou e amaldiçoou um mundo que seguia em frente enquanto o dele desmoronava.
Rebekah aproximou-se e parou ao lado da cadeira onde ele se afundava e o abraçou,tentando confortá-lo dizendo:
- Não se preocupe,Nik.Nunca conhece uma mulher tão forte quanto a Hayley.Logo ela ficará bem.
- Vá se alimentar,meu senhor. - Pediu Carmen. - Mandei Gia chamar alguém para arrumar o quarto.
- Eu vou ficar aqui,no quarto,o tempo todo com ela.Não vou sair até você voltar,eu prometo. - Garantiu Rebakah.
Klaus não queria comer nada,mas mesmo assim,desceu ao salão,sabendo que Rebekah não desistiria.Lá,não suportando os olhares melancólicos dos criados,saiu para o pátio.
Maldição! A frustração o dominava.Tinha sido soldado a vida inteira,cavaleiro e combatente.Lutar era tudo que sabia fazer,mas desta vez o inimigo era invisível.Só lhe restava enterrar a espada no chão enquanto clamava ao céu.
- Klaus?
O olhar apreensivo de Marcel e dos soldados fez Klaus se controlar. Sem responder,puxou a arma da terra e a embainhou outra vez.Passou a mão pelos cabelos e pela barba por fazer.Mais do que alimento,ele precisava de um banho,mas não o habitual de água quente no quarto.Gritando uma ordem para um rapazinho,irmão mais novo de Aiden,ir lhe buscar roupa limpa,Klaus dirigiu-se ao riacho que corria atrás da muralha do castelo.
A água estava gelada, mas tirou-o da letargia, estimulando a circulação.Embora o ar lhe provocasse mais frio,era um bem recebido contraste com o calor que lhe consumia o estômago e o peito.
Quando voltou ao salão,reencontrou Elijah que lhe deu um forte abraço,fazendo-o se sentir mais preparado para enfrentar os criados.Não viu reprovação em seus olhares,mas preocupação.Klaus forçou-se a receber os votos de restabelecimento da esposa e,quando uma mulher idosa lhe entregou um buquê de flores para levar a Hayley,ele até conseguiu agradecer.
Não tinha se dado conta de quanto gostavam dela.Embora tenha pouco tempo em Orleans,Hayley os tinha influenciado com a vida vibrante que,agora,se esvazia.
Elijah levou Klaus para a cozinha,querendo que ele se alimentasse.
Declan estava lavando alguns pratos.Um criado,um rapaz magro e loiro,parou de limpar o chão e encostou-se na parede.A atitude displicente e o olhar cético dirigido a Declan fizeram os irmãos ficarem confusos.
- Pelos boatos,estamos perdendo tempo,Declan.Essa aí não ficará com a gente muito tempo mais.Então,Lord Niklaus se casará outra vez e a nova esposa poderá até ser sua prima Camille,e terá os filhos que tanto desejamos.Uma pena que a Lady Hayley não possa,pelo menos,morrer em um parto em vez...
Klaus nem percebeu o próprio movimento.Numa fração de segundo,ele alcançava o rapaz e,segurando-o pelo decote da túnica,começou a bater-lhe com a cabeça na parede.
- Não se atreva a falar mais da minha esposa!
Só quando Elijah segurou-lhe o braço,Klaus parou.Por pouco não matava o rapaz.
- Quem é este? - Indagou Klaus para Declan.
- É um cidadão da aldeia,meu senhor.Ele foi chamado para nos ajudar. - Explicou Declan.
- Não precisamos desse tipo de ajuda. - Esbravejou Klaus para, em seguida,dirigir-se ao rapaz a quem ainda segurava - Suma daqui!Você está expulso de Orleans,do castelo e de qualquer grão de terra que pertença a mim ou a minha família.Entendeu?
Mal podendo falar,o rapaz aquiesceu e Klaus o atirou em direção à porta,onde o rapaz desapareceu correndo.
Fez-se silêncio e Klaus sem dizer mais nada foi rumo ao salão e,logo subiu as escadas.
A porta do quarto estava aberta.Rebekah estava em pé,ao lado da cama e Carmen lavava o rosto rosto de Hayley com um pano molhado como ele fizera tantas vezes nos últimos dias.
Com sua entrada,fez-se silêncio e ele olhou para a cama.Hayley continuava a respirar com dificuldade.Ele não devia ter provocado tal comoção no quarto.Tão doente,a mulher precisava de silêncio e tranquilidade.Mas quando ele havia lhe proporcionado isto?Algo voltou a doer no peito dele.Virou-se para Rebekah e Carmen dizendo:
- Nos deixe sozinhos.
- Eu volto depois para ver como ela está. - Afirmou Rebekah e ele apenas concordou com a cabeça.
Após a saída da irmã e da criada,Klaus olhou para Hayley,mas a noiva do antigo inimigo não notou sua presença.Nos últimos dias,ela ou dormia profundamente,ou delirava.Estava tão diferente da mulher corajosa com quem ele se casara.Todavia,não se alegrava ao vê-la enfraquecer.
Na verdade,apesar dos planos para atormentá-la,ele nunca sentirá prazer com seu sofrimento.A vingança passará a significar menos,enquanto a mulher passava a significar mais.Seu prazer derivava de outras coisas: De seu comportamento imprevisível,de seu olhar faiscante quando brigavam,ou erótico e apaixonado ao fazerem amor.
Finalmente,Klaus admitia não querer mais se vingar.Desejava,apenas,seu ressurgimento.Em pé ao lado da cama jurou esquecer a vingança se ela se recuperasse.
Klaus jamais jurava em vão.Não temia mais o vazio que o atormentava antes de ter a possibilidade de se vingar.Hayley o tinha preenchido com muitos sentimentos desconhecidos até então.O maior deles era a aflição do momento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Esposa Selvagem - Klayley
RomanceApós lutar nas cruzadas e ser abandonado para morrer por seu vizinho Jackson Kenner,Niklaus Mikaelson,ou Klaus,tinha apenas um propósito na vida...vingança.Mas seu desejo jamais seria realizado,Kenner foi morto e não tinha sido por suas próprias mão...