Capítulo 1 - Tormenta

949 25 9
                                    


O cenário era desolador, muitas pessoas choravam, feridas, os socorristas davam seu máximo para atendê-las, mas eram tantas, que tinham de escolher aqueles que seriam primeiro atendidos, optando por aqueles que pareciam ter mais riscos. Em meio a todo aquele caos, o alfa moreno chegou, sua respiração havia se tornado falha por ter corrido vários quilômetros, sem se deter, até estar ali, onde seu lobo o ordenava estar.


- Mikoto... – pálido, sussurrou o nome da amada, girando suas obsidianas orbes a todos os cantos, em busca de sua outra metade. Ao longe, quase não conseguiu identificar o carro, agora completamente destruído – MIKOTO! – correu o mais rápido que suas cansadas pernas o permitiram, mas acabou sendo jogado para trás quando o carro, que vazava gasolina, explodiu, uma dor cegadora o fazendo contorcer ao chão, seus olhos pesando, alcançando a inconsciência ao constatar o óbvio, seu laço estava rompido, sua ômega havia partido.





O ômega abriu os olhos ao ouvir o incômodo som do despertador o alertar para mais um dia. Suspirou cansado, obrigando-se a levantar, por mais que desejasse, sabia que não tinha o direito de passar o dia na cama, seria mais um dia de luta por sobrevivência, como todos os de sua curta existência.

Sem ânimos, levantou da dura cama, caminhando a passos preguiçosos até seu banheiro, suspirando ao sentir a água quentinha molhar seu corpo, esse era o lado bom de morar nos dormitórios da universidade, não precisava se preocupar com água ou luz, só tinha de arrumar dinheiro para comida e obviamente, a cara mensalidade, por isso mesmo, hoje retornaria ao escritório do diretor e insistiria para falar pessoalmente com este, precisava da bolsa que havia perdido por culpa daquela pessoa a qual preferia não nomear.

Sem vontades de sair debaixo do chuveiro, terminou relutante seu banho, se vestindo e retornando nu ao quarto, depois de tudo, morava sozinho, não precisava se preocupar com alguém vendo seu odioso corpo.

Vestiu o uniforme que com suas economias havia comprado, este que não passava de uma calça social negra e camisa branca de manga longa, e colocando os sapatos, também negros, pegou a bolsa, partindo rumo a seu destino, a universidade.


(...)


O dia, como todos em sua vida, não havia começado bem, havia perdido o ônibus que o levaria a seu destino e por isso teve que correr até o metrô, e para piorar tudo, havia começado a chover novamente, e como se sua desgraça não fosse o bastante, um idiota havia passado de carro a seu lado, lhe jogando água.


- IDIOTA! – gritou furioso, vendo como o Porsch laranja já se encontrava longe. Bufou irritado, voltando a correr, ou perderia também o metrô.


(...)


- Lamento, Morino-san, mas o diretor não poderá vê-lo, ele está em uma reunião. – a secretária do diretor parecia desconsertada.

- Mas eu tinha horário marcado.

- Lamento, mas ele está fora da universidade e retornará apenas em duas horas. Por favor, retorne a suas aulas e quando ele chegar, lhe aviso. – sem mais alternativa, o ômega suspirou, para então girar e sair daquela sala, não adiantaria ficar ali esperando, retornaria mais tarde.


(...)


As aulas haviam passado rápido, o ômega anotava tudo o que os professores falavam, se queria ganhar novamente a bolsa, suas notas tinham que ser as melhores. Ao terminar as aulas, já passado das cinco da tarde, arrumou suas coisas e retornou ao escritório do diretor, onde a secretária se arrumava para ir embora.


- Morino-san?

- Pensei que me chamaria quando ele chegasse. – a mulher se remexeu constrangida.

- Sinto muito, mas ele não retornou. Talvez amanhã... – a cortou.

- Preciso falar com ele hoje. – a expressão da mulher endureceu.

- Já disse que ele não retornará hoje. Volte amanhã. – e praticamente o empurrando, a mulher o expulsou da sala, para então pegar suas coisas e ir embora, sem se preocupar com o desespero do pequeno ômega.


(...)


Sem saber o que fazer, o ômega suspirou, se encostando à parede e escorregando nela, até ficar sentado ao chão, a chuva havia piorado, iniciando uma tormenta, da qual não tinha vontade de enfrentar para retornar à casa. Fechou os olhos, sentindo-se cansado, e antes que percebesse, caiu no sono.


(...)


- É claro que não escondi seus pornôs, alfa tarado. – o ômega bufou ao ouvir seu marido lhe acusando mais uma vez – Não tenho culpa se você não se acha em sua própria bagunça, alfa. – foi sarcástico, e seu marido o sabia, o ômega só o chamava de alfa em duas ocasiões, na cama, quando tinham relações, ou quando queria ser sarcástico e lhe acusar de algo – Se não quer que fale assim, então não me acuse de algo que eu... – parou de falar ao chegar à porta de sua sala e tropeçar com algo, seu corpo tencionou ao ver um pequeno corpo ao chão, os joelhos do pequeno dobrados, sendo abraçados por seus braços, que escondiam seu rosto adormecido – Falo com você mais tarde... surgiu algo. – e antes que seu marido pudesse dizer qualquer coisa, encerrou a chamada e preocupado, se agachou à altura do pequeno, o sacudindo, temendo que este pudesse estar morto – Filhote? – o pequeno corpo se remexeu incômodo, e dois bonitos olhos negros o encararam confusos, o maior sorriu ao ver que o pequeno não estava morto – O que faz aqui a essa hora, filhote? – como diretor, sempre chegava ao menos duas horas antes de todos os estudantes e professores, por isso se impressionou ao ver o pequeno menino ali, adormecido, parecia ter passado a noite toda ali.

- Eu... só... Que horas são? – o menor levantou em um pulo, ao perceber que o sol já havia aparecido, não acreditava que havia passado a noite ali.

- São seis horas da manhã. O que faz aqui há essa hora?

- Eu... queria falar com o diretor, mas... ele não estava... começou a chuva e... – o maior sorriu ao entender que o pequeno havia pegado no sono ao aguardar a chuva acalmar.

- Sinto muito, tive um compromisso ontem. – o menor o encarou confuso, e ele sorriu largo – Sou Orochimaru... o diretor. 

Você é meu ômega!Onde histórias criam vida. Descubra agora