Capítulo 35

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Rebekah pensou se talvez fosse melhor ignorar a escuridão que a cercava o castelo e no dever que lhe pesava sobre os ombros como um fardo.Embora procurasse manter a atenção fixa na carta que pretendia escrever,as palavras insistiam em lhe faltar.Só conseguia pensar em como estava preocupada com seu irmão,Niklaus,cuidado de Hayley,sozinho,nos aposentos enormes.

De repente,pensou em Elijah.O que seu irmão nobre andará fazendo estes dias inteiros?Será que sentia falta de Falls?Claro que Elijah devia ter se dedicado esses últimos anos ajudando Klaus.O que o levará a uma vida tão solitária,sem ter a chance de casar como os outros irmãos.Eram muitas perguntas sem respostas.Enquanto Klaus cuidava de Hayley,Elijah está sendo capaz de solucio­nar os problemas do dia-a-dia de Orleans ainda que envolvessem quantos sérios ligados à administração do castelo,abor­dando-os de maneira lógica,tentando garantir que ninguém mais morresse por essa terrível doença.Entretanto o comportamento bizarro do seu irmão nobre parecia desafiar a razão.

Foi a passagem de Gia pelo corredor que a trouxe de volta à realidade,fazendo-a perceber que o papel de carta continuava em branco.Suspirando, forçou-se a es­crever rapidamente e ao terminar reparou que Marcel passava correndo na direção do celeiro.Se os dois irmãos estavam se ausentado,garantindo que tudo desse certo.Então estaria a pronta para enviar uma carta pedindo ajuda de sua irmã Freya.De repente,Rebekab experimentou um impulso incontro­lável de dar uma olhada em Klaus e Elijah.

Sem parar para pensar,subiu as escadas que conduziam aos aposentos dos irmãos.

Bateu na porta dos aposentos de Klaus e Hayley,mas não houve resposta,o que significava que ambos estavam dormindo e não seria bom incomodá-los.

E entrar sem permissão era exatamente o que ela pre­tendia fazer.

Ao chegar junto aos aposentos de Elijah,abriu a porta e entrou.

Como de costume,Elijah estava em sua poltrona,perto da lareira,lendo um livro.Mas ao ouvi-la entrar,a atenção de seus olhos se foram para ela.

- Rebekah?Algum problema,irmã?

Embora tentasse julgar o humor de Elijah baseando-se no tom da voz,nada conseguiu.Será que ele estava irritado pela invasão inesperada?

- Será que posso incomodá-lo durante alguns segun­dos,Elijah? - Rebekah perguntou. - Resolve escrever uma carta pedindo ajuda para nossa irmã Freya,que já deve estar pensando em voltar para Falls e gostaria de ler para ter sua aprovação,já que o Nik não está em condições de aconselhar.

- Leia para mim,então.

Sentada junto com o irmão,Rebekah leu a carta,onde explicava para Freya detalhadamente sobre a doença tinha atingido Orleans,matando alguns cidadão e pondo em risco a vida de sua nova cunhada,deixando Niklaus muito preocupado com a esposa,ao ponto de não querer fazer mais nada no castelo.

- A carta está muito bem escrita,Rebekah. - O comentário lhe trouxe um alívio. - Acho que devemos man­dá-la sem demora para que nossa irmã Freya venha o mais rápido possível.Você está com medo,Rebekah?

A pergunta pegou-a de surpresa por causa da mudança repentina de assunto.

- Sim,tenho medo do pior acontecer com a Hayley. - E era a pura verdade.Sentia falta da pre­sença de alguém e para se consolar como fizera com Niklaus. - Não quero que o Nik volte a ser mais como antes.Nem posso imaginar ver nosso irmão daquele jeito,sem vida e cheio de ódio.

- Então venha cá. - Elijah abraçou Rebekah. - Eu te prometo,irmã,que Niklaus não voltará a ser como antes e que tudo ficará bem.Hayley logo vai melhorar e estaremos todos em paz. - Garantiu.

****

Klaus não esperava que o céu se abrisse,mas algo deveria acontecer.Todavia,o juramento não mudará nada.Hayley continuava febril e tão doente quanto antes.Reconhecendo a própria arrogância,riu alto e a mulher virou a cabeça em direção ao barulho.Tomando-lhe a mão,ele desculpou-se por perturbar seu repouso e por todas as crueldades que lhe tinha feito.Depois,recostou a cabeça no travesseiro.

Cansado como estava,quase cochilou,mas quando Hayley se mexeu,ele voltou a ficar alerta.A esperança surgiu e morreu logo ao vê-la se debatendo e delirando.Muitas vezes,ela chamava o nome de pessoas desconhecidas,provavelmente das companheiras da fazenda,e até chegara a balbuciar o de Carmen,Gia e Rebekah,mas jamais o dele até esse momento.

- Klaus.

Atônito e ainda segurando sua mão,respondeu:

- Estou aqui,lobinha.

Ela murmurou algo incompreensível e abriu os olhos.Klaus aproximou-se mais a fim de entendê-la.

- Você não pode contar...

- Contar o que?A quem? - Ele perguntou,embora soubesse que a mulher delirava.

- Não deve contar a Klaus. - Hayley disse,ficando mais agitada.

Petrificado,ele não sabia o que pensar.Iria descobrir alguma perfídia inesperada?Sobre a mulher e outro homem?

Hayley começou a virar a cabeça de um lado para o outro.Apesar das desconfianças,Klaus preocupava-se com sua angústia.

- Ele me despreza e odeia. - Ela balbuciou.

- Quem?

- Klaus.

- Não,não,pequena loba.Não é verdade.

- Você sempre diz isso,Carmen,mas nunca viu como ele me fita com os olhos brilhando de ódio.

- Não sou Carmen e sim Klaus,seu marido.Eu juro,lobinha,eu não a odeio.

- Carmen,você precisa me prometer não contar nada a ele.

- Sou Klaus,lobinha,seu marido.

- Prometa!

Sua expressão aflita,fez Klaus murmurar:

- Prometo.

Ela relaxou e fechou os olhos.Desesperado para mantê-la acordada e falando,mesmo algo sem sentido,Klaus apertou-lhe a mão e perguntou:

- Qual é o segredo que precisamos guardar? - Por um longo tempo,Hayley não respondeu.Então,ele ouviu-lhe a voz fraca.

- Você não pode contar ao Klaus que eu estou apaixonada por ele. - Sussurrou ela,entreabriu as pálpebras e revelando os olhos cheios de lágrimas.

Klaus ficou petrificado com a confissão.Não tentou impedi-la mais de dormir.Curvado sobre ela,continuou segurando sua mão,que,de repente,mostrou-se molhada de lágrimas.E estas não eram da esposa.

Klaus perdeu a noção do tempo.Uma vez,ouviu Rebekah bater na porta,mas não a atendeu.Sentia-se consumido pelo desespero cada vez que olhava para a silhueta imóvel da mulher.

Hayley estava morrendo.Precisava encarar o fato.Pensou no momento em que tivera notícia de sua existência.Ouvindo seu nome,havia sido arrancado do vazio infernal e,nas semanas seguintes,ela o tinha inundado com sua vitalidade e paixão ilimitada.Imaginou a vida sem ela.Teve vontade de derrubar o castelo com as próprias mãos.

A Esposa Selvagem - Klayley Onde histórias criam vida. Descubra agora