Capítulo 1

368 4 0
                                    

(OITO ANOS ATRÁS).

(C).Sempre fui um cara visionário e batalhador
Nascido em Penedo, adotado, pobre, vi no Rio de Janeiro a oportunidade perfeita de crescer na vida.
Comecei a trabalhar desde meus 14 anos, fazia uns bicos com tudo que aparecesse,já fui ajudante de pedreiro, balconista, vendedor e tantas coisas que nem sei dizer.
Juntei uns bons trocados e me aventurei largando tudo e vindo tentar a vida na cidade grande.
Desembarquei na rodoviária Novo Rio no dia 18 de outubro de 2013, 22 anos mochila nas costas, umas meia dúzias de roupas, um par de  havaianas e um par de sapato velho.
Nas mãos somente um endereço de um pensionato... Pensão dona Vilma, no Bairro Santa Teresa Lapa.
No peito os sonhos de um menino do interior com um único objetivo na mente ter muito dinheiro.
(L). Me chamo Lucas sempre morei no interior, eu amava a minha família grande e animada mas não gostava do jeito que eles viviam.
Eles não tinham pretensão de sair de Penedo Alagoas ao contrário de mim, que sempre sonhei em ser grande e conhecido trabalhei desde cedo para alcançar meus objetivos e me apaixonei pela área financeira.
Fiz vários cursinhos até conseguir passar no vestibular para uma vaga na faculdade UFRJ para gestão em finanças.
Cheguei no Rio de Janeiro aos 20 anos com uma vaga na universidade e na bagagem sonhos a serem realizados, pouco dinheiro e nas mãos um endereço de um pensionato.
Pensão Dona Vilma em um bairro de Santa Tereza na Lapa, ali era muito acessível para todos os bairros cariocas e era isso que eu precisava já que eu ia trabalhar e estudar ao mesmo tempo.

(L).Desembarco na rodoviária Novo Rio e pego um táxi que me levaria até a pensão.
Que vista linda! É o que penso olhando pela janela do carro e vendo um dos pontos turísticos do Rio de Janeiro bem lá no alto o Cristo Redentor a nos abençoar e depois fiquei mais encantado com os Arcos da Lapa.
O carro para e eu desço sem olhar direto e acabo trombando com um rapaz.
(C).Oxente... Olhe pra onde anda macho, tá cego.
(L). Desculpe... Eu sou meio estabanado.
(C).Percebi. Falo me levantando do chão e pegando minhas coisas que se espalharam.
(L).Deixa que eu te ajudo. Lucas muito prazer.
(C).Luiz Carlos, mas todos me chamam de Carlinhos.
Eu preciso ir, estou com um pouco de pressa foi um prazer.
(L). Igualmente.
(C). Cara doido pô. Não olha por onde anda. Fico reclamando sozinho e percebo que ele vem acompanhando meus passos.
(L). Ajudo o pobre rapaz e acabamos caminhamos lado a lado até chegamos em frente a uma casa amarela de grades cinzas sorrio para ele e digo:
- Bom... Eu fico aqui.
(C). Mesmo. Olha que coincidência, eu também.
(C). Bato palmas e logo aparece uma senhora de mais ou menos dois 60 anos.
- Bom dia senhora, estou procurando Dona Vilma.
(L). Eu também.
(D.Vilma). Sou eu mesma, em que a posso ajudar.
(L). Eu vim por causa desse anúncio no jornal, que estava anunciando quartos para alugar.
(C). Eu também vim pelo mesmo motivo.
(D.Vilma). E vocês dois são o que? Amigos, casal...
(C). Oxi... Claro que não. Nem uma coisa nem outra, eu conheci ele aqui na frente da sua casa ele me derrubou.
(L). Eu já pedi desculpas, afrontoso.
(D.Vilma). Tudo bem. Não briguem meninos. Venham vamos entrar, temos um probleminha para resolver.

(C). Nos dirigimos até a recepção, a pensão era simples mas aconchegante.
(D.Vilma).Vocês são daqui?
(C/ L).Não.
(C). Eu sou de Penedo Alagoas.
(L). Eu também. Olha só mais uma concidência.
(D.Vilma). Aqui na minha pensão, acolhemos rapazes solteiros, que trabalham ou estudam. Mas infelizmente estamos lotados e só temos uma vaga, apenas um quarto disponível.
(L). Sério. E agora... O que vamos fazer?
(C). Vamos tirar no par ou ímpar, eu quero ímpar.
(L).Tem certeza.
(C). Claro anda macho e te prepara eu nunca perco um par ou ímpar.
(L).Tudo bem. Par
Do...Lá... Ci... Já...
4 oba!!! 4 é par.
O quarto é meu.
(C). Droga...
(L). Nunca perde né. Rsss
(C). Óia como tá malzinho. Já começou com sorte né Carlinhos.
Eu sou um bom perdedor. Eu preciso ir, boa sorte aí macho.
Eu preciso ir procurar outro lugar, faça bom proveito.
Pego minha mochila e saio puto da vida pensando aonde eu iria encontrar outra pensão barata, Santa Teresa era cheia de pensionato e eu teria que gastar minha sola de sapato e eu que pensava que ia ser fácil.
(L).Fico olhando aquele macho sair cabisbaixo e tenho uma idéia, falo com a dona da pensão que concorda,então corro atrás de Carlinhos que já virava a esquina.
-. Ei macho, espere... Espere macho...
(C). O que foi? Esqueci alguma coisa.
(L).Não. Eu tive uma idéia, que tal se dividimos o quarto.
(C).Dividir? Como assim.
(L).É. Dona Vilma disse que arruma outra cama e a gente divide as despesas.
Metade pra mim, metade pra você... Pelo menos por enquanto.
(C). Você faria isso por mim?
(L).Claro que sim. Ainda mais sabendo que é um conterrâneo nordestino.
Passo meu braço pelos seus ombros e digo:
-. Vamos... Eu vim em busca de sonhos e pelo visto você também. Então eu te ajudo e você me ajuda, o que acha?
(C). Perfeito. Então vamos, porque estou varado de fome e eu ainda quero sair pra procurar emprego, porque eu só tenho dinheiro para dois meses de aluguel e preciso de um emprego urgente.
(L).É eu também. Vamos então amigo ou como dizem os cariocas meu brother.

(L). As semanas passaram e Carlinhos e eu fomos de entrevista em entrevista mas em todas fomos recusados por não termos experiência. Fizemos amizade com Diogo e Rafael.
Diogo era estudante de arquitetura na UFRJ assim como eu e Rafael sonhava em ser músico e tentava uma vaga na escola de música Villa-Lobos e trabalha de DJ nas noites cariocas.
Somos o quarteto fantástico, ou como diz Carlinhos somos o quarteto gaystástico rsss. Já que todos somos gays. Apesar de que Diogo sempre nos foi uma incógnita, como Carlinhos diz: Ser ou não ser és a questão.
Diogo ou Dione sorvetão Rsss.
Eu fazia uns bicos, levando os cachorros das madames para passear na praia da zona Sul Copacabana, pense em um bairro lindo, aquele calçadão que vemos somente pela televisão, ali na minha frente.
Cada dia que passava e eu estava no Rio de Janeiro mesmo com dificuldade eu me sentia realizado.
Passando em frente de um restaurante vi uma placa de " precisa-se de garçom com ou sem experiência".
Resolvi me arriscar, devolvi os cachorros e fui tentar a sorte. Consegui o emprego, "temporário" mas já era alguma coisa.
Liguei para Carlinhos para saber se ele tinha tido a mesma sorte que eu.
(C). Estou cansado de andar de uma ponta a outra do Rio de Janeiro e não consegui nada, eu só preciso de um emprego, qualquer um senão já já não terei como pagar minhas coisinhas, a vida no RJ é muito badalada e eu amo a boemia, a Lapa a noite se acende e eu me acabo na gafieira.
Amo as noites cariocas.
(L).Carlinhos...
(C).E aí?
(L). Eu consegui um emprego.
(C).Que irado cara.
(L).Que linguajar é esse Carlinhos?
(C).Oxi. Estou me familiarizando, porque daqui alguns anos eu serei o próprio carioca, falando mermão e assoviando rsss.
Arraste para o lado a foto do nosso:
Quarteto fantástico (Gaystático)

(L)Você não tem jeito. Presta atenção, você já conseguiu algum emprego.
(C).Nada cara, tá brabo pro meu lado.
(L)Bom, então corre aqui pra Copa. Que o restaurante aonde eu consegui o emprego ainda estão precisando de gente pra trabalhar.
(C)Garçom,Lucas...
(L)Carlinhos é o que temos pra hoje. Não reclama.
E tem mais, são dois ambientes restaurante e  boate.
(C)Então quero boate.
(L)Você quer o que te derem. Vem logo pra cá que eu te espero.
(C)Cheguei no endereço que Lucas me mandou e assim como ele passei na entrevista para a vaga de garçom no restaurante, mas meu objetivo era conseguir chegar a barman na boate, mas por hora isso dava pro gasto.
E aí Lucas, vamos comemorar que tal um rolezinho a noite?
(L)Carlinhos cara, não se empolga... Você nem começou a ganhar dinheiro né já quer gastar.
(C)Lucas entenda: A vida é muito simples de ser vivida.A gente precisa curtir.
(L)Então vai você pra sua curtição,porque eu prefiro as responsabilidades.
(C)Tu é chato demais, beiço de salame.
(L)E você um pela saco(chato) do caralho.Vai pra sua gafieira e me deixa em paz.
(C)Vou mesmo e se você não fosse tão mané eu podia te apresentar uns Boys muito dos gostosos.
(L)E quem disse que eu quero macho.Oxe isso é pra você. Mete o pé(sai fora) e me deixa em paz.
(C) Já é(demorou)
(L)Um ano se passou e nossas vidas se tornou uma correria, eu trabalhava durante o dia a estudava noite.
Conseguimos uma casinha com aluguel barato e aqui estávamos nós quatro, o quarteto fantástico firme e forte.
Carlinhos trabalhava de dia e vadiava a noite, todo seu dinheiro era para farra e noitadas sem fim.
Ele amava night ( noite) como ele mesmo dizia. Trabalhava no restaurante para gastar tudo em boates da zona sul e na gafieira na lapa.
Carlinhos dizia que era eclético  gostava de todos os estilos, seu dinheiro só dava para pagar a sua parte no aluguel e  para suas noitadas sem esquecer do jogo ele sempre fazia uma fézinha(jogadinha) .
(C)Lucas era um cara sangue bom(confiável) porém careta, tínhamos ideais totalmente diferente mas eu admirava a sua força de vontade e vontade de crescer na vida.Todo esse ano de convivência no fez nos tornarmos amigos, brother ou seja melhores amigos.

AMOR DESAPEGADOOnde histórias criam vida. Descubra agora